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Para 84% dos leitores, mulher pode fazer cesárea mesmo sem indicação médica

Maioria defendeu que as gestantes devem ter o dinheiro de escolha pela cesariana

Paula Maciulevicius Brasil | 31/10/2020 08:40
Imagem de cesariana sendo feita, depois de mãe entrar em trabalho de parto. (Foto: Paula Cayres)
Imagem de cesariana sendo feita, depois de mãe entrar em trabalho de parto. (Foto: Paula Cayres)

O projeto apresentado na Assembleia Legislativa rendeu polêmicas não só na casa de leis como entre os leitores. A ideia era de propor que as mulheres pudessem escolher pela cesariana no SUS mesmo sem indicação médica. A proposta foi apresentada mais uma vez pelo deputado Marçal Filho (PSDB) e deve ter o texto alterado.

Defensora do "sim", a mãe Carolina Dias, ressalta que a escolha deveria ser da mulher e que ninguém deveria fazer com que nos sentíssemos mal com isso.

"O parto deve ser um momento de amor e não de traumas", diz. Ao relatar a própria experiência, ela conta que passou duas noites em trabalho de parto e ao entrar no terceiro dia, pediu cesariana. "O bebê estava bem, eu estava bem, a bolsa ainda não tinha rompido, clinicamente eu poderia esperar mais, mas a dor estava avançando cada vez mais e eu tinha apenas 4cm de dilatação. Estava acabada, sem dormir, indo e voltando de casa para o hospital, chorava de dor e de esgotamento. Então pedi a cesárea, escolher a via de parto cabe somente a gestante e a mais ninguém. Respeitem".

Na enquete de ontem, a pergunta era exatamente: "A mulher deve ter direito de escolher cesariana no SUS?" Para 84% dos leitores, a resposta foi sim, contra 16% que optaram pelo não.

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Médico ginecologista e obstetra, Manoel Cordeiro defende que a paciente, independentemente da via de parto, deve ser honestamente informada. "A paciente com 39 semanas que deseja cesárea tem que ser informada sobre o que acontece e o que pode vir a acontecer com o bebê dela", fala.

Sobre o projeto, o médico diz que para a lei ser mais decente e que possa melhorar o binômio mãe e bebê, a paciente impreterivelmente deveria entrar em trabalho de parto. "Para poder vir a escolher a via de parto não ser apenas 'completei 39 semanas e quero a cesárea', o ideal é que se entre em trabalho de parto e essa paciente ter direito à cesariana a partir das 39 semanas e após o diagnóstico do trabalho de parto".

Ainda sobre a discussão no SUS, Manoel Cordeiro explica que as taxas esperadas de parto normal são comparadas aos índices europeus e norte-americanos.

"Mas temos que pensar que no SUS, às vezes a gente não tem nem dipirona. Então, como eu vou fazer e providenciar medidas que diminuam o índice de cesárea se eu não dou o suporte necessário? Se eu não tenho um hospital com ambiente para o trabalho de parto, se eu não tenho um anestesista 24h específico para analgesia de parto. Não tem como falar de taxas via SUS se o próprio SUS não dá suporte para que esse parto possa vier a ter sucesso, via vaginal, com os índices que o sistema tanto almeja. A paciente tem que ser honestamente atendida e colocar os pingos nos "is", dizendo o que vai acontecer nas duas vias de parto", encerra.

Médica ginecologista e obstetra, Sandra Valéria fala que a questão é um grande problema da saúde pública. "Para mim, uma das maiores violências obstétricas é a cesariana sem indicação. Obrigar uma mulher ao parto normal não faz sentido, talvez melhorar o pré-natal, uma mulher bem informada dificilmente vai escolher a cesariana, mas no SUS, como a maioria dos partos são, elas acabam preferindo a cesariana. O que precisa haver é uma melhora no pré-natal".

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