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Comportamento

Casal daqui passou o Réveillon 17h antes e só fala com a família “no ontem"

Intercâmbio na Nova Zelândia tem proporcionado experiências únicas a Mellina e Leandro

Danielle Valentim | 01/01/2020 07:35
Mellina e Leandro na Ilha Waiheke. Eles chegaram à Nova Zelândia, em agosto, no fim do inverno neozelandês. (Foto: Arquivo Pessoal)
Mellina e Leandro na Ilha Waiheke. Eles chegaram à Nova Zelândia, em agosto, no fim do inverno neozelandês. (Foto: Arquivo Pessoal)

Um intercâmbio de imersão no inglês na Nova Zelândia tem proporcionado experiências únicas a Mellina e Leandro. Uma delas é o fuso horário que os mantêm 17 horas à frente de quem está aqui. A parte mais legal em tudo isso é que, além do aprendizado, o casal entrou em 2020 antes de todos nós.

Mellina Bloss, de 33 anos, é arquiteta e urbanista e Leandro Duprat, de 36, desenvolvedor de software. O casal chegou à Nova Zelândia, em agosto, no fim do inverno neozelandês. Com a intenção de viver uma nova experiência e, claro, aprimorar o inglês, os dois se prepararam e já estão lá há quatro meses.

“Também aproveitamos que não temos filhos. Nem eu e nem Leandro tínhamos morado fora na adolescência e tínhamos o objetivo de aprimorar o inglês. Porque só vivendo no país que fala a língua inglesa nós conseguiríamos ter essa vivência”, explica Mellina.

O investimento para se despedir de Campo Grande não foi tão baixo. Afinal, é preciso colocar todos os gastos na ponta da caneta, isso inclui documentação, trâmites como visto, escola e passagens. Antes de alugar uma casa no Centro de Auckland, que não é a capital, porém é a maior cidade do país, eles ficaram hospedados por um mês na casa de uma senhora de 50 anos. “Muito querida, inclusive. Ela nos deu muitas dicas sobre a cultura do país”, frisam.

Como o formato do visto do casal permite o trabalho de meio período, 20 horas semanais, eles não perderam tempo. Leandro já trabalha na área e Mellina em uma tradicional sorveteria, já que o horário das aulas, impossibilitou a atuação na área. “A escola consome todas as manhãs e duas tardes. Mas a sorveteria Giapo é um local bem gostoso, um emprego de verão”, comenta Melina.

Os estudos não param, a rotina é bem intensa, e o tempo livre sobra para conhecer alguns pontos na cidade. No entanto, a intenção dos dois é conhecer o restante da ilha onde estão morando, assim que chegar o primeiro recesso das aulas, que deve acontecer entre fevereiro e março.

A turma da escola com gente do mundo todo... Coreia do Sul, Colômbia, Japão, Argentina, Arábia Saudita. (Foto: Arquivo Pessoal)
A turma da escola com gente do mundo todo... Coreia do Sul, Colômbia, Japão, Argentina, Arábia Saudita. (Foto: Arquivo Pessoal)

“A gente ainda consegue manter a rotina de academia, nessa parte é como se tivesse morando em Campo Grande. Nós moramos na ilha norte e primeiro vamos viajar por aqui e depois explorar a ilha sul. Aqui é muito comum o aluguel de motorhome, então, há muitos lugares que dá para estacionar e pernoitar. Estamos pensando nessa possibilidade, que seria a melhor opção para quem quer explorar os lugares como a gente quer. Claro, que aproveitar que estamos desse lado do mundo, quem sabe viajar para Tailândia”, pontua.

No geral, o casal tem tirado de letra a adaptação. Mellina admite que o apoio entre os dois deixa tudo mais fácil.

Mas nem tudo é tão perfeito. Afinal, o que seria dos brasileiros sem o arroz, feijão e uma carne saborosa? A alimentação na cidade neozelandesa não agradou muito.

“Tem muitos restaurantes de comidas japonesa, tailandesa, fast foods, mas a nossa comida, a carne saborosa, é muito difícil de encontrar. Coisas simples também são difíceis de encontrar, esses dias teve uma confraternização na escola e cada aluno tinha que levar um prato de seu país, eu escolhi levar o pão de queijo, mas foi uma aventura achar polvilho doce e azedo. Você não acha. Fui encontrar numa mercearia chinesa perto de casa. Você tem que sair desbravando para achar alimentos que estava acostumada a comprar”, conta.

