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Arquitetura

A vinte minutos do Centro, casa tem ar bucólico e arquitetura de chácara

Elverson Cardozo | 06/05/2014 06:33
Publicitário Flavio Lott, um dos moradores mais antigos da Chácara dos Poderes. (Foto: Marcos Ermínio)
Publicitário Flavio Lott, um dos moradores mais antigos da Chácara dos Poderes. (Foto: Marcos Ermínio)

Um dos mais antigos moradores da Chácara dos Poderes, o publicitário Flavio Lott, de 64 anos, não troca a casa onde mora por nada. Já recebeu propostas que, para muitos, seriam irrecusáveis, mas ele sempre diz que o local não está à venda.

Quem chega à propriedade, na NE8, a “Avenida Paulista” da região, brinca, é recebido por 8 cachorros que, no portão, assustam qualquer um e, claro, fazem o maior barulho.

Nem precisa de campainha, interfone ou qualquer outro dispositivo. “Eles me avisam”, comenta, assim que atende a equipe do Lado B. Em uma área de 6 mil m² quadrados, na esquina, Flávio levantou o que ele chama de “spa particular”. Não deixa de ser.

O local é um verdadeiro refúgio para quem busca paz em meio à natureza. Nem parece casa. Lembra estância, pousada ou algo do tipo, isto porque as “peças” da residência foram construídas separadas, em módulos, sete no total: escritório, ateliê de costura, cozinha, lavanderia, bangalô, e dois quartos.

Flávio fez isso porque, se fosse erguer o imóvel da maneira tradicional, com tudo junto, teria de derrubar algumas árvores e isso nunca esteve nos planos. A intenção, desde o início, era manter o espaço o mais natural possível. Deu certo.

Passarelas foram feitas com tijolinhos à vista e estão cobertas por musgos. (Foto: Marcos Ermínio)
Passarelas foram feitas com tijolinhos à vista e estão cobertas por musgos. (Foto: Marcos Ermínio)
Área de lazer ao ar livre. (Foto: Marcos Ermínio)
Área de lazer ao ar livre. (Foto: Marcos Ermínio)
Espaço garante tranquilidade. (Foto: Marcos Ermínio)
Espaço garante tranquilidade. (Foto: Marcos Ermínio)

A casa de Lott tem tom rústico e isso pode ser notado desde a decoração, com filtro e panelas de barros, fogão à lenha, lamparina, churrasqueira de eucalipto e móveis de madeira.

O projeto arquitetônico e de paisagismo, elaborado por ele mesmo, inclui, ainda, janelas sem vidro, só com telas, colunas de concreto que lembram aroeira, bicas artificiais e até espaço para fogueira, além de passarelas feitas com tijolinhos à vista e cobertas de musgo que, explica, “só nasce onde sabe que vai se perpetuar”.

“Aqui tudo é preservado. Só matamos as formigas porque a gente pisa e não vê”, brinca. O publicitário, que já passou por várias cidades do Brasil, nem pensa em deixar Campo Grande, cidade que, para ele, ganha das outras capitais no quesito “qualidade de vida”. “Aqui eu não trabalho. Eu vivo”, conclui. Sair da Chácara dos Poderes também não está nos planos.

Cozinha tem estilo rústico. (Foto: Marcos Ermínio)
Cozinha tem estilo rústico. (Foto: Marcos Ermínio)
Casa é vigiada por oito cachorros. (Foto: Marcos Ermínio)
Casa é vigiada por oito cachorros. (Foto: Marcos Ermínio)

Os vizinhos - Conhecida por ser uma cidade bem arborizada e de ruas largas, Campo Grande é, também, endereço de quem busca tranquilidade em meio à natureza. Diferente das outras cidades do País, onde o sossego fica, geralmente, a quilômetros de distância, a Capital do Mato Grosso do Sul conta com áreas verdes bem localizadas e de fácil acesso, como a Chácara dos Poderes.

Antes desvalorizada e mal vista, a região, que fica a, no máximo, 20 minutos do centro, perto de uma universidade particular, agora é disputado por quem não quer abandonar o progresso, mas busca qualidade de vida. Para quem vive em meio à barulheira e correria, é surpresa agradável perceber que, tão perto de tudo isso, dessa “loucura”, existe um espaço bem diferente e com uma paz que não se encontra em qualquer lugar.

Proprietário de uma conveniência logo no início da Chácara, onde os moradores vão buscar correspondências, Vagner da Silva Moretto, de 23 anos, chegou à região com 4 anos, junto com os pais, que passaram a trabalhar como caseiros de uma propriedade.

Ele passou a infância e adolescência no meio do mato. Acostumou-se e, anos mais tarde, conseguiu comprar, perto dali, o próprio terreno. Conta que, na época, pagou R$ 500,00 por um “pedaço” de terra de uma área de 7 hectares, mas já recebeu oferta de R$ 50 mil e não quis vender.

Conveniência onde chegam as correspondências para os moradores. (Foto: Marcos Ermínio)
Conveniência onde chegam as correspondências para os moradores. (Foto: Marcos Ermínio)
Vagner mora na região desde os 4 anos. Conseguiu comprar o próprio terreno e não pretende mudar. (Foto: Marcos Ermínio)
Vagner mora na região desde os 4 anos. Conseguiu comprar o próprio terreno e não pretende mudar. (Foto: Marcos Ermínio)

“Não compensa. Quem mora aqui não quer sair”, garante. A vantagem, disse, é a paz, tranquilidade que não se compra. O único problema, para ele, é a falta de uma linha de ônibus “porque fica complicado para quem não tem carro”.

Às vezes dá dor de cabeça, mas é por conta do som alto que parte de algumas propriedades alugadas para festas. Fora isso, é só alegria.

Nicolau Edvalter Amaral Oliveira, de 44 anos, mais conhecido como Nicolau, cita as ruas de chão como “desvantagem”, mas emenda que isso é só um detalhe. Zelador da Estância das Orquídeas, não tem propriedades, mas mora na Chácara dos Poderes há 14 anos. Divide o espaço com a mulher e um casal de filhos.

“Se eu pudesse, comprava aqui, mas falta dinheiro”, comenta. “Aqui você encontra de tudo e a cidade também é perto. Não troco por nada”, acrescenta.

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