Última locadora da cidade vira "portinha", reduz acervo e coloca filmes à venda
Para quem conheceu a fachada poderosa da 100% Vídeo na avenida Afonso Pena, agora a locadora mais parece "uma portinha". Mudou de endereço, teve de adaptar o acervo a um espaço muito menor e, ao que tudo indica, caminha para o fechamento.
Dos tempos das novidades em Blu-Ray, a imagem mudou muito. Agora é um ambiente nostálgico. DVDs empilhados em promoção podem ser o anúncio do fim em breve da última grande locadora da cidade, se é que alguma pequena ainda sobrevive (Se souber de uma, avise!).
O antigo prédio da 100% Vídeo agora exibe a placa "aluga-se". A locadora mudou-se para um prédio próximo, ainda na Afonso Pena, mas nada diante da grandeza da loja anterior. A empresa reduziu o espaço, o número de funcionários e alguns exemplares de filmes estão em promoção: R$ 5,00 o DVD e R$ 15,00 o Blu-Ray. Mais barato que preço de lojas Americanas.
Pergunto para o atendente se a loja vai fechar. Ele diz com convicção que "não". Jura que como perdeu espaço, a dona resolveu fazer saldão com os filmes que tinham muitos exemplares sobrando. Alguns, relativamente novos como a última versão de Robocop, ou o infantil Valente, de 2012, a preço de pechincha.
Quem quiser fazer cadastro, ainda tem essa opção. Mesmo com Netflix e download de internet, a promessa é de que os lançamentos continuem a chegar as prateleiras. E olha que muita gente apostou que a pirataria acabaria com as locadoras.
A decadência desse tipo de comércio faz quem tem mais de 30 lembrar dos tempos em que havia concorrência no setor.
Pedro Eduardo Gideão era funcionário da "Focus Vídeo", na Salgado Filho, esquina com a Rua Brilhante, locadora fechada já há décadas. Hoje, no lugar, só há carne assada à venda, mas as lembranças sempre voltam quando precisa passar por ali. "Trabalhei em locadora no tempo que era bacana, nos anos 90. Tinha dezenas, a mais forte era a Hélio's Vídeo", diz o funcionário público, hoje com 43 anos.
Não costuma muito ir ao cinema, mas diz que virou um cinéfilo graças ao primeiro emprego. "A gente via todos os filmes, para poder indicar para o cliente. Era VHS, tinha de entregar rebobinado, limpar cabeçote do vídeo cassete. Fins de semana era uma concorrência pelos lançamentos, tinha de chegar cedo. Daqui uns anos vou falar disso com parte da história para os meus netos", comenta.
