ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
ABRIL, SEXTA  19    CAMPO GRANDE 25º

Arquitetura

Esposa cuidadosa partiu, mas Mizael aprendeu que alegria em casa depende de cor

Uma das filhas do idoso lembra que a mãe, que faleceu há um ano, sempre tinha muito cuidado com a casa, e pai guarda esse carinho para lembrar da esposa

Bruna Kaspary | 10/01/2019 07:00
Com cores contrastantes, a casa de Mizael encanta quem passa pela rua (Foto: Henrique Kawaminami)
Com cores contrastantes, a casa de Mizael encanta quem passa pela rua (Foto: Henrique Kawaminami)

Viúvo há um ano, Mizael Marcos da Silva, de 83 anos, encontrou no cuidado pela casa uma forma de preservar a memória da esposa, que morreu vítima de um câncer. Na casa colorida, com um tom em cada cômodo, ele brinca que a estratégia serve para manter tudo limpo. Mas a filha entrega: sempre foi um cuidado da esposa e que ele aprendeu a cultivar.

Pai de dez filhos, uma das fihas, Maria Lúcia Marques da Silva Cruz, de 57 anos, lembra que até o dia da morte da mãe, o pai se dedicou exclusivamente a ajudar com os afazeres dela, levando a esposa ao médico e cuidando dos remédios.

Com o adeus, ficaram as marcas da esposa pela casa, como o verde espalhado de maneira farta. “Ela amava as plantas dela aqui no fundo. Ele tirou um pouco, porque senão fecha tudo também, mas continuam todos os pés aqui”, comenta a filha.

Até a casinha do cachorro combina. (Foto: Henrique Kawaminami)
Até a casinha do cachorro combina. (Foto: Henrique Kawaminami)

Mas são as cores da casa, que chamam a atenção de quem passa, o principal cuidado para preservar a imagem da mãe, mas sem muito critério na hora da escolha. “Ah, é qualquer cor que melhorar, o importante só é estar limpo, e se for barata”, brinca ele. Já na entrada da residência, o cuidado em combinar os tons da casinha dos cachorros com as paredes, encantam.

O muro pintado de verde com as grades em um vermelho intenso também foram escolhas de Mizael. Nos fundos, até o fogão à lenha foi pintado, também combinando com os muros da casa. Assim surgem cantinhos especiais por todo o lugar, como o que tem azul claro contrastando com o mesmo vermelho das grades, dessa vez nos móveis.

Foram mais de 60 anos de casamento, até o diagnóstico do câncer. "Ela ficou uma semana internada, estava amarela já, só então que descobriram o que era. Ela tinha um tumor, entre o fígado e o pâncreas”, relembra a filha.

Nesse tipo de tumor, segundo Maria, o diagnóstico é complicado e normalmente ele só é descoberto depois que já está em estado avançado. “Pelo menos ela não sofreu, tinha uma senhora com ela que estava tomando morfina direto e já não adianta de nada”, lamenta.

Enquanto a filha explica sobre os últimos dias da mãe, o pai permanece sentado na mesa com a cabeça baixa, lembrando da esposa, mas sem deixar a peteca cair, cuidando das memórias guardadas no colorido da casa.

O dono da casa é quieto, mas adora contrastes pelas paredes. (Foto: Henrique Kawaminami)
O dono da casa é quieto, mas adora contrastes pelas paredes. (Foto: Henrique Kawaminami)
Nos siga no Google Notícias