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Economia

Carne Fraca gera piadinhas, mas churrascarias não acreditam em crise

Elci Holsback | 20/03/2017 12:07
Movimento nas churrascarias não caiu, garantem empresários (Foto: Alcides Neto)
Movimento nas churrascarias não caiu, garantem empresários (Foto: Alcides Neto)

Fazer piadinha com o garçom da churrascaria até que não é novidade. Ocorre que, desde sexta-feira (17) para cá, a Operação Carne Fraca trouxe um motivo a mais para as brincadeiras, afinal a qualidade do principal produto destes estabelecimentos foi colocada em dúvida.

Pelo menos por enquanto, não passou disso. Em alguns estabelecimentos visitados na manhã desta segunda-feira (20) pelo Campo Grande News, nada mudou na rotina e a operação policial não trouxe pessimismo.

Comerciantes do setor apostam que, se houver, os impactos negativos não chegarão até eles. Via das dúvidas, há quem esteja evitando comprar de determinadas marcas, por exemplo.

Frigorífico do interior de Mato Grosso do Sul, carne importada do Paraguai e até as compradas em supermercados são a preferência das churrascarias da Capital, de acordo com os empresários ouvidos. Seja in natura ou embaladas à vácuo, a afirmação predominante entre os proprietários é "não compro carne da Friboi", destacando que a qualidade dos produtos comercializados não está em xeque.

Para os empresários, o escândalo da Carne Fraca não vai abalar o movimento e o consumo de churrasco, mas a médio prazo, pode gerar impacto econômico negativo, devido as suspensões das exportações anunciadas pela União Europeia, China e Coreia. 

Com consumo médio de 2,5 mil kg ao mês, a churrascaria Gaúcho Gastão opta pela compra de carnes de um frigorífico de Rochedo - município distante 74 km de Campo Grande e, segundo o proprietário, Jackson Frandoloso, a escolha acontece devido a qualidade.

"Compramos carne da Naturafrig, parte in natura e parte embalada à vácuo, elas são entregues semanalmente e sem conservantes e a qualidade é muito boa", comenta o proprietário que sem entrar em detalhes, resume apenas que da Friboi, não compra.

Com sistema de pratos gourmet, onde cada porção de carne tem peso padrão de 250 gr por prato, a Parrilla Pantaneira tem consumo bem menor de carne por mês, média de 50 kg para atender os 30 pratos comercializados ao dia. Além de optar também pelo frigorífico de Rochedo, o restaurante também está testando há cerca de duas semanas a carne importada do Paraguai.

"As carnes vem congeladas e à vácuo. Buscamos a qualidade e por isso estamos testando também a carne paraguaia, além da que vem de rochedo. Em geral fazemos o pedido em um dia e no dia seguinte a carne chega congelada, bem conservada pelo gelo", afirma o parrillero Gabriel da Silva Teixeira.

Na região central da cidade, o restaurante e churrascaria Do Valle trabalha no sistema prato feito e self service, com consumo médio de 300 kg de carne ao mês. A proprietária, Maria Aparecida do Valle, opta pela compra do produto em supermercado, pois, consegue escolher as 'mais gordinhas', preferidas pelos clientes e ainda conta com preços mais baixos.

"Em frigorífico daqui é muito caro, tentei em alguns, mas não compensa. No mercado eu compro conforme a demanda do restaurante, escolho a carne pessoalmente e sempre tem promoção ou preço melhor. Compro embaladas à vácuo e conforme precisa, repomos", relata a empresária.

Frigorífico regional e carne paraguaia estão entre as opções servidas (Foto: Alcides Neto)
Frigorífico regional e carne paraguaia estão entre as opções servidas (Foto: Alcides Neto)

Sem crise - O fim de semana pós revelação da Operação Carne Fraca não abalou as vendas das churrascarias, que mantiveram movimento em alta.

Para os empresários e funcionários do setor, a situação é passageira e os clientes não estão desconfiados da carne consumida por aqui.

"Ouvimos brincadeiras, alguns clientes mais próximos faziam piadas, mas ninguém questionou a origem da carne que servimos. O movimento foi normal, típico de um fim de semana", afirma o proprietário da Gaúcho Gastão, Jackson Frandoloso.

Para o empresário, o escândalo não vai abalar o consumo interno, mas pode gerar crise econômica, devido suspensão das exportações.

"Esperamos que passe logo, é muita especulação política nisso. Não acredito que vá reduzir o movimento para nós, quem gosta de churrasco não deixa de comer, mas para a economia do Brasil no geral, é triste, vai prejudicar", ressalta.

Com a casa cheia, a proprietária do restaurante do Valle também é otimista e fala de crise passageira.

"Isso não vai afetar não, logo passa. As vendas não caem por conta disso, mas esperamos que não atrapalhe muito a economia", avalia Maria Aparecida.

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