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Arquitetura

Trecho da Barão com escadaria ficou na memória também pelo cheiro de xixi

O #TBT de hoje é um antes e depois da passarela da Barão do Rio Branco. Você tem lembranças e fotos neste lugar? Manda pra gente!

Thailla Torres | 12/09/2019 11:47
Fotografia postada recentemente pelo fotógrafo Roberto Higa.
Fotografia postada recentemente pelo fotógrafo Roberto Higa.
Escadaria se foi e atualmente trecho da Barão do Rio Branco está assim. (Foto: Kísie Ainoã)
Escadaria se foi e atualmente trecho da Barão do Rio Branco está assim. (Foto: Kísie Ainoã)

Com o mesmo nome desde a criação, em 1909, a Rua Barão do Rio Branco, em Campo Grande, já teve dias de glória. Era considerada um corredor cultural e comercial com espaço justo para os pedestres e pensada no convívio. Mas pelo Centro, atualmente, nem todo mundo se lembra da estrutura da passarela com escadaria que mudava a paisagem da rua até os anos 90, antes de ser totalmente demolida.

Recentemente as lembranças da Barão surgiram novamente nas redes sociais do fotógrafo Roberto Higa, que registrou trechos da passarela e sua movimentação incomparável com os dias de hoje. “Aquilo era uma muvuca”, lembra o fotógrafo. “Era uma passarela que levava nada a coisa nenhuma, apenas passava por cima do trilho”.

Mas a proposta era justamente oferecer circulação aos pedestres que iam para o outro lado, após a avenida Calógeras. Com o tempo, tornou-se um ponto movimentado, com barraquinhas de comerciantes e a presença de dependentes químicos, sendo este, um cenário muito presente nos dias de hoje da região.

Publicada em um grupo do Facebook que costuma lembrar momentos históricos de Campo Grande, a escadaria divide opiniões e sentimentos até hoje.

Outro ângulo da ponte que passava pela Noroeste. (Foto: Roberto Higa)
Outro ângulo da ponte que passava pela Noroeste. (Foto: Roberto Higa)

Muitos falam com saudade. Tem gente que lembra quando costumava ir com as amigas, mas nunca sozinha, para atravessar a passarela e namorar na praça Aquidauana. Depois a alegria era subir os degraus da escadaria.

Por outro lado, há quem afirme que, ao longo dos anos, a violência do lugar fez surgir até a cobrança de pedágio e muito cheiro de urina. “Foi bacana por um tempo, a Barão do Rio Branco lotou de bares e lanchonetes, mas o poder público abandonou depois de um tempo...Traficantes tomaram conta, era perigoso passar por lá”, descreve um usuário da rede social.

Aos 56 anos, o taxista Fausto Leon diz que tem poucas recordações sobre a passarela, mas destaca que durante alguns anos foi caminho para a rodoviária. “Eu só me lembro que ela era um acesso para quem pegava o ônibus de viagem e o circular”.

Já o comerciante Manoel dos Santos, de 55 anos, é um dos poucos que lamenta a retirada. “Pelo menos tinha aquela muvuca por aqui, porque os camelôs ficavam por ali e todo mundo passava para comprar. Para quem tinha comércio isso era uma benção”.

Quanto a justificava de retirada pautada na segurança, o comerciante Clodoaldo Lima, de anos, que há três décadas trabalha na Calógeras, acredita que não mudou muita coisa. “Se tiraram a passarela por causa da insegurança não adiantou. Ainda me sinto inseguro de passar por ali. Há um certo abandono na região”.

Alguns gostavam mesmo era dos camelôs que na passarela vendiam de tudo, outros passavam pelo lugar só para admirar a movimentação. 

Para o comerciante Lúcio da Silva Rondon, de 67 anos, a passarela era símbolo de um movimento que deixou saudade, especialmente, na avenida Calógeras, que hoje mais convive com o abandono de prédios de históricos do que qualquer outra coisa. “Era um tempo que em nos deliciávamos com o vai e vem dos clientes. A passarela era símbolo do calçadão que foi criado especialmente para o ponto principl do centro”, recorda.

Ele também lembra da passarela como o “mirante dos pedestres”. “Muita gente parava ali para ver o trem passar. Nessa época, era cultural parar nem que fosse um pouquinho para olhar o trem, isso para quem morava ou estava perto dos trilhos”.

Foi cenário de vendas, passeios, fotografias e histórias. Hoje, não há como dizer que o local é cheio de significados.

“Tem história, é impossível esquecer. Quando eu passo por ali lembro da iluminação que tinha umas bolas diferentes e chamava atenção de longe. Foram tempos de glória para nossa Barão”, finaliza Higa.

O local foi construído a partir de um projeto assinado pelo arquiteto curitibano Jaime Lerner, em 1979. Mas a passarela foi demolida em 1999, na gestão municipal de André Puccinelli. “Mesmo assim, acredito que aquela região continua abandonada. Merece um olhar mais sensível das pessoas para que seja ocupada”.

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