Depois da escola, quem segura o livro na mão da criança?
Flib debate papel da família na formação de leitores além do ambiente escolar
Quando a criança deixa a escola, o livro muitas vezes fica para trás. Esse é o alerta da professora e curadora da Flib (Feira Literária de Bonito), Maria Adélia Menegazzo, que desde a primeira edição é responsável por selecionar autores e pensar a linha que guia cada encontro.
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Segundo ela, o problema não está em despertar o gosto pela leitura nos primeiros anos, mas fazer com que isso se torne parte da rotina. “Para a criança não é um grande desafio. Se você der o livro, elas leem. Então é isso que a gente fala de acesso ao livro, é o que a Flib faz. Bonito não tem livraria, então, a Flib é o único momento em que elas têm o universo inteiro da literatura na frente delas”, explica.
Na avaliação da especialista, o desafio aparece justamente quando o estudante se afasta do ambiente escolar. “Todas as pesquisas que vêm sendo feitas, principalmente a Retratos da Leitura no Brasil, constatam isso. Que as crianças leem enquanto estão na escola. Aí, a hora que sai da escola, as pessoas deixam de ler”, afirma.
Para Maria Adélia, a questão vai além da falta de estímulo. “É a falta de formação leitora. Você precisa ter uma disponibilidade para querer conhecer outros mundos, outras pessoas, outros países, outros pensamentos. A formação leitora é isso. Não é juntar b com a e dar ba. Você precisa criar o hábito e o desejo da leitura”, analisa.
Formar leitores, segundo ela, é tarefa que deve ser compartilhada entre escola e família. “Hoje em dia não é só a escola que forma o leitor, a casa do leitor também forma ele. Então tem que ter o professor e tem que ter o pai e a mãe. A gente precisa criar uma rotina de leitura que seja interessante”, reforça.
O processo de curadoria da Feira Literária de Bonito também reflete essa preocupação. Maria Adélia acompanha de perto a produção literária brasileira ao longo do ano, analisando debates em jornais, revistas e eventos para definir o tema que orienta a programação.
“Eu sou uma grande leitora de literatura brasileira contemporânea. Então eu fico o tempo todo lendo, e aí vem o tema. Não é um passe de mágica, é resultado de um processo de racionalização de toda a leitura que eu faço durante o ano”, relata.
Neste ano, o tema central da Feira Literária de Bonito será “Literatura: a autoria, a arte e a vida”, com foco nas obras que partem da experiência pessoal para a criação literária. Ao todo, 32 escritores convidados se reúnem em discussões em torno de autobiografias, autoficções, diários e biografias, destacando a narrativa individual como instrumento de interpretação e transformação da realidade.
“Tem uma grande quantidade de autores produzindo literatura em primeira pessoa, escrevendo biografias. Para as crianças também foi interessante, porque são vários gêneros textuais nessa pegada, e eles desenvolveram coisas lindíssimas”, conta.
A edição de 2025 da Flib homenageia as escritoras Carolina Maria de Jesus e Flora Egídio Thomé.
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