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Comportamento

“Comidinha Divó” é startup que usa afeto para dar liberdade e alegria aos idosos

Thailla Torres | 25/03/2019 07:35
Maria, inspiração para o filho Rafael que criou starup direcionada a idosos. (Foto: Thailla Torres)
Maria, inspiração para o filho Rafael que criou starup direcionada a idosos. (Foto: Thailla Torres)

Quando Maria conquistou a aposentadoria, após 50 anos como educadora, tinha certeza que não queria ficar parada. Aos 70 anos ela não abre mão das roupas coloridas, há três meses fez uma tatuagem e usa os cabelos loiros no tom que deseja.

“Acho que eu não lembro a última vez que fiquei indisposta. Sei que na minha idade é normal as dores aparecerem, mas ela vai embora no instante que eu começo a me movimentar, talvez, por isso, eu não fique parada”, diz sorrindo.

Maria acredita ser uma mulher de sorte. Mas ela logo descobriu que a força que carrega nos braços para fazer as atividades que gosta vem também de casa, especialmente, do amor que recebe da família. “Eu sou uma mulher de 70 anos muito amada, tenho atenção dos meus filhos e dos meus netos. Não é condição de outras pessoas na minha idade, isso revela muito sobre a triteza delas”, explica.

Maria se sente viva aos 70 anos e acredita no afeto. (Foto: Thailla Torres)
Maria se sente viva aos 70 anos e acredita no afeto. (Foto: Thailla Torres)

Maria se deu conta disso depois de visitar casas de idosos nos últimos anos, das mais simples às sofisticadas, que chegam a cobrar R$ 11 mil por mês, como garantia de uma velhice tranquila e longe dos problemas. “Visitei uma casa linda, com jardim belíssimo, alimentação saborosa e pessoas cuidadoras por todos os lados. Mas quando eu olhei nos olhos daquelas pessoas, não vi nenhuma felicidade, não há luxo no mundo que pague um afeto”.

Por isso, com carinho de quem carrega a poesia no peito, o poeta e jornalista Rafael Belo, filho de Maria, decidiu dar um passo adiante pensando em pessoas que estão na mesma fase que a mãe.

Neste domingo, em parceria com a escola de dança Harmonia, que cedeu o espaço ao poeta, ele deu início a startup que visa usar o afeto e o empreendedorismo como ferramenta para trazer autonomia e liberdade aos idosos.

“Comidinha Divó” é o nome da iniciativa que nesta primeira edição levou mãe e tia a serem as estrelas da noite.

“A ideia do Comidinha Divó é inclusão social de idosos. E quando você lembra de comida gostosa, logo pensa da comida dos avós. Mas isso vem se perdendo com o tempo, poucas famílias sentam na mesa para conversar. Por isso, a cada evento vamos ter comidas preparadas por idosos”.

No primeiro evento elas prepararam caldo de abóbora, mandioca, bolo de fubá, carreteiro e sopa paraguaia. Mas o projeto de Rafael prevê aumentar o número de produções nos eventos. “A proposta é conseguir uma casa onde todos os produtos vendidos serão feitos por eles. Nós queremos chegar também aos abrigos de idosos na cidade com intuito de proporcionar autonomia e reinserir cada um em nosso meio, claro, dentro dos limites deles”.

Músico convidado, Pedro Espíndola apoiou as ideias de Rafael e evidenciou a necessidade bons olhos ao projeto. "Não é a ideia mais nova do mundo, mas para o nosso Estado tão reacionário com certeza é uma ideia inovadora. Porque para o sistema, a partir do momento que você é obsoleto para produzir dinheiro, você é descartado. E a startup vem para reverter isso, dar espaço e voz a eles para serem o que quiserem".

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Evento foi realizado na escola de dança Harmonia. (Foto: Thailla Torres)
Evento foi realizado na escola de dança Harmonia. (Foto: Thailla Torres)
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