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Artes

Mayara nunca esteve sozinha, há talentos promissores da música por aí

Thailla Torres | 09/08/2017 06:25
Demétrius e Felipe compõe o Duo Souza Machado.
(Foto: Arquivo Pessoal)
Demétrius e Felipe compõe o Duo Souza Machado. (Foto: Arquivo Pessoal)

A morte de Mayara Amaral revelou um talento desconhecido da maioria. Aos 27 anos, ela tocava violão clássico como poucos, além de ser arte-educadora e pesquisadora. Mas até então, quem nunca fez parte da classe artística e cultural da cidade, desconhecia a vocação da musicista. O que faz pensar em quantos outros talentos como o de Mayara estão por aí, sem reconhecimento em Campo Grande.

Lado B resolveu conhecer outros músicos, que se dedicam à profissão longe dos holofotes. Por intermédio de professores do curso de Música da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) encontramos a trajetória de Demétrius, Felipe e Heber, que carregam uma história de perseverança no mundo instrumental.

Aos 22 anos Demétrius Alexandre da Silva Souza tinha tudo para seguir uma carreira comum. Incentivado pela família, ele chegou a cursar Engenharia na UFGD (Universidade Federal da Grande Dourados) até que a paixão pela música falou mais alto.

Demétrius aprendeu tocar na adolescência e, mais tarde, ingressou na faculdade de música.
Demétrius aprendeu tocar na adolescência e, mais tarde, ingressou na faculdade de música.

Demétrius aprendeu tocar na adolescência e, mais tarde, ingressou na faculdade de música, onde só aprimorou o talento no violão clássico. Na faculdade conheceu o amigo Felipe da Silva Machado, de 23 anos, que juntos, integram o projeto autoral "Duo Souza Machado" trabalhando o conceito de música erudita.

Inspirado em Domenico Scarlatti, Sebastian Bach e um repertório popular brasileiro, a dupla encanta com sonoridade a cada acorde do violão.

Mas assim como Demétrius, para a família de Felipe também não foi fácil aceitar a decisão. "Minha família foi bastante bastante contra, mas o que eu decidi só aprimorou minha relação com a música e o acesso a literatura nos ajuda a identificar a fundo aquilo que sonhamos", diz Demétrius.

Para Felipe, a realização de um sonho. "É meu ganha pão, meu hobby e minha profissão. Não há planos na minha vida que não envolva a música", declara Felipe que também se apaixonou pelo instrumento na infância e ingressou na escola de música aos 10 anos de idade.

Felipe fazia aulas de violão, e seu professor começou incentivar a participar da orquestra. Tocou em grupos, fez apresentações solos, aos 17 anos foi vencedor em um concurso de violão na universidade e aos 18 conseguiu entrar na faculdade pública para seguir com o sonho.

Felipe entrou na escola de música aos 10 anos. (Foto: Arquivo Pessoal)
Felipe entrou na escola de música aos 10 anos. (Foto: Arquivo Pessoal)

Hoje, a dedicação dessa dupla é levar música diferente ao maior número de pessoas. "Quando falamos em música erudita, tocamos da música barroca até a contemporânea, mas nem sempre isso é visto como algo comercial e acaba tendo pouca distribuição para a comunidade. Por isso este projeto nos liga a um sentimento muito pessoal. Queremos continuar vivendo de música, mas principalmente, oferecer algo que a população tenha acesso. A música merece espaço em todas suas vertentes", esclarece Demétrius.

Felipe também é professor de violão clássico, compõe e grava algumas de suas músicas na internet. Atualmente deseja expandir um projeto independente chamado momento musical e tudo que os músicos precisam é de incentivo. "A gente tenta fazer uma arte empreendedora de um jeito independente, mas não queremos que isso fique em um espaço pequeno. As pessoas também merecem ouvir, conhecer e quem sabe se identificar com um outro lado da música", diz.

No vídeo abaixo a dupla de amigos interpretam o som de Astor Piazzola, um bandoneonista e compositor argentino.

"Mas na academia de Música, ninguém entra por dinheiro ou para se dar bem. É por amor ao negócio", começa o músico Heber Gueiros Nunes, de 22 anos. Um talento que também faz parte da lista promissora na cena musical da cidade.

No caso dele, foi a família que colocou a música em seu caminho, especialmente, a irmã que também é musicista. Ele deu início as aulas de violão aos 8 anos, por obrigação, lembra. "Na escola eu era agitado e minha mãe viu uma matéria no jornal que a música era boa para acalmar a criança. Fui obrigado às aulas, porque elas eram a tarde, bem no horário que meus vizinhos estavam na rua jogando bola. Mas acabei me apaixonando", conta.

Hoje confessa que enfrenta uma briga na escolha entre violão clássico e a guitarra. "Confesso que bati na trave entre ser concertista um ano antes de começar estudar profundamente a guitarra e atualmente desenvolvo trabalho com jazz e a mistura dele com outros gêneros musicais".

Heber Gueiros Nunes, de 22 anos. (Foto: Arquivo Pessoal)
Heber Gueiros Nunes, de 22 anos. (Foto: Arquivo Pessoal)

Formado em Música pela UFMS, os planos para o futuro é viver de música o resto da vida. "Costumo dizer que quando eu estiver velho, quero ter vivido dentro da música. Porque quem entra na graduação musical, não é para aprender tocar um violão, lá a gente aprende todo conteúdo teórico que além de habilidade, tonalidade musical, desenvolvemos um senso crítico, para entender que toda música é arte e é um identidade cultural", explica

Tocando e dando aulas de música na cidade, ele acredita que aqui o mercado também é favorável. "Uma coisa eu aprendi, vejo amigos que mal conseguem se sustentar e tem pessoas extremamente bem sucedidas nesse. O mercado sempre tem espaço para quem é bom no que faz,  só que muita gente fala que é bom, mas é acomodada e nunca evolui nas suas habilidades. Por isso eu acredito que se você for bom no que faz, sempre vai ter espaço".

Abaixo uma demonstração da habilidade de Heber na guitarra. 

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