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Artes

Moderna e inusitada, performance na rua e no fone de ouvido inspira estudantes

Para acompanhar apresentação, os participantes baixaram áudio em tempo real

Danielle Valentim e Liniker Ribeiro | 06/04/2019 14:35
Para ouvir performances plateia teve de baixar áudio. (Foto: Kísie Ainoã)
Para ouvir performances plateia teve de baixar áudio. (Foto: Kísie Ainoã)

Para ouvir, só no fone de ouvido. Artistas da Cia Enviezada, do Rio de Janeiro, tomaram ruas do Centro de Campo Grande neste sábado (6) com a performance “Caminhos – Uma Intervenção Urbana”. Inspiradora e moderna, a peça apresentou temas como feminicídio, com áudio que é interpretado de forma diferente por cada participante. A apresentação faz parte da programação do festival IPêrformático - Capítulo II - E Se Não Houver Luz no F do Túnel?

O ponto inicial foi a Praça Ary Coelho, onde os artistas e plateia percorreram a Rua 14 de Julho até a Barão do Rio Branco e encerram na esquina da Rua 13 de Maio. Todos deveriam estar munidos de celular com bateria, fone de ouvido para baixar a trilha sonora.

Quem estava de fora ficou curioso, pois para acompanhar o enredo da peça era preciso ter o áudio. O estudante de artes cênicas Jhonatan Soares da Silva ficou impressionado com a apresentação. Segundo ele a performance tinha um pouco de tudo que ele estuda.

“Nós ficamos admirados em como as pessoas em volta se impressionaram. A performance chocou e isso é inspirador. Tenho um amigo que disse até ter decidido o que fazer de TCC aqui hoje”, disse.

Curiosa, a agente de saúde Sebatiana de Moura, de 44 anos, parou as compras para observar os artistas. “Não sei o que está acontecendo, mas está bonito e chamou a minha atenção e logo nesta avenida que está em obra e não termina nunca”, disse.

O professor Eliseu de Araújo Pereira, de 41 anos, disse que é super necessário esse tipo de festival. “As pessoas não estão acostumadas com essa expressividade e é uma linguagem diferente que te possibilita diversas interpretações e te faz pensar”, disse.

Ator Espedito Montebranco, de 50 anos, disse que acompanhada a apresentação pela terceira vez. (Foto: Kísie Ainoã)
Ator Espedito Montebranco, de 50 anos, disse que acompanhada a apresentação pela terceira vez. (Foto: Kísie Ainoã)
"enho um amigo que disse até ter decidido o que fazer de TCC aqui hoje”, disse Jhonatan. (Foto: Kísie Ainoã)
"enho um amigo que disse até ter decidido o que fazer de TCC aqui hoje”, disse Jhonatan. (Foto: Kísie Ainoã)

O ator Espedito Montebranco, de 50 anos, disse que acompanhada a apresentação pela terceira vez e já assistiu em outros lugares como o Rio de Janeiro.

“Você pode assistir dez vezes que a interpretação será diferente. É a mesma coisa em locais diferentes, ou seja, a linguagem visual muda, os objetos mudam e isso é bacana porque você se ocupa do espaço”, disse.

O ator defende ainda que Campo Grande precisa dessas performances embora a produção teatral e musical seja grande tem a ausência de espaço para se mostrar e um trabalho de performance ele independe vai para rua”, disse o ator, que reforça a falta de investimento para o teatro.

“Aqui a plateia sai com o senso crítico e isso é interessante. Intervenção é você questionar”, completa.

A intervenção é feita há oito anos. O diretor e ator Zé Alex, de 42 anos, formado em direção teatral na UniRio, explica que a companhia é do Rio de Janeiro, mas se compõe de 25 atores de vários pontos do país. Ele frisa que o espetáculo transita entre a ficção e a realidade passando pelas relações entre o cotidiano, o homem e a cidade.

“A gente brincou com a coisa das artes plásticas, do fone de ouvido. Tem muito em museu, quando você para em frente ao quadro e te explicam sobre o quadro. Então pegamos isso para fazer a peça de rua. É uma intervenção que causa mais impacto quando se cola os cartazes pela rua do que quando a gente faz a performance, até porque o som está todo no fone. E como é itinerante, quando começa a incomodar a gente muda de lugar”, explica.

Diretor da peça, o ator Zé Alex explica que espetáculo transita entre a ficção e a realidade passando pelas relações entre o cotidiano, o homem e a cidade. (Foto: Kísie Ainoã)
Diretor da peça, o ator Zé Alex explica que espetáculo transita entre a ficção e a realidade passando pelas relações entre o cotidiano, o homem e a cidade. (Foto: Kísie Ainoã)

A importância - Só de um cartaz ser colocado já quebra o cotidiano das pessoas, defende Zé Alex. O ator frisa que a arte vem para mudar o ponto de vista das pessoas e não para dizer o que é certo.

“Elas estão acostumadas a ver sempre as mesmas coisas. Um cartaz que a gente colou no ensaio técnico já causou estranhamento de um mototaxistas, mas depois ele até estava rindo quando passamos novamente. Uma performance ela vem para quebrar o cotidiano e uma das apostas da peça e de que a plateia que acompanha, que mora aqui, nunca mais vai passar aqui com o mesmo olhar. Ela vai sempre prestar mais atenção nas coisas porque isso é o que a gente faz, a gente bota ela para ouvir quase que a voz da própria consciência.

O tema – A dramarturgia foi criada coletivamente através das improvisações dos atores e o texto e os áudios foi uma pesquisa durante o processo. Cada participante foca em um personagem e cada um tem seu entendimento. “Temos a própria Maria da Penha, nos áudios. Falamos da intolerância, do ciúme, do feminicídio, é uma obra aberta você vai fazer seu sentimento. Tem dados gravados por especialista então, tudo isso vai gerando um entendimento em cada um”, finaliza.

Confira galeria de fotos da intervenção no Centro:

Confira a galeria de imagens:

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