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Arquitetura

O que não pode faltar em um projeto de arquitetura? Estética e surpresa

Paula Maciulevicius | 01/08/2014 15:00
"A arquitetura é contemporânea, essa ousadia, o arquiteto precisa ter. Não pode ter medo", ressalta Ruy. (Foto: Marcos Ermínio)
"A arquitetura é contemporânea, essa ousadia, o arquiteto precisa ter. Não pode ter medo", ressalta Ruy. (Foto: Marcos Ermínio)

Desde que o Lado B engrenou a editoria de "Arquitetura" muitos projetos foram apresentados, descritos tanto pelos profissionais que assinam, quanto pelos donos da casa, do consultório ou estabelecimento comercial.

Arquiteto há 54 anos, Ruy Ohtake, que assina o "Aquário do Pantanal", obra erguida no Parque das Nações Indígenas, esteve em Campo Grande nesta quinta-feira, uma oportunidade para tentar resumir o que é preciso ter em um projeto de arquitetura? 

A resposta, ao contrário do que a maioria defende, foi "beleza". "Olha, a primeira coisa é a estética. Tem que ser bonito, chamar a atenção e depois, depende do tipo do projeto, para o que vai servir, tem que atender à essas questões. Mas fazer com que a pessoa entre e fale 'olha que bacana'", ressaltou o arquiteto de 76 anos.

A surpresa precisa estar diante dos olhos de quem vê e explícita no projeto do ambiente, avalia. "Sempre surpreender e ser inovador. A arquitetura é contemporânea, essa ousadia, o arquiteto precisa ter. Não pode ter medo", completa.

Ruy Ohtake tem ligação direta com o Estado, por conta do Aquário, vem a Campo Grande de 15 em 15 dias. Paulista, mantém escritório em São Paulo e obras por todo País e também pelo mundo, como defensor da arquitetura contemporânea, tendo a inovação como princípio. 

Nessa quinta ele esteve também como jurado da mostra Casa Cor MS, onde avaliou os 32 ambientes expostos no Hospital do Câncer Alfredo Abrão. "O resultado é surpreendente, os profissionais fizeram um trabalho de altíssimo nível", afirmou.

Estar Íntimo,  um dos ambientes "belos" da Casa Cor MS.
Estar Íntimo, um dos ambientes "belos" da Casa Cor MS.

Ele viu alguns dos ambientes mais luxuosos da história da mostra em Mato Grosso do Sul. Não que isso signifique beleza, mas muitos projetos conseguiram um bom resultado, apesar do que pode parecer afetação.

No espaço Estar Íntimo, uma pantera negra guarda a sofisticação de tantos outros detalhes, como a poltrona com estampa de onça d e pintura feita com folhas de ouro. Nas paredes, o couro reveste com acabamento em tachas, colocadas uma a uma pelas profissionais que assinam o projeto,  Thaysa Canale, Marcia Riobeiro e Daiana Capuci.

Para a família descansar com tranquilidade, até a pedra da lareira de 3 metros de largura apela para a energia dos elementos. O ônix amarelo é translúcido, tem iluminação interna e, segundo quem acredita, serve para harmonizar e revitalizar os espaços. O problema é o valor do metro quadrado da pedra, a partir de R$ 1.8 mil. A peça custou cerca de R$ 16 mil, contanto com o sistema de aquecimento.

Mas a beleza também aparece em tons bem sóbrios, de forma mais simples na Casa Cor MS, como na proposta de Debora Nunes, Thayla Teixeira e Paula Ortiz. No "Quarto da Noiva", elas usam de forma predominante cores claras, românticas.

Nem o laranja vibrante da escrivaninha tumultua a visão. O móvel de acervo pessoal recebeu pintura em laca e alegra o lado da cama oposto ao escolhido para colocação de uma banheira, que remete a necessidade de relaxamento antes da cerimônia de casamento. O dossel em madeira é outra delicadeza, assim como os bancos ao pé da cama em verde pastel.

Quarto da Noiva, a beleza delicada.
Quarto da Noiva, a beleza delicada.

No restaurante Navarro, que funcionará durante a mostra, os ladrinhos na entrada levam à porta de madeira de demolição com puxador de ferro. Nada muito diferente do que se vê em lojas de móveis de demolição, mas nem por isso deixa de ser aquele tipo de beleza que acolhe.

Lá dentro, obras de fases diferentes do artista plástico Humberto Espíndola, um colorido de identidade sul-mato-grossense.

No chão, o cimento queimado foge do clichê moderno e volta às raízes junto do detalhes nas almofadas de crochê do ateliê Vovó Francelina. É tudo meio fazenda, meio colônia, ao mesmo tempo contemporâneo, capaz de fazer surgir o cheirinho de café de coador...

Restaurante da mostra.
Restaurante da mostra.
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