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Artes

Em telas, pacientes do Nosso Lar pintam as verdades por trás da doença

Mariana Lopes | 04/07/2012 10:21
Quadros ganharam espaço nas paredes do Atelier Bar 103 (Foto: Rodrigo Pazinato)
Quadros ganharam espaço nas paredes do Atelier Bar 103 (Foto: Rodrigo Pazinato)

Tudo começou como atividades de terapia, sem pretensão alguma de virar projeto ou obras a serem comercializadas. Mas, de tão intrigante, a imaginação pintada em telas chamou a atenção de um empresário e acabou ganhando espaço nas paredes do Atelier Bar 103.

São 21 obras pintadas por pacientes do hospital psiquiátrico Nosso Lar, que foram selecionadas pelo sócio-proprietário do ateliê-bar, Whelton Borges. “Adorei os trabalhos, tem muita verdade neles”, conta.

Dos mais abstratos rabiscos ao singelo desenho de um coqueiro, as obras são feitas em cartolina, papel cartão, papel reciclado e algumas em tela. Retratam, na maioria das vezes, a própria história de vida. “Eles são muito espontâneos e colocam nas telas fatos característicos da patologia”, comenta a terapeuta ocupacional do hospital, Tânia de Lázari Sanches Pinheiro.

Junto com a psicóloga Claudia Pereira Mello, os pacientes são estimulados a “despejarem” nos papéis o que está na cabeça. “Durante os trabalhos, a psicóloga conversa para trabalhar os problemas de cada um. Às vezes, um traço significa um coração”, conta Tânia.

Ao todo, são 21 quadros pintados pelos pacientes do hospital Nosso Lar (Foto: Rodrigo Pazinato)
Ao todo, são 21 quadros pintados pelos pacientes do hospital Nosso Lar (Foto: Rodrigo Pazinato)

Em média, são de 15 a 20 pacientes que participam das oficinas no hospital, a maioria sofre de esquizofrenia, além de outros transtornos mentais, como bipolaridade. “Ao final das atividades, conversamos sobre o que eles fizeram, e o resultado é sempre surpreendente”, conta a terapeuta.

O grupo se dedica aos trabalhos duas vezes por semana. “As oficinas de pintura começaram um pouco soltas, apenas com quem se interessava, mas acabou criando corpo e percebemos que dava para trabalhar muita coisa com eles através da arte”, diz Tânia.

O projeto ganhou forma concreta em dezembro do ano passado, quando, junto a 2ª Vara Criminal, conseguiram verba para construir o ateliê próprio do hospital.

Das obras que serão vendidas no Atelier Bar 103, o dinheiro arrecadado será repartido entre os autores e o projeto. “Uma porcentagem vai para comprar materiais para eles continuarem prodizundo”, explica Tânia. Segundo Whelton, os quadros variam de R$ 300 a R$ 350.

A exposição vai até o dia 30 de agosto, e pode ser visitada de terça a sábado, das 19h às 23h. Toda sexta-feira, o Atelier Bar 103 agrega música à exposição. O espaço fica na rua Aquidauana, 104, no Centro de Campo Grande.

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