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Comportamento

Aos 12 anos, Mariane soube que queria ser freira e hoje comemora o voto perpétuo

Thailla Torres | 12/08/2017 08:00
Mariane escolher ser freira para seguir um caminho de devoção e acolhida ao mundo. (Foto: André Bittar)
Mariane escolher ser freira para seguir um caminho de devoção e acolhida ao mundo. (Foto: André Bittar)

O autoconhecimento deu sinais sobre o futuro da pedagoga Mariane Lombardi aos 12 anos. De família campo-grandense, cresceu na comunidade católica do bairro José Abrão e se deparou com o propósito de ser freira para seguir um caminho de devoção e acolhida ao mundo. Hoje aos 29 anos, ela comemora um passo definitivo que a levará aos votos perpétuos na profissão religiosa depois de um longo caminho de mudanças em sua vida. 

Mariane foi coroinha, catequista e atuante em um grupo de jovens na igreja. E em sua primeira comunhão o despertar de um sonho veio a tona, onde sua vocação era fazer no mundo através da vida religiosa.

"Algo me chamou atenção, sentia que podia fazer algo diferente, mas era como se tivesse um vazio dentro de mim. Foi aos poucos que percebi o que Deus queria e a partir disso foram surgindo respostas sobre a maneira em que eu serviria ao mundo", conta.

Aos 15 anos, Mariane tomou uma decisão. "Tudo que eu sabia e tinha bem claro era que queria ajudar e servir aos pobres. Como trabalhava na serviço vocacional da Diocese, durante os encontros, tive a oportunidade de ir para a casa de formação, chamado de juvenato, onde as meninas tem a primeira experiência para serem irmãs. Lá fiquei durante três anos", explica.

Ela também sonha com um novo momento para a humanidade(Foto: André Bittar)
Ela também sonha com um novo momento para a humanidade(Foto: André Bittar)

Mariane explica que cada casa de congregação recebe o nome de Betânia. "Era onde Jesus ia descansar e as casas recebem esse nome por ser  um espaço de acolhida, onde essa espiritualidade vai sendo passada para as jovens que chegam a residência".

Mas antes dos votos perpétuos, há um longo caminho a percorrer. "A casa de formação é o berço da vocação. Depois as meninas passam pelo postulado onde aprimoram o auto-conhecimento, estudam teologia e só depois vão para o período dedicado a oração, vida fraterna e contemplativa. Terminando esse processo de experiência com Deus", descreve.

Ela admite que a escolha não é fácil. É preciso muito auto-conhecimento para abrir mão de todos os padrões estabelecidos desde a infância. "Toda escolha tem uma consequência, é como casar e saber que terá filhos. No meu caso abri mão de toda vida convencional, em especial, a minha família. A gente fica distante de tudo, dos pais, amigos e da rotina que você tinha. Entramos em um mundo diferente e nos lançamos para o novo. Mas sempre tive certeza das escolhas que fiz", afirma.

Atualmente Mariane vive na congregação de Porto Alegre. (Foto: Arquivo Pessoal)
Atualmente Mariane vive na congregação de Porto Alegre. (Foto: Arquivo Pessoal)

Apesar da certeza, Mariane também se depara com a resistência de quem não compreende suas escolhas. "Muita gente questiona, principalmente, os mais próximos, porquê é algo muito diferente do que a sociedade propõe".

A vida como irmã também fez Mariane enxergar o mundo de outra forma e acolher a todos sem distinção. Ela destaca por exemplo o padrão de família que foi desconstruído ao longo do tempo e deve ser visto com amor, longe do preconceito. "Nossa missão é acolher, ouvir e fazer uma diferença no mundo. Talvez a sociedade ainda não consiga lidar com o fato de que não há mais padrão familiar entre um pai e uma mãe, temos que respeitar a todas as outras situações. Por isso o primeiro passo é a acolhida de todas as pessoas, longe de qualquer preconceito", afirma.

Mariane também não vê o mundo como algo ruim de se viver, mas sonha com um novo momento para a humanidade. "O mundo é apenas mal administrado, por isso ao olhar nós trabalhamos de maneira que possamos fazer diferente. É a forma como faço minha ação que acredito que, aos poucos, vamos mudar o mundo. E isso é muito satisfatório", declara.

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