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Arquitetura

Tour sensorial no Marco mostra que arquitetura também é feita para sentir

Projeto europeu inspirou a mostra “Supapo Design Criativo” produzida pela arquiteta Luciana Teixeira

Alana Portela | 30/10/2019 07:56
Larissa Barros de Oliveir sentiu as texturas (Foto: Paulo Francis)
Larissa Barros de Oliveir sentiu as texturas (Foto: Paulo Francis)

Com tour sensorial, mostra “Supapo Design Criativo” quer mostrar o quanto a arquitetura se faz com sentidos. O evento começa hoje no Marco (Museu de Arte Contemporânea) e continua até dia 30 de novembro, em Campo Grande, aberto ao público.

Ontem o local abriu as portas para um pré- contato com os trabalhos e fez pessoas como Larissa Barros de Oliveira perceber o couro no toque. “É interessante, não sabia como era. Tive a experiência de usar o tato para sentir e agora sei o que é”, diz.

Ela é deficiente visual, tem 11 anos, e visitou o museu pela primeira vez. Ao lado da mãe, não perdeu a chance porque gosta de fazer descobertas. Soube da mostra que mistura arte e arquitetura e quis conferir. “Aqui as pessoas que costumam vir são mais visuais, mas queria sentir. Já conhecia algumas coisas, como o veludo, pedras e palha, porém outros não”.

Larissa sentindo a cadeira feita de pano (Foto: Paulo Francis)
Larissa sentindo a cadeira feita de pano (Foto: Paulo Francis)
Ela na poltrona Utopia feita de couro (Foto: Paulo Francis)
Ela na poltrona Utopia feita de couro (Foto: Paulo Francis)

O tour começa em uma parede com quadros, onde várias texturas são expostas em quadros, com veludo, couro, palha, pedras e até penas. Larissa passou a mão nos objetos e fez questão de sentir cada detalhe, percebeu o macio do veludo, o liso do couro, os trançados da palha. O passeio foi guiado por sua mãe, que não é deficiente visual.

A mostra foi inspirada num projeto europeu, que faz pessoas que enxergam guiar quem não tem visão. “Criando assim a empatia. Na entrada, quem vê ou não, tem os olhos vendados para viver a experiência tátil antes de acessar o visual das peças. É para que possamos explorar de outra maneira a potencialidade dos objetos”, explica Luciana Teixeira.

Arquiteta responsável pelo trabalho, ela diz que a ideia é também explorar a brasilidade. "Tem uma poltrona de balanço forrada de couro inspirado nos traçados que os peões e fazendeiro têm nos apetrechos, e um pompom produzido pelos indígenas. Batizei a poltrona de Utopia, pois é minha utopia e representa o equilíbrio entre os fazendeiros e índios”.

A servidora pública, Leia Ferreira Rodrigues é deficiente visual e adorou a oportunidade de inclusão. “A sensação é maravilhosa porque cada vez mais a gente se sente incluído. As pessoas vão percebendo que estamos abertos ao conhecimento”.

Larissa é deficiente visual e fala da experiência que viveu (Foto: Paulo Francis)
Larissa é deficiente visual e fala da experiência que viveu (Foto: Paulo Francis)
Luciana Teixeira é arquiteta e organizou o evento que incluir os deficientes visuais na arte  (Foto: Paulo Francis)
Luciana Teixeira é arquiteta e organizou o evento que incluir os deficientes visuais na arte (Foto: Paulo Francis)
Mais visitantes conheceram as texturas (Foto: Paulo Francis)
Mais visitantes conheceram as texturas (Foto: Paulo Francis)

Aos 40 anos, ela é casada com um deficiente visual e tem três filhos, um com problema de visão. Desta vez, levou Nataly, de 12 anos, para a nova experiência. “Foi bacana tocar nas telas, gostei de tudo. Não conhecia as texturas, mas na escola escrevo em braile e faço as legendas para as artes da professora”, diz.

Para Telma Nantes que é coordenadora do Ismac (Instituto Sul-mato-grossense para Cegos Florivaldo Vargas) esse tipo de evento tem de virar rotina. “Mostra para as pessoas que esse universo da arte, móveis e cultura contemporânea existe e está a nossa disposição. Isso para quem tem deficiência é importante, pois não é apenas enxergar e podemos tocar”.

A exposição foi experiência diferente para Maria Aparecida Damaceno. Aos 61 anos, ela teve os olhos vendados e foi guiada até as texturas que estavam na parede para sentir. “Dá medo. Estava observando que eles estão tranquilos porque já são acostumados a usar o tato, mas é difícil pra mim. Uma coisa é olhar com os olhos e outra é estar com a venda, tive essa curiosidade para saber como era a sensação”, fala.

Após o primeiro contato com as texturas, os visitantes são guiados até os móveis feitos com o material que contou poltronas de balanço, cadeira de veludo, mesinha de couro e até as poltronas com a temática rock.

A mostra pode ser visitadas de terça a sexta, das 7h30 às 17h30. Sábados, domingos e feriados das 14 às 18 horas. O Marco fica na Rua Antônio Maria Coelho, nº 6000, no Parque das Nações Indígenas. Mais informações pelo telefone (67) 3326-7449.

Confira o vídeo com algumas experiências durante o evento

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Poltrona e mesinha com tecido de veludo (Foto: Paulo Francis)
Poltrona e mesinha com tecido de veludo (Foto: Paulo Francis)
Poltrona de balanço Utopia, feita de couro (Foto: Paulo Francis)
Poltrona de balanço Utopia, feita de couro (Foto: Paulo Francis)
Várias texturas foram coladas na parede (Foto: Paulo Francis)
Várias texturas foram coladas na parede (Foto: Paulo Francis)

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