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Arquitetura

Aos 40 anos, obra de Humberto Espíndola em palácio é tombada como patrimônio

Paula Maciulevicius | 11/10/2014 07:58
Criado entre 1973 e 1974, este é o primeiro trabalho público de Humberto a ser reconhecido como bem cultural. (Foto: Marcos Vergueiro/Secom-MT)
Criado entre 1973 e 1974, este é o primeiro trabalho público de Humberto a ser reconhecido como bem cultural. (Foto: Marcos Vergueiro/Secom-MT)

O mural externo "Bovinocultura", obra do artista plástico Humberto Espíndola, no Palácio Paiaguás, sede do governo do estado vizinho, Mato Grosso, foi tombado como patrimônio histórico mato-grossense. Criado entre 1973 e 1974, este é o primeiro trabalho público de Humberto a ser reconhecido como bem cultural. A publicação saiu no Diário Oficial do Estado nesta semana.

Aos olhos da portaria, tanto o mural como o palácio passam a ser tutelados pelo poder público, para quem fez, o tombamento é motivo de satisfação. "Recebo com muito orgulho, é um palácio de 40 anos atrás, uma coisa que marcou muito a iconografia de Cuiabá", afirma Humberto Espíndola, aos 71 anos. A sede do Governo de Mato Grosso se tornou atração turística da cidade. O conjunto, tanto o palácio como o painel, merecem o reconhecimento pela arquitetura.

À época em que foi feito o painel, Humberto morava em Cuiabá e trabalhava na UFMT. Antes mesmo da concretização do desmembramento, já se falava em divisão. Um detalhe da obra demonstra isso, a seta no painel frontal do prédio aponta para a Amazônia. “Naquele momento já se falava na divisão do Estado e Cuiabá, que estava no norte, muda e passa ser sul voltando o seu olhar para a Amazônia. Hoje Mato Grosso é o maior produtor de gado do país”, diz Humberto. 

À época em que foi feito o painel, Humberto morava em Cuiabá e trabalhava na UFMT. (Foto: Marcos Vergueiro/Secom-MT)
À época em que foi feito o painel, Humberto morava em Cuiabá e trabalhava na UFMT. (Foto: Marcos Vergueiro/Secom-MT)

O tema Bovinocultura foi apresentado no Salão de Arte Moderna do Distrito Federal, em Brasília, em 1967, seis anos antes de estampar o Palácio Paiaguás. No painel foram utilizados mármore, granito, concreto e tintas, entre outros materiais.

À Secretaria de Comunicação do Estado do Mato Grosso, o arquiteto e professor universitário José Antônio Lemos dos Santos diz que o edifício “Palácio Paiaguás” tem um significado ímpar, não só para a arquitetura do Estado como também para a arquitetura nacional com as inovações em arquitetura sustentável, sendo o primeiro do Brasil a abordar o tema na prática. “Passados 40 anos, o teto verde do Palácio Paiaguás é o que se tem de mais contemporâneo”, observa.

Ele revela que o projeto do Paiaguás foi o segundo a usar o computador na sua distribuição funcional. Os computadores eram da Universidade Federal de Minas Gerais e essa distribuição era importante para a realidade. A administração pública era pequena, mas o estado crescia e, ao mesmo tempo, falava-se na divisão, o que projetava incertezas. Assim os prédios modulares têm a mesma dimensão de 12,75m x 12,75m, com a utilização de vigas protentidas, que até então só haviam sido usadas na construção da ponte sobre o rio Cuiabá, e possibilitaram o projeto de escritórios panorâmicos. “Na época foram muito mal recebidos, mas hoje é o que tem de mais contemporâneo”, analisa.

Na época a equipe, composta por arquitetos, engenheiros e economistas tinha um prazo de apenas três anos para projetar e construir o Centro Político Administrativo (CPA). A localização buscava forçar o crescimento urbano para a parte alta da cidade e assim desafogar o centro histórico de Cuiabá, como acabou acontecendo. (Com informações da Secom/MT)

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