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Arquitetura

Pra quem é apaixonado por velharias, até catraca de ônibus antiga é relíquia

Na Rua Engenheiro Roberto Mange, uma casinha chama atenção por sua varanda cheia de objetos de outros tempos

Eduardo Fregatto | 24/07/2017 06:25
Ivanilson mostrando suas cédulas do passado. Ele tem coleção com milhares de exemplares. (Foto: João Paulo Gonçalves)
Ivanilson mostrando suas cédulas do passado. Ele tem coleção com milhares de exemplares. (Foto: João Paulo Gonçalves)

A casa de esquina na Rua Engenheiro Roberto Mange, bairro Taquarussu, chama atenção pela quantidade de objetos inusitados que enfeitam a varanda. Bicicletas de aparência antiga, um fusca branco ano 1972, um cofre de banco de décadas atrás, uma catraca de ônibus de décadas atrás, uma tevê e um rádio de outros tempos. "Qualquer coisa que falem pra mim que é antigo, acima de 20 anos de história, eu me interesso", explica o dono do espaço.

O antiquário foi criado pelo apaixonado por velharias Ivanilson Carneiro Nogueira, de 41 anos. Era ali mesmo que ele morava com a família, a esposa e quatro filhos. Faz pouquinho tempo que se mudou pra outra casa, na mesma rua, e levou parte da decoração retrô pra dentro do novo lar. "Só não coloco mais porque minha mulher não deixa. Ela tem que aprovar tudo", revela.

O gramofone de 1910 e o rádio da década de 50, que custam de R$ 800 a R$ 1000.
O gramofone de 1910 e o rádio da década de 50, que custam de R$ 800 a R$ 1000.
O capacete usado na Revolução de 1932, vendido a R$ 800. (Foto: João Paulo Gonçalves)
O capacete usado na Revolução de 1932, vendido a R$ 800. (Foto: João Paulo Gonçalves)

Ele colecionava moedas quando criança e sempre nutriu esse afeto por coisas que vieram do passado distante. Até que largou o trabalho fixo como empregado pra realizar o sonho de viver das suas relíquias.

Em seu antiquário, algumas das peças mais desejadas são um rádio da década de 50 e um gramofone de 1910. "O rádio custa em torno de R$ 800,00 a R$ 1000,00", destaca. Outro item que se orgulha de ter conseguido é um capacete utilizado por oficial na Revolução de 1932, que sai por R$ 800,00. Também tem móveis, como uma penteadeira de estilo clássico, baús, poltronas e até um fogão e uma geladeira extremamente nostálgicas.

Num balcão, ele guarda uma coleção invejável de notas de dinheiro e moedas. Tem exemplares de quase todos os anos, desde os tempos de Estados Unidos do Brasil. Ele conta que no começo era bastante enganado pelos vendedores, não sabia o real valor de cada nota, mas agora já está experiente. "A cédula de 1 real varia o valor dependendo do Ministro da Fazenda que a assinou. Se assinou poucas, vale mais. Pode valer R$ 2 ou R$ 500", ensina.

Estante com máquinas fotográficas antigas. (Foto: João Paulo Gonçalves)
Estante com máquinas fotográficas antigas. (Foto: João Paulo Gonçalves)

Das moedas que mantém, tem até algumas que datam do Império Romano, ano 305. Essas Ivanilson nem pretende vender. "Não compensa. São muito valiosas".

Ele diz que dói quando vê alguém descartando algum artefato antigo. Para ele, cada objeto vale ouro. "Fico triste quando vejo as pessoas dizendo que vão jogar fora algo. Peço que me doem ao invés de colocarem no lixo", enfatiza.

Até uma catraca de ônibus, do transporte público de Campo Grande, é uma relíquia para os colecionadores e apaixonados por antiguidades. "Eu arrematei cinco catracas num leilão, por R$ 500".

As bicicletas que datam desde a década de 40. (Foto: João Paulo Gonçalves)
As bicicletas que datam desde a década de 40. (Foto: João Paulo Gonçalves)

Mas muitos dos clientes são pessoas comuns, que querem trazer um toque diferente para a decoração de casa. Ivanilson viaja o Estado buscando e levando peças. "O mercado de antiguidades é bem movimentado. Tenho uma caderneta de colecionadores, temos reuniões toda semana. Os negócios vão muito bem", garante.

Ele se orgulha de preservar muito da história e faz até palestras em escolas da cidade. "Eu levo objetos, o telefone mais antigo ao mais novo, mostro como funciona, por exemplo. As crianças ficam surpresas, curiosas", conta, orgulhoso. "Sei a história de cada objeto que está aqui".

O antiquário dele chama Trato Feito e fica na Rua Engenheiro Roberto Mange, 2236.

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