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Artes

Professora relembra trajetória do poeta que o mundo aprendeu a admirar

Elverson Cardozo | 13/11/2014 18:45
Manoel de barros deu adeus à vida hoje, às 8h05 da manhã. (Foto: Reprodução/Internet)
Manoel de barros deu adeus à vida hoje, às 8h05 da manhã. (Foto: Reprodução/Internet)

De 1985 a 1987 e de 2005 a 2008, a professora Idara Duncan esteve à frente da FCMS (Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul), como Presidente e como Secretária de Estado de Cultura e Esportes. Nas funções que desempenhou, ela acompanhou as produções locais e pode presenciar, também, o reconhecimento cada vez maior do poeta Manoel de Barros, que o mundo teve o prazer de conhecer e aprendeu a admirar e que, hoje (13), se despediu.

Na década de 80, lembra a professora, o poeta das coisas desimportantes já tinha sua importância, afinal de contas, nessa época, já havia conquistado o respeito de intelectuais, jornalistas e escritores, como Millôr Fernandes, que pouco a pouco o lançava.

“Mais ainda não era tão divulgado como merecia”, pontua. O “Livro de Pré-Coisas”, publicado em 1985, com o apoio do Estado, acabou lhe dando mais visibilidade, mas foi o curta-metragem “Caramujo-Flor”, do cineasta e documentarista Joel Pizzini, de 1989, que o fez “estourar”.

“Foi um sucesso incrível. O filme teve a participação de artistas daqui. Foi um sucesso nacional e até hoje as pessoas ainda assistem. Ele já era conhecido, mas ficou ainda mais. Foi crescendo sua fama no estado, nacionalmente e internacionalmente”.

No curta, Pizzini recria o universo poético de Manoel de Barros por meio de Cabeludinho (Ney Mato Grosso) e o Andarilho (Rubens Corrêa). O trabalho, que contou com a participação especial de Tetê Espíndola, Aracy Balabanian, Almir Sater, Chacal e Geraldo Carneiro, dialoga com duas paisagens da obra do poeta: o Pantanal e o mar.

Atriz Cassia Kiss é mais uma admiradora da obra do poeta.
Atriz Cassia Kiss é mais uma admiradora da obra do poeta.

Idara se recorda, ainda, de outro momento marcante. Foi em 1998. “Eu participei da comissão julgadora do Prêmio Nacional da Cultura, do Ministério da Cultura, e apresentei o nome do Manoel de Barros na categoria Literatura. Ele foi aprovado e recebeu o prêmio das mãos de Cássia Kiss, que ficou de joelho. Foi aplaudido de pé pelo Tetro Municipal do Rio de Janeiro inteiro”, detalha.

O reconhecimento é justo, mais que merecido, diz. “Manoel é um patrimônio do Estado, um patrimônio do país. Ele é, sem sombra de dúvida, um dos grandes nomes da literatura brasileira”, afirma.

O poeta, que deu o último suspiro na manhã de hoje, nasceu em Cuiabá, no Mato Grosso, mas passou a maior parte da vida em Mato Grosso do Sul, dividindo o tempo entre Corumbá e Campo Grande. As andanças por aí serviram de inspiração. “A obra dele une os dois pantanais. É um poeta pantaneiro por excelência. Mas é um nome que projetou essa região do mundo através da poesia universal”, considera.

É por isso que Manoel merece, nas palavras da professora, “todas as honras que tem direito”. “Para nós ele é um grande orgulho. A obra dele projetou o Estado para o mundo.”, avalia.

Mas o poeta nunca foi de se gabar. “Ele fava uma aula de ser humano com sua simplicidade. Ele sabia, com certeza, o valor que tinha, mas fazia questão de ser simples, de ser humilde. Ela dava, acima de tudo, uma aula de cidadania, de postura. É um orgulho para o nosso estado ter o Manoel de Barros como um dos representantes da nossa cultura”, comenta, repetindo o elogio.

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