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Política

Livro trata de nostalgia e crise das salas de cinema

Redação | 07/08/2008 13:21

A tônica das conversas no lançamento do livro "Salas de Sonhos - História dos Cinemas de Campo Grande", das jornalistas Marinete Pinheiro e Neide Fischer, ocorrido ontem no teatro Aracy Balabanian, foi a nostalgia por um cinema que já não existe.

Desde o advento da TV, passando pelos primeiros aparelhos de reprodução doméstica, as salas enfrentam problemas cada vez mais difíceis de superar, como a atual distribuição de filmes pela Internet e a reprodução não autorizada de DVDs.

Alhambra, Rialto, Santa Helena, Acapulco, Cine Estrela, não escaparam ao destino das milhares de salas do país, que após um período de declínio foram abandonadas, demolidas, viraram igreja ou exibem filmes pornográficos.

Para o ex-lanterninha, porteiro, operador de exibição, e finalmente um dos personagens do livro "Salas de Sonhos", Adão Matias, o vilão das salas é um só: o preço do ingresso. "O cinema não é mais uma coisa popular como era, um lugar de diversão barata. Hoje um pai de família não vai pagar R$ 10,00 ou mais por ingresso de cinema, ele aluga um DVD por R$ 5,00 e assiste com a família toda".

Um dos últimos a abandonar o barco, Adão considera que o caminho não tem retorno. "Quando comecei a projetar filmes para cinco ou seis pessoas vi que não dava mais, que eu precisava procurar outra coisa para fazer, é uma pena, mas esse mundo que o cinema criava em torno de si, de pequenos funcionários, de famílias que iam ver, não existe mais". O último filme que Adão assistiu em uma sala de cinema, no Cinemark, foi "Pequenos Espiões", do texano Robert Rodriguez, há sete anos.

História - Abboud Lahdo, o diretor e ator principal de Paralelos Trágicos (1965), e proprietário das das antigas salas Acapulco e Jalisco, posa para a fotografia e elogia o trabalho das jornalistas. "Eu fui surpreendido pelo interesse delas por que é uma coisa que essa geração já nem sabe, a história das salas em Campo Grande, esses espaços que envolviam tanta gente. Tudo isso mudou muito, as salas como eram não existem mais, e até mesmo as histórias iam se perder".

Para uma das autoras, Marinete Pinheiro, o livro é um esforço de registro da história feito por jornalistas. "Não tivemos a pretensão de uma análise da crise das salas de cinema, mas é claro que ela existe, e então nós trabalhamos como duas repórteres que buscaram histórias desses espaços e de pessoas que estiveram neles. Eu mesma já não vivi essa época da sala de cinema como espaço de convivência social, e isso foi o que mais nos interessou durante o trabalho de pesquisa que acabou resultando na publicação".

A impressão do livro teve apoio da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, da Fundação de Cultura e da Fundação Municipal de Cultura. O livro está a venda por R$30,00 no Cinecultura, na Avenida Afonso Pena 5.420.

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