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Educação e Tecnologia

Agrotóxicos liberados não têm estudo sobre riscos à saúde, dizem pesquisadoras

Anvisa liberou mais 51 novos agrotóxicos no Brasil, chegando a 262 produtos somente neste ano no mercado

Leonardo Rocha e Fernanda Palheta | 23/07/2019 11:55
Uso de agrotóxico no campo (Foto: (Foto: Hypescience - Divulgação)
Uso de agrotóxico no campo (Foto: (Foto: Hypescience - Divulgação)

Palestrantes da SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência) sobre riscos dos agrotóxicos, as pesquisadoras Alexandra Penedo de Pinho e Débora Calheiros alertam que os novos produtos liberados desde ontem no Brasil não têm estudos aprofundados sobre os efeitos para saúde humana, assim como ambiental.

“Eles são como os remédios genéricos, mas estes passam por vários testes de confiabilidade, porém os novos agrotóxicos não tiveram estudos sobre efeitos na saúde humana, em relação a como se comportam em aves, peixes e meio ambiente”, disse Alexandra, que é professora na UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul).

A professora explicou que a liberação de 51 novos agrotóxicos na última semana, que já chegam a 262 só neste semestre, ocorre porque as “pragas” e “alvos” destes produtos estão mais resistentes, por isso estão trocando os antigos pelos novos (itens) que estão no mercado. 

Ela lembrou que na revolução industrial, na década de 50, muitos produtos eram usados pelos operários e só foram descobrir seus malefícios 30 anos depois. “Temos os chamados metais pesados, por exemplo, que só depois souberam que eram prejudiciais, corremos o mesmo risco agora”, alertou.

Para a pesquisadora da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) do Mato Grosso, Débora Calheiros, estes novos produtos liberados, tem os mesmos “princípios ativos” dos antigos, porém com novas fórmulas e combinações. “Pode contaminar o ambiente e fazer mal a saúde, pois não tiveram o estudo devido, até para comprovar a eficácia nas lavouras”, garante.

Pesquisa e professora da UFMS, Alexandra Penedo de Pinho (Foto: Marina Pacheco)
Pesquisa e professora da UFMS, Alexandra Penedo de Pinho (Foto: Marina Pacheco)

Influência – As pesquisadores entendem que os novos produtos foram liberados devido a grande influência “política” e das grandes corporações neste processo. “Enquanto na Europa tem um movimento para reduzir o uso, aqui estamos aumentando”, observou Alexandra.

Calheiros apresentou um estudo feito pelo pesquisador Wanderlei Pignati, que mostra que na região agrícola de Mato Grosso, onde tem mais uso de agrotóxicos, possui uma maior incidência de pessoas com intoxicação aguda, má formação de fetos e câncer infantojuvenil.

Defesa – A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, já declarou que não houve nenhuma mudança na legislação sobre o tema e sim liberação de novos produtos pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), pois segundo ela, houve uma “quebra de patentes”, abrindo espaço para novos produtos no mercado, que podem ser chamados de “genéricos”.

Ela alega que existem estatísticas que mostram que com os novos produtos, vai se diminuir o uso de agrotóxico nas plantações. A justificativa é que os (produtos) antigos já não faziam o devido efeito, por isso se passava duas ou três vezes. Já os novos itens tem mais eficiência, usando menos.

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