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Artes

Ao som do acordeon e do violão, amigos homenageiam e dão adeus a Dino Rocha

Músico, autodidata e expoente nacional do chamamé morreu na noite de domingo (17) depois de permanecer 27 dias internado

Izabela Sanchez e Thailla Torres | 19/02/2019 10:47
Despedida de Dino Rocha ao som do chamamé no Memorial Park (Foto: Thaila Torre)
Despedida de Dino Rocha ao som do chamamé no Memorial Park (Foto: Thaila Torre)

A despedida do músico e símbolo cultural de Mato Grosso do Sul, Dino Rocha, que faleceu aos 68 anos na noite de domingo (18), foi da maneira como ele gostava: a música tomou conta do Memorial Park, onde foi enterrado na manhã desta terça-feira (19). Durante 40 minutos, amigos prestaram homenagem ao músico, no adeus marcado pelo som dos acordeons e violões.

Mais de 30 músicos embalaram a despedida, que começou às 9h, entre eles os filhos de Dino, que também são músicos. Nilsinho Chamamezeiro, 63, como é conhecido o músico Nilson Luis da Silva, conheceu Dino quando tinha apenas 22 anos. “Ele é um mito da gaita”, contou, emocionado, o músico, que há pouco tempo tocou junto com o amigo.

“Vai ser para sempre o meu melhor amigo, é uma história para a bandeira chamamezeira sul-mato-grossense”, comenta.

“É uma lembrança e um exemplo para a história do nosso estado. Depois do Zé Correia, o Dino Rocha soube deixar sua marca”, disse Wilson Correia da Mota, 61, que conheceu o sanfoneiro ao longo de 20 anos.

Enquanto os filhos levavam o caixão de Dino Rocha, músicos embalavam a despedida no Memorial Park (Foto: Thailla Torres)
Enquanto os filhos levavam o caixão de Dino Rocha, músicos embalavam a despedida no Memorial Park (Foto: Thailla Torres)

Evanio Guarani representava a dupla Tostão e Guarani na despedida. As memórias de infância do músico são marcadas pelos LPs de Dino Rocha, que o fizeram sonhar com a carreira musical. “Além da amizade, onde o Dino estava existia a alegria. Temos hoje meninos que carregam o legado que o Dino deixou na sanfona e com isso ele vem renovando a cultura chamamezeira em Mato Grosso do Sul”.

“Dessa forma a gente conhece um pouco da história, muitos músicos ingressaram na música graças ao Dino”, complementou.

A nova geração também se despedia da “lenda” do chamamé. Thauanne Castro, 17, canta desde os 8. Emocionada, ela conta que cresceu ouvindo Dino Rocha em casa. “Tenho orgulho de ter o Dino como referência na música”, disse.

Levando o caixão do pai, os filhos de Dino Rocha pediram acordeon e violão emprestado, selando, assim, a última homenagem no Memorial Park. “Nosso pai plantou uma sementinha aqui”, resumiram assim, à família e aos amigos presentes, o legado do expoente do chamamé.

Enterro do expoente do chamamé Dino Rocha, ao som do chamamé pelos filhos do cantor (Foto: Thailla Torres)
Enterro do expoente do chamamé Dino Rocha, ao som do chamamé pelos filhos do cantor (Foto: Thailla Torres)

História - Dino Rocha nasceu no dia 23 de maio de 1951 em Juti (a 310 quilômetros de Campo Grande) e viveu a infância afastada da música, sem nunca ter tido aulas para aprender os instrumentos. Filho de mãe alemã e pai filho de gaúcho com argentina, Dino aprendeu as composições que ouvia em casa de ouvido e, além de instrumentista, era compositor era cantor.

A carreira começou cedo, quando aos 9 anos decidiu aprender a tocar acordeom. Aos 16 anos apresentou-se com seu primeiro grupo, “Los 5 Nativos”, de Ponta Porã. Em 1972, mudou-se para Campo Grande. Dois anos depois, gravou pela primeira vez no LP “Voltei amor”, da dupla Amambai e Amambaí. Quando chegou a Campo Grande, ainda usava o nome que consta na certidão de nascimento: Roaldo. O nome artístico foi dado pelo poeta Zacarias Mourão.

Confira os momentos da homenagem.

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