Revelado em torneio de MS, goleiro Fábio iguala recorde mundial de jogos

O futebol brasileiro alcançou um momento histórico neste sábado (16). No Maracanã, o goleiro Fábio Deivson Lopes Maciel, do Fluminense, entrou em campo contra o Fortaleza e se tornou o jogador com mais partidas disputadas na história do futebol mundial, alcançando a impressionante marca de 1.390 jogos oficiais na carreira. Até então, o recorde pertencia apenas ao lendário inglês Peter Shilton, que encerrou a carreira com o mesmo número.

A trajetória de Fábio, de 44 anos, é digna de um roteiro de cinema. Natural de Nobres (MT), o menino que cresceu entre as ruas da pequena cidade mato-grossense e depois se mudou com a família para Aparecida do Taboado, em Mato Grosso do Sul, jamais poderia imaginar que, quase três décadas depois, se tornaria um recordista mundial. Foi justamente em um torneio no interior sul-mato-grossense, em 1993, que o garoto chamou a atenção do União Bandeirante ao defender pênaltis, dando início a uma jornada de resistência, títulos e longevidade.

Após se destacar no União Bandeirante, Fábio foi para o Atlético-PR em 1997, onde começaria a construir sua carreira profissional. Com apenas 18 anos, já comemorava o título do Campeonato Paranaense de 1998. Pouco tempo depois, chegaria ao clube que marcaria para sempre sua história: o Cruzeiro.

Emprestado em 2000, Fábio ajudou a Raposa a conquistar a Copa do Brasil. O vínculo inicial foi curto, mas suficiente para mostrar sua qualidade. Após breve retorno ao União Bandeirante, seguiu para o Vasco da Gama, onde viveu anos importantes, conquistando a Copa Mercosul e o Brasileirão de 2000, além do Campeonato Carioca de 2003.

Em 2005, voltou ao Cruzeiro para escrever o capítulo mais longevo de sua carreira: 16 temporadas ininterruptas, que somaram quase mil partidas (976 no total). No clube celeste, conquistou sete títulos mineiros, dois Campeonatos Brasileiros (2013 e 2014) e mais duas Copas do Brasil (2017 e 2018), além de virar um dos maiores ídolos da história do clube.

Mais do que títulos, Fábio se destacou por uma regularidade quase sobre-humana. Ano após ano, figurava entre os melhores goleiros do país, conquistando prêmios individuais como o Bola de Prata da revista Placar em 2010 e sendo recordista do Troféu Telê Santana, entregue ao melhor jogador de Minas Gerais.

Seu nome também ficou marcado na história do Mineirão, onde gravou as mãos na Calçada da Fama em 2010. Foi ali que completou marcas expressivas, como a de 400 jogos pelo Cruzeiro em 2011.

Mesmo com tamanha carreira, uma lacuna permaneceu: a Seleção Brasileira. Convocado em diversas ocasiões, Fábio chegou a ser relacionado para amistosos e a integrar o elenco campeão da Copa América de 2004, mas jamais entrou em campo em um jogo oficial com a amarelinha.

Em 2022, após o fim de sua passagem pelo Cruzeiro, Fábio parecia próximo do encerramento da carreira. Mas contrariando expectativas, assumiu a titularidade no Fluminense, já com 41 anos, e seguiu em alto nível. Pelo Tricolor, acumulou novas conquistas: Campeonato Carioca, Recopa Sul-Americana e, sobretudo, a Copa Libertadores de 2023, título que havia escapado em 2009 quando defendia a Raposa.

Hoje, com 234 jogos pelo Fluminense, soma-se aos 150 que fez pelo Vasco, 30 pelo União Bandeirante e os já citados 976 pelo Cruzeiro, totalizando 1.390 partidas oficiais, contando o duelo deste sábado contra o Fortaleza, número que o coloca lado a lado com Peter Shilton.

Peter Shilton, que até hoje ostentava o recorde, disputou 1.390 jogos entre 1966 e 1997, defendendo clubes ingleses e a seleção nacional em três Copas do Mundo. Ficou marcado por ser o goleiro que levou o famoso gol da “Mão de Deus” de Maradona, em 1986.

Agora, quase 30 anos após a aposentadoria do inglês, é um brasileiro, vindo de torneios juvenis no interior do Mato Grosso do Sul, quem alcança essa marca. E, diferente de Shilton, Fábio não apenas igualará o recorde, mas deve ultrapassá-lo com folga, já que tem contrato renovado com o Fluminense até dezembro de 2026.