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Arquitetura

Bar com estrutura dos anos 70, com o tempo ganhou uma pegada retrô autêntica

Aline Araújo | 02/12/2014 06:23
O balcão e bancos são originais, só sofreram alguns reparos para aguentar com o tempo. (Foto: Alcides Neto)
O balcão e bancos são originais, só sofreram alguns reparos para aguentar com o tempo. (Foto: Alcides Neto)

O bar é todo laranja, desde os azulejos de bolinhas, até os bancos e o balcão. Seu Aucenir Gomes, de 68 anos, muito mais conhecido com Sena, conta que já comprou tudo daquele jeito, há 26 anos, quando resolveu entrar para o ramo de bares. Na época, teve a sabedoria de manter o design original da década de 70. Hoje, apesar do jeito decadente, tudo encanta os olhos de quem é chegado em um visual retrô, carregado de história.

O Bar do Sena fica dentro da antiga rodoviária. Desconfiado, com medo de falar para uma jornalista, ele demora a se soltar, sempre educado, mas com um escudo invisível, talvez construído pelas desilusões da vida. Apesar do receio nítido, em casa frase pronunciada, Sena conta que o bar é de 1974, mas ele tomou a frente em 88, depois de já ter trabalhado em fábrica, caminhão e como vendedor pelo País. "Bom mesmo seria ver isso aqui cheio. Assim vazio não serve para nada", resmunga.

Seu Sena cuida do bar há 26 anos. (Foto: Alcides Neto)
Seu Sena cuida do bar há 26 anos. (Foto: Alcides Neto)

Para ele, que já não tem alegrias com os negócios, a beleza do lugar deve ter fugido, mas para quem vê de fora, o valor se esconde por trás das portas descascadas. O dono reclama que ficaria feliz se estivesse vendendo mais. “Eu estou no lugar errado. Às 18 horas fecham as portas. É justo o horário que o pessoal sai do trabalho e quer beber alguma coisa, comer uma porção. E eu sou obrigado a ir para casa”, reclama.

Nas paredes, um detalhe chama atenção. Pinturas que retratam a natureza dão outro colorido ao lugar. É o único ponto que foge do estilo anos 70, mas casou bem com o lugar. O mais interessantes dos desenhos, feitos pro troca de bebida em 1997. “Ele recebia em pinga e ficava feliz”, lembra o empresário.

As marcas do tempo só não foram mais nocivas porque o bar é bem cuidado.

Apesar das marcas do tempo o bar tem todo um estilo próproio. (Foto: Alcides Neto)
Apesar das marcas do tempo o bar tem todo um estilo próproio. (Foto: Alcides Neto)
Os azulejos são todos com bolinhas. (Foto: Alcides Neto)
Os azulejos são todos com bolinhas. (Foto: Alcides Neto)

O lugar também tem outras curiosidades que despertam a atenção. Uma recado escrito a caneta em uma folha de caderno pede para os clientes não colocarem o copo no chão. “Não sei o que esse pessoal novo tem na cabeça. Aqui tem o balcão, banco, e eles puxam a cadeira para sentar ai na frente e colocam o copo no chão. Passa alguém e chuta, daí a bagunça tá feita”, comenta.

Os eventos que são feitos na rodoviária, como parte do movimento de revitalização do local, têm ajudado,  mas nada como nos tempos áureos para ele, a esposa com quem é casado há 31 anos, e as duas filhas. “Trabalhando aqui, eu paguei faculdade para uma filha e colégio particular para a outra. Minha mulher tinha duas secretárias", lembra.

Apesar de todo o empenho dos últimos anos, desde o fim do transporte na rodoviária, a situação financeira do bar ficou bem mais difícil. Hoje, a esposa trabalha em um supermercado e a vida não é mais tão fácil. 

Quem sustenta o bar são os clientes antigos, os amigos feitos durante anos. Mas dá dó ver o bar abandonado pela clientela nova. O lugar, no ano passado, foi até cenário de filme “Não eu”, de Breno Benetti. A movimentação das gravações ajudou a alavancar as vendas, mas não demorou muito tempo para tudo voltar à paradeira.

O aparelho de som que fica no meio do bar tem mais de duas mil opções de música, que vão dos antigos sucessos da banda ABBA, aos mais novos hits, como o último disco da Adele. É só inserir as notas de dinheiro, que a canção pode lembrar ainda mais o passado.

Além de trabalhar com bebidas, seu Sena também serve porções de batata frita, frango, e bolinhos há R$15,00.

Som para chamar uma atenção  a mais. (Foto: Alcides Neto)
Som para chamar uma atenção a mais. (Foto: Alcides Neto)
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