O clima é assunto delicado e a sensação é de que todas estações do ano se manifestam nas 24 horas do dia. Algo de fácil adaptação para Leandro, mas nem um pouco para Mellina.

“Eu não me adaptei porque é bem mais fresco. Eu sou o tipo de pessoa que ama calor. Não reclamo do calor de Campo Grande e nem da pizza embaixo do braço, gosto de derreter. Leandro ama o clima daqui porque tem tempo fresco o tempo inteiro. O clima mais quente que pegamos acho que foi 20°C e, mesmo assim, toda vez que saio de casa, por mais que saia de short e camiseta, tenho que levar um casaco, por causa do vento congelante. Nós chegamos ao fim do inverno e pelos meus parâmetros, muito frio 10°C durante o dia”, explica Mellina.

Outra adaptação foi com a direção nas vias, que fica ao lado direto e não na esquerda, como o  brasileiro está acostumado. Isso se repete na calçada.

Mellina, em uma das vielas do centro da cidade.
Mellina, em uma das vielas do centro da cidade.

Curiosidades – O casal acha até divertido a forma como tem descoberto a vivência no local. Sabe aquela frase que une qualquer brasileiro: “nossa, só um caixa funcionando? Que absurdo!”, em Auckland a pergunta vai além: “E aí, o que fará no fim de semana?”. O questionamento vem do nada e rende boas risadas.

“A gente recebe muitas dicas para não cometer nenhuma gafe. Por exemplo, aqui todos que descem do ônibus tem o costume de dizer obrigado ao descer do ônibus. Se descerem dez passageiros, os dez dirão obrigado. Outra coisa interessante é que os moradores puxam conversa. Eles têm o hábito de perguntar o você vai fazer ou fez no fim de semana. É muito engraçado. Só tivemos experiências positivas até agora”, garantiu Mellina.

Na opinião do casal, em comparação com cidades do Brasil, Auckland se assemelha muito a São Paulo. A região é um verdadeiro ponto de encontro de culturas do mundo inteiro e outro fato interessante é a valorização da língua nativa.

“Nós moramos na esquina da avenida principal e perto da escola, então é ver essa parte multicultural da cidade porque você vê gente do mundo inteiro nas ruas, por aqui se vê muitos chineses, indianos, coreanos e até brasileiros nas ruas. No país são três línguas oficiais, o inglês, o maori que é língua oficial do povo nativo, como se o tupi e guarani fosse oficial no Brasil, e a língua de sinais do país. Então todos os avisos no ônibus, na rua e aeroporto são em inglês e em maori, é muito legal essa valorização e é algo recente”, conta.

No quesito estrutura é tudo muito bem detalhado e sinalizado e organizado. “Ontem fecharam uma quadra para o recapeamento de uma rua - que já estava boa - e fizeram tudo numa noite. No dia seguinte já estava até pintado. Eu passei por lá e vi que o trabalho é todo sincronizado, cada um na sua função, como os caminhões de concreto, com lama asfáltica”, frisa.

Em tragédias, mutirões entre moradores é super comum. “Como no caso do vulcão, na Ilha Branca. Toda a comunidade se comoveu e se ajudou. Aqui mesmo, onde a gente mora, teve um incêndio numa obra num centro de convenções perto da Sky Tower e também foi uma comoção e trabalho em equipe e mutirão dos moradores levando comida para quem estava trabalhando. Eles têm esse espírito de solidariedade bem aflorada”, pontua.

O Réveillon - Enquanto no Brasil, todos preparavam suas festas de virada, o casal já vivia a chegada de 2020. O país está 17 horas à frente do fuso horário brasileiro.

“A maioria das vezes que a gente conversa com quem está no Brasil, nós estamos à frente, a gente conversa com quem está aí, no ontem”, acrescenta Mellina.

O casal passou o Réveillon da forma mais tradicional que existe na cidade, curtindo o show pirotécnico com vista para a Sky Tower. Na cidade neozelandesa de Auckland, houve um espetáculo de fogo de artifício, a partir da torre, que contou com dezenas de milhares de foliões para celebrar a passagem de ano.

Durante a entrevista ao Lado B, o casal garantiu que as ligações para os familiares aconteceriam após o Réveillon na Nova Zelândia e antes da virada de década no Brasil.

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