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Comportamento

“Tirei um chato”: povo jura que jogar umas verdades daria “up” no amigo secreto

Galera admite que o discurso na hora da revelação esconde muita coisa que poderia ser dita

Danielle Valentim | 24/12/2019 07:50
Eunice falaria com toda sinceridade para colegas no trabalho, mas esse ano não participou das brincadeiras.(Foto: Paulo Francis)
Eunice falaria com toda sinceridade para colegas no trabalho, mas esse ano não participou das brincadeiras.(Foto: Paulo Francis)

Para quem acha que ganhar um par de brincos ou de meias na troca de presente do amigo secreto é ruim, é porque não teve a infelicidade de tirar quem não gostaria. Com a família que cresce, opiniões políticas conflitantes e mercado de trabalho que virou um verdadeiro cenário de guerra, fica cada vez mais difícil ter um grupo 100% unido, seja em casa ou no trabalho. Diante disso, o Lado B deu uma voltinha pelo Centro para saber o que a galera diria se o discurso pudesse ser “sincerão”.

Não se sabe ao certo onde a brincadeira mais famosa do fim de ano começou, mas o amigo secreto, amigo oculto, amigo da onça, amigolate, amigo X, amigo invisível ou seja lá como as pessoas conhecem em cada região se popularizou e virou tradição no Brasil.

O problema é que a brincadeira inocente já deixou de ser “ninguém solta a mão de ninguém” para “eles que lutem”. Além de deixar a galera de cabelo em pé, revelar o “amigo” de forma amorosa tem desanimado muita gente de participar.

De passeio em Campo Grande para, inclusive, passar o Natal com a família, a corumbaense Eunice Santos, de 48 anos, não participou de nenhum amigo secreto esse ano, mas garante que soltaria o verbo, independentemente de quem fosse.

Acompanhada de uma irmã e do marido, a dona de casa pontua que na família, o discurso ainda seria tranquilo. “Ninguém faz isso, mas se pudesse eu diria, sim. Faria um discurso bem sincero. Na família nem tanto, mas para colega de trabalho diria com certeza: tirei, uma colega falsa e chata”, diz Eunice.

Jhennyffer diz até hoje "13" e "17" dá discussão na família. (Foto: Paulo Francis)
Jhennyffer diz até hoje "13" e "17" dá discussão na família. (Foto: Paulo Francis)

A rixa entre simpatizantes de esquerda e direita sempre existiu, mas nunca foi tão causadora de conflitos familiares como agora. Enquanto tem parente voltando para os grupos de WhatsApp, há quem permaneça discutindo a qualquer comentário.

Ter coragem de revelar que tirou o "tio fascista" ou aquela prima assalariada que não um pingo de consciência de classe, com certeza, é um desafio a mais.

A serviços gerais Jhennyffer Rodrigues de Souza, de 24 anos, é do time que com certeza usaria a posição política dos familiares para atacá-los. “Lá em casa ainda rola umas discussões. Mas eu teria coragem de ser sincera no discurso e falar sim do parente”, frisa.

João arrumaria um jeito de falar umas verdades. (Foto: Paulo Francis)
João arrumaria um jeito de falar umas verdades. (Foto: Paulo Francis)
Carla diz que fingir já não faz sentido.(Foto: Paulo Francis)
Carla diz que fingir já não faz sentido.(Foto: Paulo Francis)

O acadêmico de Engenharia Civil João Carlos Ramos, de 21 anos, mantém a mesma opinião de usar a sinceridade no discurso, mas pontua que tentaria falar “com jeito”. “Eu sou a favor de usar a sinceridade, eu teria coragem de falar o que eu penso, mas sem ofender. Eu tentaria falar com jeito, afinal todo pode ter opiniões diferentes”, explica.

A agente de atividades educacionais Carla Couto, de 32 anos, vai além e diz que esse negócio de fingir em amigo secreto já perdeu o sentido. Do time da sinceridade, a jovem jamais usaria a posição política para atacar outra pessoa.

“Eu diria o que penso. Na minha família também tem atrito com a política, mas eu jamais usaria isso, porque os políticos mudam, mas as pessoas não mudam”, aponta.

Ivone prefere a harmonia do Natal, a ter que ser sincerona demais. (Foto: Paulo Francis)
Ivone prefere a harmonia do Natal, a ter que ser sincerona demais. (Foto: Paulo Francis)
Seu Raimundo nunca participou de um amigo secreto.  (Foto: Paulo Francis)
Seu Raimundo nunca participou de um amigo secreto. (Foto: Paulo Francis)

A comunicadora Ivone Hermenejildo, de 67 anos, defende a importância da sinceridade, mas prefere a harmonia do espírito de Natal. “Prefiro ser sincera, mas nessa época tão especial, nem sempre a verdade sobre as outras pessoas vale mais que um abraço ou um olhar”, disse.

O ambulante Raimundo Alves Sobrinho, de 77 anos, diz que nunca participou de amigo secreto, porque não teria coragem de mentir no discurso.

“Eu trabalho até hoje para não morrer de fome. Vendo meus guarda-chuvas e não é um amigo secreto que vai me fazer deixar de ser verdadeiro. Mas se eu participasse, diria na cara na pessoa, o quanto ela não vale nada. Tinha que chamar inimigo oculto”, admite.

Francisco prefere manter a boa vizinhança. (Foto: Paulo Francis)
Francisco prefere manter a boa vizinhança. (Foto: Paulo Francis)

Das pessoas que toparam conversar com o Lado B, o funcionário público Francisco Luiz, de 42 anos, foi o único que disse preferir manter a boa vizinhança.

“Mesmo se fosse um amigo secreto na família ou no trabalho. Eu não diria o que penso. Revelaria o nome dizendo coisas boas. Prefiro assim”, finalizou.

Realizada com a família, nas escolas ou no trabalho, baseia-se no sorteio de nomes de um determinado grupo, que hoje se faz até pela internet, e cada participante compra um presente para o nome retirado. É simples, tem gente que coloca cota nos valores dos presentes, mas o importante é que podem participar da criança ao idoso.

Em geral a galera se mostrou bem corajosa. E você diria o que pensa?

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