Casados há 75 anos, Jonas ainda faz serenata de amor para Eula
Aos 95 anos, aposentado lembra que serenatas ajudaram a fisgar coração da amada na juventude
Setenta e cinco anos de casamento, cinco filhos, 15 netos, 18 bisnetos e um amor que desafia o tempo. Essa é a história de Jonas Pereira Vaez, de 95 anos, e dona Eula de Almeida Vaez, de 94, um casal que segue firme no compromisso firmado em 1º de julho de 1950, após menos de 1 ano de namoro.
Até hoje, Jonas diz que faz serenata para a amada, estratégia que usou sete décadas atrás para conquistá-la. Só que agora com ajuda de uma Alexa, que faz as vezes dos antigos músicos que o acompanhavam em frente ao portão de Eula.
“Todo aniversário ou em alguma ocasião especial eu coloco a Alexa para tocar umas músicas e faço serenata. Gosto até hoje”, conta. Com uma vitalidade que impressiona, Jonas tem memória afiada, anda com facilidade, domina o celular e assiste vídeos no YouTube. “Eu mesmo mexo no meu celular, falo com a Alexa e ela entende tudo”, detalha.
Um romance à moda antiga - O encontro que mudou a vida de Jonas aconteceu na década de 1950, nas calçadas da Rua 14 de Julho, quando a via ainda era de barro e fechava aos domingos para os passeios da população.
“Ali conheci ela. Estava com a madrinha e fomos conversando, olhando daqui e dali. Até que convidei ela para ir ao bar Cinelândia, perto de onde tem o relógio da 14 de Julho e foi ali que tudo começou”, lembra.
Funcionário dos Correios, Jonas trabalhava como telegrafista e não escapou da sabatina do sogro. “Meu sogro fez uma varredura completa para saber se eu tinha condição de cuidar dela. Só deixou a gente namorar quando teve certeza”, conta.
O pedido de casamento foi feito com coragem e um pouco de conhaque: “Tomei uma ‘conhaquezinho’ antes para dar coragem”, relembra rindo. E assim, no frio e na chuva de 1º de julho de 1950, eles se casaram. Estão juntos até hoje, completando bodas de brilhante em 2025.
Ao longo da vida, Jonas trabalhou 36 anos nos Correios, onde aprendeu código Morse, foi transferido para cidades como Porto Murtinho e Jardim, e nunca faltou um dia sequer. Depois, fundou uma distribuidora de revistas da Editora Abril, onde atuou por mais 37 anos. “São 73 anos de serviço”, diz.
Do casamento, nasceram cinco filhos, três mulheres e dois homens. Eles ainda são avós de 15 netos e bisavós de 18 bisnetos.
O segredo para 75 anos de união? - Ao falar de casamento duradouro, Jonas aconselha. “Tem que ser honesto com a esposa e com a família. Na hora da briga, se um está bravo, o outro tem que ficar quieto. Depois, quando acalma, conversa. Mas nós nunca brigamos”, pontua.
Fé também é um pilar na vida do casal. “Faço minha reza toda noite, toda manhã. Agradeço a Deus por essa benção de estarmos juntos até hoje”, garante.
Uma história que inspira gerações - Mesmo com os desafios do tempo, o amor segue presente na vida do casal. Dona Eula enfrenta os desafios do Alzheimer. E Mesmo com a memória comprometida, permanece ao lado do amor da juventude, sob os cuidados carinhosos da família, uma das grandes realizações de Jonas.
“Os filhos, netos e bisnetos são muito carinhosos com a gente. A gente sente o amor deles todos os dias”, relata.
Jonas ainda planeja festas e sonha em chegar aos 100 anos ou mais. Também prepara a celebração dos 75 anos de casamento, marcada para o próximo dia. “Vamos fazer um almoço e festejar”, afirma.
Para quem escuta a história desse casal, é impossível não se emocionar. Em tempos de relações líquidas e laços frágeis, Jonas e Eula ensinam com as lembranças e até com serenatas, que o amor verdadeiro resiste ao tempo, às dificuldades e até às falhas da memória.
“Meu sonho agora é seguir aqui com ela, com saúde. E se der, passar meu irmão mais velho, que viveu até os 105 anos. estou com fé”, finaliza ele.
Siga o Lado B no WhatsApp, um canal para quebrar a rotina do jornalismo de MS! Clique aqui para acessar o canal do Lado B e siga nossas redes sociais.
