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Arquitetura

Na melhor fase da vida, professora encontra paz em apartamento cheio de plantas

Ela brinca que costuma ser chamada como a "louca das plantas" e ainda quer transformar seu apê em uma floresta urbana

Thaís Pimenta | 18/06/2018 06:10
Visão ampla da sala de estar e jantar do charmoso apê de Patricia Pirota. (Foto: Thaís Pimenta)
Visão ampla da sala de estar e jantar do charmoso apê de Patricia Pirota. (Foto: Thaís Pimenta)

Professores costumam ser alvo de tanta admiração que, por muitas vezes, os alunos imaginam como seus mestres são em sua intimidade. E nada mais íntimo do que o lar de uma pessoa. É provável que já tenha passado pela imaginação de alunos como seria a casa daquele professor bacana e inspirador em tantos aspectos da nossa personalidade. O Lado B foi visitar o cantinho de uma dessas professoras, querida pelos alunos e responsável por ensinar Português e Literatura.

Aos 35 anos, Patricia diz que os alunos que tiveram aula com ela no passado e hoje retomaram a oportunidade de aprender com ela, brincam dizendo que a Patricia de hoje não se parece em nada com a do passado. "Eles dizem, e eu confirmo, que era muito estressada. Era um reflexo da minha vida pessoal mesmo. Hoje eu sou outra pessoa, muito mais calma e equilibrada", conta.

Intimamente, ela conta que sempre foi uma pessoa ligada a energias mas assume um período de "trevas" em sua vida. "Eu sempre fui mística. Lembro que mais jovem descobri a wicca, por exemplo, e fazia magias, era divertido. Mas teve um período em que eu me afastei disso tudo e pouco a pouco fui retomando".

Patricia Pirota é professora que optou por sua qualidade de vida e isso refletiu em seu lar. (Foto: Thaís Pimenta)
Patricia Pirota é professora que optou por sua qualidade de vida e isso refletiu em seu lar. (Foto: Thaís Pimenta)

A vibe "de boas" estava em seu interior, mas como, nem sempre, a gente consegue lidar bem com os trancos da vida, Patricia não conseguia manter-se em equilíbrio. No exterior, o reflexo de uma vida voltada apenas para o trabalho: 25kg acima do peso ideal, um grave problema na coluna chamado de cervicalgia, dores intensas diárias no corpo e, consequentemente, muito estresse.

''Foi esse problema na coluna que me fez repensar. Eu tive que desacelerar, não tinha como, sentia dor diariamente, e aprender a conviver com as limitações foi um dos passos que precisei ter. Eu tomava codeína por conta da cervicalgia e não adiantava, então o médico foi muito sincero e disse: tem que perder essa barriguinha e ir atrás de métodos alternativos de tratamento'', diz.

Suspendida a codeína, Patricia teve que se virar nos 30 pra lidar com a dor e encontrou no pilates, acupuntura e na massoterapia o tratamento necessário. Ao desacelerar, diminuiu a carga de trabalho e, por menos estresse, saiu da casa de sua mãe que ficava muito distante da escola. ''Era um trânsito infernal todos os dias, pra ir e pra voltar. Namorava os apartamentos de um prédio próximo ao trabalho há anos e quando vi a plaquinha de aluga-se fechei contrato em três dias''.

Bandejinha era da vó, mesa estava na casa antiga, e quadro foi pintado por uma aluna. (Foto: Thaís Pimenta)
Bandejinha era da vó, mesa estava na casa antiga, e quadro foi pintado por uma aluna. (Foto: Thaís Pimenta)
Livros sobre culinária salvaram Patricia quando ela passou a se arriscar mais na cozinha. (Foto: Thaís Pimenta)
Livros sobre culinária salvaram Patricia quando ela passou a se arriscar mais na cozinha. (Foto: Thaís Pimenta)

A professora já tinha tido a experiência de morar sozinha quando foi estudar em Curitiba e na própria casa de sua mãe, de quem herdou o talento para trabalhos manuais, morava em uma edícula, então estar sozinha nunca foi um problema. ''Hoje eu gasto 15 minutos pra ir trabalhar, vou a pé. Antes ainda tinha o gasto com Uber já que eu não dirijo. Vou andando, ganhei 30 minutos a mais de sono pela manhã e ainda tenho a oportunidade de ir catando plantas na rua pra trazer pra casa'', completa.

Ao mesmo tempo em que desacelerava, Patricia entrou ainda mais em contato com o Budismo e com as religões indianas num geral. Descobriu o vegetarianismo enquanto tentava dietas drásticas, que cortavam a farinha branca e o açúcar, por exemplo. 

''Minha alimentação sempre foi baseada em massas, então quando tentei cortar a farinha foi muito ruim, e eu emagreci só 5kg. A carne, por outro lado, era descartável pra mim, eu só comia mesmo bacon. Decidi tentar parar de comer esses ingredientes de origem animal e, em três meses me tornei vegana'', conta.

De lá pra cá, só com a mudança de postura consigo, foram 25 kg a menos com o veganismo. ''Nisso eu também fui em  busca de uma nutricionista e estou na melhor fase da minha vida. Também passei a me arriscar mais na cozinha, já fiz até o meu próprio queijo e, puxa, isso dá uma sensação de empoderamento tremendo''.

