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Artes

O charme da madeira carandá nas mãos das artesãs de Porto Murtinho

Paula Vitorino | 17/11/2011 08:24

Artesãs mostram a diversidade da espécie, típica na região, nas mais variadas peças produzidas

Bandeja de Carandá. (Fotos: Aurora Villalba)
Bandeja de Carandá. (Fotos: Aurora Villalba)

Nas mãos das artesãs de Porto Murtinho, a palmeira típica da região, Carandá, ganha formas e se transforma em belos objetos de decoração. A matéria-prima é utilizada para fazer fruteiras, portas-abajur, cestos e outros utensílios.

Mas além de enfeitar, a espécie é responsável por garantir o sustento da família de ao menos 8 artesãs do município.

Elas vendem os objetos no Mercado do Produtor da cidade e aproveitam para lucrar mais em feiras de artesanato como a do Festival Internacional de Porto Murtinho, encerrada nesta semana e que reuniu também artistas de Miranda e Três Lagoas.

“Aumenta as vendas, é muito bom para a gente. Podemos divulgar o trabalho também, conhecer outros artistas e pegar encomendas de turistas”, diz a paraguaia Vicenta Portilho, de 54 anos, que hoje vive do lado brasileiro da fronteira.

A renda média mensal da artesã varia entre R$ 120 e R$ 140. O valor é complementado com o recurso de programas sociais do Governo e tem a missão de sustentar o filho adolescente, que não recebe ajuda do pai.

Um dos modelos de fruteiras com a Carandá.
Um dos modelos de fruteiras com a Carandá.

Para os turistas visitantes do stand no Festival, Vicenta mostra a diversidade do carandá nas peças artesanais, resistentes e com acabamento impecável.

De acordo com o objeto, a cor e o formato da matéria-prima mudam. O carandá se transforma, por exemplo, em fruteiras de tamanho pequeno (R$ 35) e grande (R$ 45) e suporte de luminária (R$ 45).

A espécie também é utilizada na forma de palha, que se transforma em cestos (pequeno – R$ 20) e enfeite para trabalhos feitos em tear, como tapetes e centros de mesa.

Confecção - A artesã ensina que é fácil, pelo menos na teoria, produzir as peças com carandá. A matéria-prima é colhida em meio a vegetação do próprio município e preparada artesanalmente para as peças.

“A gente recolhe os talos que caem, retira todo o espinho, lixa e corta para depois fazer o acabamento das pontas com argamassa”, ensina.

Depois de preparada, a matéria-prima recebe camadas de verniz e os objetos são produzidos, tendo como inspiração a técnica e a criatividade de cada artesã.

As artesãs participaram de oficina promovida pela Prefeitura Municipal para aprender a técnica do trabalho com o carandá. Vicenta participa do projeto há 5 anos.

Ela explica que as artesãs receberam o curso e alguns materiais utilizados para trabalhar com a planta. Agora, cada artista vende seu trabalho e recebe integralmente o valor da peça. Os objetos nas feiras são identificados com etiquetas, que constam o nome do artesão do produto, que será beneficiado com a venda.

O trabalho é conhecido e reconhecido por todos os moradores da cidade, mas a professora Marliane Gamorro Guanes, de 20 anos, diz que os clientes sentem falta de mais variedades de artesanato no município.

“É muito bonito o trabalho com o carandá, mas a gente já está acostumado e aproveita para comprar peças diferentes em feiras como essa”, diz.

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