Trabalhadores criam cooperativa para suprir falta de repositores no varejo
Lançada na Associação Comercial, Cooperam reúne 70 profissionais e já atende redes da Capital
Criada para enfrentar a escassez de trabalhadores no setor varejista, a Cooperam (Cooperativa de Trabalho dos Abastecedores de Mercadorias) foi lançada nesta segunda-feira (10), na sede da ACCG (Associação Comercial de Campo Grande). O grupo reúne 70 profissionais que decidiram se unir para oferecer às redes de supermercados e ao comércio local um serviço de reposição de produtos mais organizado e eficiente.
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A Cooperativa de Trabalho dos Abastecedores de Mercadorias (Cooperam) foi lançada em Campo Grande com 70 profissionais, visando organizar o serviço de reposição no varejo. A iniciativa surgiu para enfrentar a escassez de trabalhadores no setor e valorizar os profissionais da área. Com sistema flexível de trabalho em turnos de seis horas, a cooperativa já atende uma rede local e planeja expandir parcerias. O grupo Comper está entre os primeiros parceiros, reconhecendo o modelo como solução para modernizar as relações trabalhistas no setor varejista.
A iniciativa surgiu da dificuldade dos lojistas em contratar repositores e da necessidade de valorizar quem já atua na área.
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A cooperativa foi fundada em 19 de fevereiro deste ano e tem como presidente Osmar Alves de Sousa, de 58 anos. Ele conta que a ideia começou a ser discutida entre colegas de profissão, todos com experiência no varejo, e ganhou forma após meses de planejamento. “O mercado está muito carente de mão de obra. A cooperativa nasceu para organizar o trabalho e dar estrutura aos profissionais que já atuavam sozinhos, mas sem o suporte adequado”, explicou.
Osmar destacou que o grupo começou a atender empresas ainda antes do lançamento oficial e que a aceitação tem sido positiva. “Já estamos prestando serviço a uma rede aqui de Campo Grande, e o resultado foi muito bom. O comércio precisa de agilidade e comprometimento, e o cooperado trabalha com essa visão, porque também é dono do negócio”, disse. Segundo ele, a cooperativa não se limita a supermercados. “Prestamos serviço também em restaurantes e outros estabelecimentos que precisam de abastecimento de produtos.”
A diretora administrativa Gislaine Farias da Silva reforça que o projeto nasceu da experiência prática dos trabalhadores e da observação das dificuldades enfrentadas no dia a dia. “Muitos repositores trabalhavam oito horas por dia, de domingo a domingo, com apenas uma folga semanal. Isso causava desgaste, faltas e até abandono de emprego. A cooperativa surgiu para equilibrar essa relação e garantir que o serviço seja feito com qualidade”, relatou.
De acordo com Gislaine, o sistema adotado é flexível e pensado para atender às necessidades do comércio sem sobrecarregar o trabalhador. “Quando uma loja precisa de reposição, entra em contato conosco e enviamos um cooperado para cumprir uma diária. Ele faz o abastecimento das prateleiras, organiza os produtos e mantém tudo limpo e completo. Trabalhamos com jornadas de seis horas, em turnos da manhã, da tarde ou da noite, conforme o pedido do cliente”, explicou.

A cooperativa também oferece apoio logístico, principalmente para redes que precisam manter o abastecimento constante. “Alguns mercados pedem que o serviço seja feito à noite, depois do fechamento, para que as prateleiras amanheçam cheias. Nós atendemos essas demandas e garantimos que o produto esteja sempre disponível ao consumidor”, disse Gislaine.
Entre os primeiros parceiros da cooperativa está o grupo Comper, que enxergou no modelo uma forma de resolver um dos maiores gargalos do setor. O empresário Beto Pereira, representante da rede, elogiou a iniciativa e afirmou que o formato cooperativo pode ajudar a modernizar as relações de trabalho no varejo.
“A cooperativa é uma alternativa interessante, porque reúne profissionais com experiência e permite flexibilidade. O cooperado é dono do próprio negócio e isso aumenta o comprometimento e a produtividade”, avaliou.
Para o setor supermercadista, a iniciativa também traz benefícios diretos à operação. A executiva Luciene Gonçalves Cardoso, do Sindesuper (Sindicato de Supermercados de Campo Grande), destacou que o modelo ajuda a equilibrar custos e melhorar a entrega de produtos. “Uma das soluções que a cooperativa oferece é suprir a carência de mão de obra e otimizar o trabalho. Hoje, custo e qualidade são fatores cruciais, e a expectativa é que a cooperativa agregue valor à entrega das mercadorias”, afirmou.
Luciene também apontou uma mudança de comportamento entre os profissionais do setor. “O perfil do trabalhador atual é diferente. Ele busca trabalhar menos e receber mais, mas dentro da cooperativa percebe que pode ser mais produtivo e valorizado. Isso gera motivação e melhora o desempenho”, explicou. Segundo ela, o formato traz ganhos tanto para os lojistas quanto para os trabalhadores. “É benéfico porque o cooperado recebe mais e trabalha de forma mais consciente.”
O presidente da cooperativa destacou que o grupo pretende crescer de forma estruturada e ampliar a rede de parceiros. “Queremos firmar contratos com mais supermercados, atacarejos e restaurantes. O objetivo é oferecer um serviço profissional e garantir renda digna para quem sempre manteve o comércio funcionando, mas nem sempre foi valorizado”, concluiu Osmar.
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