Mesinha foi um dos poucos móveis adquiridos para a casa nova. (Foto: Thaís Pimenta)
Mesinha foi um dos poucos móveis adquiridos para a casa nova. (Foto: Thaís Pimenta)
Paleta de cores da sala se mantem até na toalha de mesa. (Foto: Thaís Pimenta)
Paleta de cores da sala se mantem até na toalha de mesa. (Foto: Thaís Pimenta)

A mudança interna se refletiu na nova casa. Com um astral lá em cima, entrar no lar de Patricia deixa claro que moradora é uma pessoa com energia especial. A primeira e única exigência dela é tirar os sapatos antes de entrar, que tem tudo a ver, mais uma vez, com sua conexão com as energias.

Logo de cara, a maior parede da sala é atração principal do cômodo. Repleta de verde, com samambaias de ponta a ponta, deixa claro o que continuaremos a ver durante toda a extensão do pequeno apê: plantas. ''A louca dos gatos virou hoje a louca das plantas e eu sou uma delas, com certeza, até bordei o quadrinho 'Crazy Plant Lady''', brinca ela.

Quadrinho foi bordado por ela. (Foto: Thaís Pimenta)
Quadrinho foi bordado por ela. (Foto: Thaís Pimenta)
Intenção é colocar em toda a extensão da parede plantas. (Foto: Thaís Pimenta)
Intenção é colocar em toda a extensão da parede plantas. (Foto: Thaís Pimenta)

Viciada em Harry Potter e em Mafalda, referência ao mundo dos quadrinhos e ao universo mágico estão na sala, no escritório e até na cozinha. Livros também compõe a decoração mas, como uma boa professora e escritora - com um livro lançado, ''Seu Moço''- ela diz que todos já foram lidos antes de se transformarem em objetos decorativos. 

Muito do que tem na casa veio da época de Curitiba, outros móveis e eletrodomésticos, por exemplo, estavam no puxadinho de sua mãe. Ela optou por trazer tudo para o novo lar e dar uma cara nova pra algumas peças, como por exemplo o móvel em que fica a televisão.

''Era um armário da minha mãe, daqueles antigos. Ele era preto, eu lixei ele inteiro durante três dias, tirei as portas e ficou da jeito que queria'', conta.

Outras coisas ela foi adquirindo com o tempo, como algumas prateleiras, as luminárias e lustres, que dão um visual todo diferente à iluminação a noite, e a mesa de jantar na sala. ''Comprei tudo em promoção'', acrescenta.

São só dois meses de casa nova mas, com tamanha organização, parece que já faz pelo menos um ano que Patricia mora por lá. ''Me dediquei muito a deixar tudo nos conformes. Ainda faltam alguns detalhes, como o escritório, o único cômodo que ainda falta arrumar, mas eu tenho deixado isso fluir naturalmente. Se fosse antes eu estaria louca com ele, mas nesse processo entendi, junto ao Budismo, que faz parte aceitar o caos''.

A iluminação a noite, com efeitos especiais no teto por conta das luminárias. (Foto: Acervo Pessoal)
A iluminação a noite, com efeitos especiais no teto por conta das luminárias. (Foto: Acervo Pessoal)

Consumidora assídua de programas de decoração da TV fechada, Patricia pegou  muitas das referências que viu na telinha pra sua casa. Mas nada foi planejado ou estrategicamente pensado, tanto é que ela nunca buscou ajuda de um arquiteto pra fazer qualquer tipo de sugestão. ''Eu preguei pregos, fiz artesanato, plantei plantas, então tudo aqui tem minha energia''.

O estilo boho é o que, pra ela, mais adapta à proposta de sua casinha. ''Só descobri esse nome depois que já estava montando tudo aqui, então foi por acaso mesmo, as referências''.

Apaixonada por objetos antigos, que resgatam memórias, alguns artigos já foram decorativos para sua mãe e avó, como o dedal que está no móvel da sala, a máquina de escrever de seu avô, a bandeja da mesinha lateral, que também foi feita por ela, e o próprio pé de ferro da mesinha que já foi de máquina de costura.

''Quando eu compro coisas novas tem que ter cara de coisa de vó, acho que trago muito disso, do gosto pelo design do passado''.

Prateleiras compradas na promoção por R$ 60,00.  (Foto: Thaís Pimenta)
Prateleiras compradas na promoção por R$ 60,00. (Foto: Thaís Pimenta)
Ganesha foi presente de uma aula e fica de frente para a cama de Patricia.  (Foto: Thaís Pimenta)
Ganesha foi presente de uma aula e fica de frente para a cama de Patricia. (Foto: Thaís Pimenta)

As plantinhas estão até no pequeno banheiro da casa, que a princípio foi um grande problema para Patricia. ''É minúsculo então isso quase me fez desistir de alugar,  mas agora eu já passei a ver como algo positivo porque eu o limpo quase todos os dias quando tomo banho'', brinca.

Todo esse processo de casa nova está sendo registrado em seu Instagram pessoal. As redes sociais e, inclusive, seu canal no Youtube são pontos que a professora ainda quer retomar. ''Fazem 7 anos de canal agora e eu pretendo organizar minha rotina pra reaprender a lidar com essas coisas, de forma mais profissional''. Para acompanhar basta acessar o link aqui.

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Confira a galeria de imagens:

  • Detalhes no banheiro. (Foto: Thaís Pimenta)
  • Detalhes no banheiro. (Foto: Thaís Pimenta)
  • Nicho do móvel da sala.
  • Detalhes...
  • Móvel foi lixado por Patricia.
  • Quarto é mais clean que o resto da casa.
  • Hortinha da casa de Patricia.
  • Pé de alface é o grande charme da horta!
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