ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
ABRIL, SEXTA  19    CAMPO GRANDE 19º

Comportamento

Caligrafia da escola rendeu à Marystella a profissão de designer de lousas a giz

Paula Maciulevicius | 09/12/2016 06:15
Resgate da infância, graças às folhas da época da escola, Marystella se descobriu numa profissão: designer de lousas. (Foto: Fernando Antunes)
Resgate da infância, graças às folhas da época da escola, Marystella se descobriu numa profissão: designer de lousas. (Foto: Fernando Antunes)

O caderno de caligrafia lá da 1ª série é a principal lembrança de Marystella quando criança. As letras que obedeciam a distância das linhas são feitas até hoje com maestria. Só que agora, não é a professora quem vê e avalia. Em restaurantes e lojas da cidade, Marystella é quem deixa o bom dia, boa tarde ou então, a sugestão do menu ou ainda frases para emocionar. Qualquer quadro negro ganha destaque se a letra bonita vier dela. Resgate da infância, graças às folhas da época da escola, Marystella se descobriu numa profissão: designer de lousas.

"Eu fazia no prezinho ainda, era a professora Janete Scaff. Muito exigente, mas uma benção na minha vida", recorda a designer Marystella Morales, de 51 anos. No começo, a aluna não gostava nenhum pouco da tarefa, mas com o tempo tomou tanto gosto que seus cadernos ficavam "retidos" na escola, para servirem de exemplo aos outros alunos.

Um caderno durava apenas uma semana de aula. Então imagina quantas frases Marystella não escreveu e repetiu. Em casa, a família já segue um lado artístico e ela encontrou na caligrafia, uma forma de também levar adiante o talento.

Em casa, Marystella também dá aulas de caligrafia. (Foto: Fernando Antunes)
Em casa, Marystella também dá aulas de caligrafia. (Foto: Fernando Antunes)

Se a menina da escola imaginaria que a caligrafia lhe traria remuneração? Nunca. "Muitas coisas que a gente faz e nem tem noção do que vai representar futuramente, por isso eu falo que nada é em vão. O que a gente aprende é muito bemvindo", acredita.

Mas o que despertou isso foram os convites de casamento que ela começou fazendo quase 20 anos atrás. O nome dos convidados era e é até hoje feito com pena ou caneta específica de caligrafia.

Depois de passar sete anos fora de Campo Grande, Marystella diz que perdeu boa parte da cliente. "Eu era a calígrafa mais procurada da cidade, tinha muito trabalho mesmo. E quando voltei, tive que reconquistar meu espaço novamente", conta.

Foi aí que a ideia surgiu, numa viagem a São Paulo. "Comecei a ver quadros e lousas e pensei: acho que consigo fazer isso", recorda. À época, quatro anos atrás, o primeiro cliente é onde ela é fixa até hoje, o Território do Vinho. "Eles me convidaram para fazer, disseram que eu tinha letra bonita, sabe? E de lá para cá já foi Fornari, o café Mais Cinco Minutinhos, Les Amis", enumera Marystella.

Começo foi com convites de casamento. (Foto: Fernando Antunes)
Começo foi com convites de casamento. (Foto: Fernando Antunes)

O trabalho pode ser fixo ou também free em datas comemorativas. Geralmente, o cliente passa o que precisa ser escrito, mas Marystella gosta de ter a liberdade de dizer se dá ou não. É preciso avaliar também se a lousa não ficará muito "poluída".

"E já teve trabalho meu que saiu até em outdoor na cidade", se orgulha.

Os quadros do Território, por exemplo, são milimetrados de forma tão sutil que só chegando bem pertinho a gente percebe. O tempo médio vai de acordo com o tamanho, mas pode levar até 2h para ficar pronto.

"E eu amo isso, sabe? Posso até não ganhar dinheiro, mas sou feliz com o que eu faço. Sinto satisfação em ver as pessoas comentando".

Em casa, Marystella também dá aulas de caligrafia e conta que tem até médico que já fez para tornar o receituário mais claro. "E eu brinco que não é perdida a palavra escrita. Todo mundo é capaz de melhorar a caligrafia", resume.

Curta o Lado B no Facebook

Qualquer quadro negro ganha destaque se a letra bonita vier dela. (Foto: Fernando Antunes)
Qualquer quadro negro ganha destaque se a letra bonita vier dela. (Foto: Fernando Antunes)
Nos siga no Google Notícias