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Cidades

Banho de São João mobiliza a fé de festeiros em Corumbá

Redação | 14/06/2010 17:52

Tradição que remonta a 1882, o Banho de São João transforma Corumbá. A cidade fica enfeitada, os fiéis se organizam em casas de rezas, famílias inteiras se reúnem para preparar o andor, muitos cumprem promessas ou, até, buscam um incentivo do santo para se casar. Realizado no Porto-Geral, é uma mistura de crendice e religiosidade, passando pelo profano, que faz da festa única no Brasil.

O ato de banhar o santo no Rio Paraguai é o ponto alto da cerimônia, onde as ladainhas dão lugar ao batuque, que lembra carnaval, e as pessoas pulam de alegria segurando à vela acesa, descendo o piso de paralelepípedos da Ladeira Cunha e Cruz. A fé e a curiosidade atraem milhares de pessoas à beira do rio.

A programação começa a partir do dia 15 de junho (terça), onde são feitas as novenas. Entre os dias 23 e 24 de junho, logo cedo, começam as missas nas igrejas. Ao anoitecer as casas de rezas organizam o ritual; fazendo orações e o levantamento do mastro na casa de cada festeiro. Em seguida a descida do andor para banhar o santo no Porto Geral nas águas do Rio Paraguai. Mais um ano de tradição, fé e alegria que dura a noite toda.

Há mais de vinte anos a família de Alfredo Ferraz, 23, realiza a festa de São de João, tradição que foi passando de geração. "Meu avô começou a fazer a festa devido a uma graça que ele recebeu. Estava mal de saúde e pediu com fé ao santo e foi atendido, a partir de então começou a realizar a festa. Eu cresci com essa tradição e faz dez anos que desço com o andor para banhar o santo", contou o festeiro.

Alfredo contou como o ritual é feito na sua família. "Iniciamos os festejos todo ano, do dia 31 de maio a 1 de junho, onde fazemos uma alvorada festiva para entrar o mês no clima de São João. No dia 15 de junho começa a novena, é um momento de preparação, de oração, onde fazemos pedidos e agradecimentos. No dia 23, na parte da manhã, saímos em procissão até a missa, depois retornamos e é servido o café da manhã para todos os devotos de São João. A noite inicia a festa aqui em frente de casa com as danças e comidas típicas, depois fazemos a reza, é feito o içamento do mastro, onde é depositado a bandeira e coroa de São João, acendemos a fogueira e em seguida saímos com o andor até o Porto Geral com cantorias para dar banho no santo nas águas do Rio Paraguai", relatou.

Dona Lenir Cunha Reinaldi, 56, realiza a festa há 24 anos, e acredita na força do santo. "As pessoas vem até aqui e fazem pedido a São João.Tenho a história de uma senhora que estava doente e veio aqui e fez a promessa, se curou, ela tinha um problema no coração. Outro caso foi do meu filho que sofreu um acidente de moto, se queimou todo, ficou inconsciente por algumas horas, estava em estado grave. Nesse momento supliquei, pedi de joelhos ao santo que salvasse meu filho, depois de dez dias que o médico deu alta. E é isso que me faz continuar com a festa e descer a pé com o andor até o Porto Geral", comentou.

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