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Artes

Peças moldadas em argila por Erlita trazem leveza à decoração

Matéria-prima ganha a exclusividade do trabalho manual e acabamento delicado, adicionando um toque de requinte ao ambiente..

Kimberly Teodoro | 01/06/2019 08:35
Matéria prima rústica vira saleiro para compor a mesa (Foto: Reprodução Instagram)
Matéria prima rústica vira saleiro para compor a mesa (Foto: Reprodução Instagram)

Nas mãos de Erlita Semedo Pedrosa, a argila ganha forma aos poucos. Independente da técnica e do modelo, as peças da ceramista são feitas uma a uma, conferindo à matéria-prima, antiga e comumente utilizada para trazer rusticidade aos ambientes, a exclusividade do trabalho manual.

Aproveitando o espaço verde transformado em ateliê nos fundos da casa do irmão, vizinho ao prédio onde mora, a conversa é leve e em clima de café da tarde, servido em um dos primeiros conjuntos de xícaras da ceramista.

Expostos sobre a mesa, xícaras, pratos, vasos, bandejas, suportes, talheres e potes dos mais variados tamanhos, todos criados no espaço em que Erlita passa a maior parte dos dias na companhia dos pássaros que habitam as árvores em volta, quase isolada do barulho da cidade grande e do movimento na rua há poucos metros do portão, ali a vida ganha outro ritmo.

Depois de sair do molde, as peças ainda recebem finalização à mão (Foto: Kimberly Teodoro)
Depois de sair do molde, as peças ainda recebem finalização à mão (Foto: Kimberly Teodoro)
Saleiros para a mesa, "biscoitados" e lixados, prontos para receber a pintura (Foto: Kimberly Teodoro)
Saleiros para a mesa, "biscoitados" e lixados, prontos para receber a pintura (Foto: Kimberly Teodoro)

De professora a empresária e pintora, aos 68 anos, Erlita descobriu que a “fonte da juventude” está em se reinventar, começar de novo quantas vezes for necessário e principalmente, acompanhar a vida, que para ela é movimento.

“Há dois anos eu me encontrei na cerâmica, por acaso. Eu participava de um grupo de pintura às terças-feiras e um dia, as mulheres do grupo comentaram sobre uma conhecida em comum, disseram que ela estava trabalhando com cerâmica e eu me interessei”, conta. Daquele dia em diante, ela procurou cursos em Campo Grande e não parou mais, hoje divide o tempo entre o ateliê ao lado do prédio onde mora e o apartamento em Praia Grande, São Paulo, onde vai em busca de novas técnicas.

Entre os muitos jeitos de trabalhar a argila, Erlita usa desde moldes de gesso até a ponta dos dedos para dar forma à cada xícara, copo, bandeja, prato ou vaso. Matéria prima rústica, ao mesmo tempo exigente, o ofício exige paciência e atenção, criar peças de cerâmica é um processo que não deve ser apressado. Dependendo do tamanho e do clima, pode levar entre uma semana até um mês no caso de objetos maiores, porque só é possível levar ao forno quando o item estiver completamente seco.

Erlita passa a maior parte dos dias cercada pelo verde enquanto trabalha no Ateliê (Foto: Kimberly Teodoro)
Erlita passa a maior parte dos dias cercada pelo verde enquanto trabalha no Ateliê (Foto: Kimberly Teodoro)

“Às vezes você acha que vai sair uma cor, sai outra, às vezes quebra dentro do forno, às vezes ao abrir o molde ela quebra e temos que conseguir ver a peça de outras maneiras. Se você não trabalhar adequadamente ao arrematar ou deixar bolhas na argila enquanto molda a peça, ela estoura no forno, então é preciso delicadeza e muita atenção.”

Criar para Erlita é entrega, principalmente na finalização, momento em que ela costuma perder a noção do tempo. “Uma das peculiaridades da argila é que você não pode começar uma peça e não terminar, ela endurece, o trabalho se perde. Então é comum que eu sente aqui para moldar alguma coisa e quando escurece, ainda estou aqui. Moro no apartamento no prédio ao lado, mas vivo aqui”.

Conjunto de copos e bandeja (Foto: Kimberly Teodoro)
Conjunto de copos e bandeja (Foto: Kimberly Teodoro)
Xícara feita à partir do molde de um copo, a asa  dá um toque contemporâneo à peça (Foto: Kimberly Teodoro)
Xícara feita à partir do molde de um copo, a asa dá um toque contemporâneo à peça (Foto: Kimberly Teodoro)

Tanto fascínio é, em partes, pela possibilidade de reaproveitar a matéria-prima em uma arte em que muito pouco se perde. A ceramista explica que não usa esmaltes tóxicos para finalizar as peças, mas ainda assim, na hora de limpar os pincéis não joga os resíduos no esgoto. Erlita deixa as cerdas de molho depois que termina e pintura e usa sempre um recipiente para coletar a água da pia ao concluir a lavagem, depois de algum tempo em repouso essa água se separa do esmalte, que pode ser usado novamente.

“Para lixar uma peça, é sempre com um jornal ou pano embaixo, aquele pó que sai vai para um pote e volta a ser matéria prima. Com os equipamentos certos, até as peças quebradas podem ser moídas e reaproveitadas”.

Adepta à tecnologia, Erlita contou com a ajuda da amiga e influenciadora digital Maria Catarina Ajala Megale, para criar uma conta no Instagram. Além de encomendas online, até o momento, a ceramista também realiza exposições no próprio ateliê e também manda peças para feiras em outros estados. Para ver mais peças e acompanhar o trabalho dela, siga a conta @pedbarro, clicando aqui.

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