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Artes

Bailarinas de MS criam solo de dança inspirado em Milton Nascimento

Encontro entre oceanos: bailarinas de MS levam Milton Nascimento para residência artística europeia

Por Thailla Torres | 05/05/2025 10:35
Bailarinas de MS criam solo de dança inspirado em Milton Nascimento
Luiza Rosa e Nathalia Pettengill Fernandes se reencontraram do outro lado do Atlântico para dança. (Foto: Derek Pedrós)

“Mas se você quiser transformar o ribeirão em braço de mar, você vai ter que encontrar aonde nasce a fonte do ser.” É com essa pergunta flutuando entre o corpo e a cabeça que duas bailarinas sul-mato-grossenses cruzaram o oceano rumo à Espanha para investigar, através da dança, onde nasce aquilo que nos move, por dentro e por fora.

Luiza Rosa e Nathalia Pettengill Fernandes se reencontraram do outro lado do Atlântico, em abril, para um intercâmbio artístico no município de Sotillo de La Andrada, onde Nathalia vive e estuda. A viagem faz parte do processo de criação de um solo de dança contemporânea que nasce da inspiração na música “Quem sabe isso quer dizer amor”, de Milton Nascimento, Lô e Márcio Borges.

Bailarinas de MS criam solo de dança inspirado em Milton Nascimento
A dança traz um movimento que traduza a metáfora das águas. (Foto: Derek Pedróz)

Mais do que uma coreografia, o que elas buscam é um estado. Um fluxo. Um movimento que traduza a metáfora das águas, que correm, se moldam, desaparecem e ressurgem.

A iniciativa, que teve apoio da Lei Paulo Gustavo via edital da Secretaria de Cultura e Turismo de Campo Grande é parte do processo de pesquisa do espetáculo, que tem direção artística de Nathalia. Ela é bailarina, coreógrafa e, atualmente, estudante do Grau Superior de Dança no Conservatório Maria de Ávila, em Madri, com foco em coreografia e interpretação.

"Nesta etapa, conseguimos desvendar estados corporais e fluxos de movimento que fazem sentido com a pergunta que nos guia. O corpo em cena busca entender essa fonte do ser" explica Luiza, que viajou à Espanha para a residência.

A proposta envolve uma escuta entre corpos. Nathalia conduz as improvisações com a voz, propõe caminhos, às vezes dança junto. E Luiza responde com seus gestos, tentando dar forma a uma pergunta que não tem resposta fácil.

"Cada corpo é um mundo", diz Nathalia. "Onde nasce a fonte do ser? Essa pergunta serve como bússola para os nossos imaginários". Para além do palco improvisado, há o cenário: o frio europeu, o idioma das ruas, os ruídos que são diferentes dos de Campo Grande. Tudo isso entra na dança. Até o silêncio.

Essa não é a primeira vez que as duas artistas se cruzam. A primeira conexão aconteceu em 2023, em Campo Grande, quando Nathalia, em uma breve visita à cidade natal, deu aulas de expressão corporal e improvisação. Luiza estava na turma. A química entre as duas foi imediata. A troca intensa virou ideia. A ideia virou projeto. E o projeto agora virou residência artística.

Além da criação, o plano agora é compartilhar. De volta ao Brasil no fim de abril, Luiza vai apresentar partes do processo em Campo Grande, com artistas e estudantes de dança, para que outras fontes, e outros corpos, também possam nascer dali.

Quem são elas

Nathalia Pettengill Fernandes é bailarina hispano-brasileira. Começou cedo, aos 8 anos, no estúdio Isadora Duncan, em Campo Grande. Passou pelo Grupo Jovem Beatriz de Almeida e, anos depois, formou-se em dança clássica pelo Conservatório Real Mariemma, em Madri. Hoje, segue se aprofundando na arte da coreografia e interpretação no Conservatório Maria de Ávila, onde já teve contato com nomes como Jiří Kylián, Chevi Muraday e Javier Monzón.

Luiza Rosa também carrega uma trajetória densa. Formada em Jornalismo e com especialização em dança, mestrado e doutorado em Comunicação e Semiótica, ela começou nos estúdios de dança em MS e SP, passou por grupos como a Ginga Cia. de Dança e o Coletivo Corpomancia, e levou seu corpo até Lisboa, em 2016, para um estágio no centro em movimento, com Sophia Neuparth. Agora, ela soma dança, palavra e pesquisa no mesmo gesto.

E tudo começou com uma pergunta. Onde nasce a fonte do ser?

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