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Comportamento

"Rosinha" é Kombi de boca carnuda que ajuda Ronnie a ganhar a vida pelas ruas

Com quadros coloridos em contraste com o laranja do tapume, uma Kombi charmosa estacionada e a cadelina Hanna como vendedora, fica difícil decidir o que chama mais atenção de quem passa

Kimberly Teodoro | 09/01/2019 08:29
Kombi com detalhes que lembram o carro da Penélope Charmosa e quadros expostos no tapume da construção chama a atenção de quem passa pela Rua 13 de Maio (Foto: Kimberly Teodoro)
Kombi com detalhes que lembram o carro da Penélope Charmosa e quadros expostos no tapume da construção chama a atenção de quem passa pela Rua 13 de Maio (Foto: Kimberly Teodoro)

Expor os quadros coloridos no tapume laranja de obra na Rua 13 de Maio foi a maneira criativa que artista Ronnie Eduardo da Cunha, de 44 anos, encontrou de chamar a atenção para o próprio trabalho. A composição da cena em si já parece um dos quadros de Ronnie, com a Kombi branca pintada com traços que lembram os do carro da própria Penélope Charmosa estacionada ao lado do “corredor da arte” e a cadelinha Hanna como vendedora, é difícil saber o que desperta mais a curiosidade dos motoristas que passam pelo local e sempre diminuem a velocidade.

Carinhosamente apelidada de “Rosinha”, a Kombi olhos nos faróis e uma boca caprichosamente delineada em rosa, como se de fato, usasse batom. Nas laterais, cortinas floridas feitas de tela por Ronnie, que com cada detalhe dá mais vida ao automóvel. Comprada de segunda mão, ela pertence ao artista a pouco mais de 6 meses e serve de transporte para as obras feitas por ele, que no começo ia de feira em feira na tentativa de vender os quadros.

Tapume de metal é expositor improvisado para o artista (Foto: Kimberly Teodoro)
Tapume de metal é expositor improvisado para o artista (Foto: Kimberly Teodoro)

Há 2 meses a estratégia mudou, com pouco retorno e muitos gastos com a gosolina de Rosinha, Ronnie acabou decidindo por aproveitar o movimento perto de casa e estacionar a Kombi na Rua 13 de Maio, onde seja por curiosidade ou encanto, sempre acaba atraindo os passantes e aumentando um pouco as vendas.

Cada tela, tinta e pincéis são investimento feito a longo prazo em que Ronnie chega a gastar até R$ 300,00 reais por mês, mas as pinturas são feitos de acordo com a inspiração do artista, que dedica cerca de 10 horas por dia a sua amante mais exigente: a arte. Definindo o próprio estilo como “acadêmico”, as horas gastas em frente a tela são a busca do artista pela perfeição, com traços mais realistas e sem distorções de cor, luz ou sombra, Ronnie conta que cada quadro é referência de algo que ele por fotografias ou presenciou em algum momento.

Autodidata, as primeiras lembranças de Ronnie relacionadas com a pintura são ainda da infância em Miranda, cidade onde nasceu, os primeiros “lápis” eram espinhos de laranjeira e as primeiras telas eram a imensidão do quintal de terra em que ele aprendeu os traços iniciais. Antes de se dedicar à pintura, ele passou por diversos empregos diferentes e só aos 14 anos, o artista parou de tentar se encaixar em um mercado de trabalho que não era para ele e resolveu ter uma conversa franca com a mãe.

“Contei que meu sonho era viver apenas de arte, que era a minha vocação e que queria parar de trabalhar para seguir meu sonho. Ela não só entendeu como me deu 1 salário mínimo para ir de trem até Ponta Porã comprar material de pintura. Depois disso, passei a pintar em tempo integral depois da escola, com o dinheiro do que eu conseguia vender, ia todos os meses até a banca comprar livros de História da Arte, de uma coleção da Editora Abril. Foi assim que aprendi a desenhar e pintar, estudando o trabalho de outros artistas e experimentando nas telas. No processo criativo, já cheguei a jogar muitas telas fora, rasgar, colocar fogo, começar tudo de novo até encontrar o que estava buscando de fato”, relembra.

Vendedora e modelo, Hanna acompanha o artista há 2 anos e já virou até quadro (Foto: Kimberly Teodoro)
Vendedora e modelo, Hanna acompanha o artista há 2 anos e já virou até quadro (Foto: Kimberly Teodoro)

Seja dormindo tranquilamente na sombra ou chamando a atenção de quem passa pela calçada, a cadelinha Hanna está com o artista há 2 anos. Ronnie conta que a presença dela é chamariz para novos clientes que perguntam sobre a vira-latas e acabam levando também uma tela.

Dizem que os cães levam a personalidade dos donos e Hanna não poderia ser exemplo melhor, Simpática e muito calma, ela aceita carinho de quase todo mundo que para conversar com ela ou olhar as telas, tão acostumada a fazer pose, que acabou virando modelo para Ronnie e hoje além de ver o bichinho se espreguiçando pela calçada, também é possível encontrar a reprodução dela em retrato pendurado no tapume.

Algumas telas estão a venda desde 2016, mas Ronnie entende que a arte não tem a mesma pressa das contas que precisam ser pagas e costuma dizer que ele pinta os quadros e "guarda" para quando o dono chegar e levar.

Cada obra exposta custa entre de R$ 150 e R$ 400 que podem, inclusive ser parceladas no cartão. Atualmente Ronnie também aceita trocar uma das telas maiores por um celular para substituir o do amigo, quebrado recentemente.

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