Apesar da "pressão", ainda existe adolescente que não tem perfil no Facebook
A adolescente Marcella Ventorim, de 15 anos, não vai curtir, compartilhar e nem ao menos ser marcada pelos amigos no Facebook com o que o Lado B conta hoje. Há seis meses ela decidiu trocar os posts no mundo virtual pelas páginas dos livros. Depois de um ano com perfil ativo, a estudante contabilizou que as horas online não eram tão curtidas como compartilhar o tempo com os personagens das séries preferidas. Por vontade própria ela excluiu o perfil da rede.
“Eu ficava muito na internet e ao mesmo tempo queria ler as minhas séries. Resultado, ficava até de madrugada lendo e no outro dia acordava muito cansada. Quando vi minhas notas baixando e a possibilidade de ficar de recuperação, perder viagens e chatear os meus pais, não tive duvidas, cortei o mal pela raiz”, classifica.
Como tudo hoje é registrado no Facebook, ela traçou um plano B para não ficar assim, totalmente alheia, nos assuntos dos amigos. Manteve a conta no Instagram, aplicativo que do próprio celular, ela adiciona fotos, interage, mas sem deixar que as janelas do chat a prendam na rede o dia todo.
“Sentia falta do ‘face’ nos primeiros dias, mas com a melhora das notas e a moral que ganhei lá em casa, vi que tinha feito a escolha certa”, comentou.
Por enquanto ela não planeja voltar a ativa, mas admite que a ferramenta é bacana para quem sabe usar com moderação. “Vejo minha mãe encontrar e conversar com amigas de infância, se emocionar com fotos antigas que elas postam, mas, ao mesmo tempo vejo colegas minhas que passam o dia, preocupadas em postar algo interessante e de repente se prestar a algumas coisas que não deveriam, só para parecer legal. Isso eu não quero pra mim então, acho que não é hora de voltar pra rede”.
O estudante Lucas Brito de Souza, 17 anos, é outro que entrou para o grupo dos sem redes sociais. Ele até chegou a ter perfil no Facebook, mas só para jogar com o irmão. Não chegou a adicionar amigos, fazer postagens e mal publicava no mural.
“Não tenho nem vontade, tenho preguiça de fazer. Acho perda de tempo”, justifica. O resultado é que quando alguém pergunta como ele está nas redes sociais e ouve a resposta, a reação é de saltar os olhos. “Você não tem? Todo mundo tem”, fala o que escuta com frequência.
Sem fazer falta alguma, o que hoje lhe causa incômodo é ver que na roda de amigos, o celular está mais presente do que o diálogo real. “Eu não gosto de gente mexendo no celular, acho desrespeitoso”.
Agora, só o motivo de morar fora justificaria a presença do adolescente João Mauad Cavallero Filho, de 16 anos, no Facebook. Extinto das redes sociais, o garoto só possui Whats App e há pouco tempo, para facilitar as conversas e evitar gastos.
Perfil ele teve, mas quando o Orkut ainda era popular. No entanto, antes da ferramenta cair em desuso, João procurou manter o ciclo de amigos fora do mundo virtual. "Eu não curto e não preciso disso. Contato eu tenho o visual, mas isso de ficar postando a vida para um monte de gente que nem conheço, não faz meu estilo", explica.
Questionado se o fato não gera reações de quem o ouve, João mostra que não se abate para o que os outros pensam. "As pessoas se espantam, mas a gente vive para a gente e não para os outros, é esse o meu entendimento", resume.