ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
ABRIL, TERÇA  23    CAMPO GRANDE 31º

Comportamento

Cinco coisas que José finalmente vai fazer depois de 7 anos vivendo pela metade

Paula Maciulevicius | 17/03/2016 06:12
José tendo alta da Santa Casa, depois que a vida voltou a ser inteira. (Foto: João Carlos Marchezan/Santa Casa)
José tendo alta da Santa Casa, depois que a vida voltou a ser inteira. (Foto: João Carlos Marchezan/Santa Casa)

Beber 3 litros d'água; Viajar para a praia; Passar (pelo menos) uma semana no sítio da irmã; Chupar uma melancia inteira; Fazer 3 litros de xixi por dia. Há sete anos, qualquer coisa dessa lista era impossível para José. Mas depois do dia 21 de fevereiro, ele ganhou o direito de fazer item por item, com ressalvas, respeitando os limites de adaptação à nova vida.

Antes, eram três vezes por semana, das 7h às 11h da manhã, ligado a uma máquina. Paciente de hemodiálise, José Ferreira Alencar teve uma rotina limitada e hoje se vê diante da liberdade infinita, graças ao transplante renal, onde ele só deseja cumprir a lista acima, simples, mas uma lição para quem complica a vida.

"Foram sete anos difíceis. A máquina tirava meu sangue, limpava e retornava para o meu corpo. Quando eu saía da máquina, saía debilitado. Ela suga suas energias, tira a água do seu corpo e também muita proteína", conta o aposentado.

Aposentado ainda no hospital, foram quatro semanas internado. (Foto: João Carlos Marchezan/Santa Casa)
Aposentado ainda no hospital, foram quatro semanas internado. (Foto: João Carlos Marchezan/Santa Casa)

Ao chegar no sétimo ano de hemodiálise, o corpo já sentia o tempo da espera de anos por um transplante. No último dia 20 de fevereiro, ele soube que da espera entre centenas, havia caído para "entre os 10" possíveis candidatos compatíveis. Na mesma tarde, outra ligação da Central de Transplantes o deixou entre os quatro e por fim, a internação no final da noite antecedia o momento: chegou a hora de se libertar da "máquina".

"Durante sete anos você não pode tomar líquido. Não pode beber para chegar com mais saúde, mais estável ao transplante e ser compatível", descreve José. A digestão também fica prejudicada, num ritmo mais lento, o almoço não dava a ele a chance de ter fome durante o dia todo.

"Você fica cheio, mas precisa comer e quando come, fica cheio, a pressão sobe, você tem que beber líquido, mas não pode ser muito". O ciclo se repete.

A cirurgia realizada no dia 21 foi de um sucesso acima do esperado e a alta veio na segunda-feira desta semana (14). Foram quatro domingos internado na Santa Casa. O que antes era "proibido" passou a ser, aos poucos, liberado e listado.

O que antes era proibido, hospital afora será liberado, aos poucos. (Foto: João Carlos Marchezan/Santa Casa)
O que antes era proibido, hospital afora será liberado, aos poucos. (Foto: João Carlos Marchezan/Santa Casa)

"O que eu fiz primeiro? Cheguei na minha casa e agradeci muito a Deus pelo presente que me deu. Depois, foi o líquido. Hoje eu posso beber 3 litros de água. Eu faço xixi já acima do normal", comemora. O previsto, dentro da recuperação, era de pelo menos 15 dias de hemodiálise pós transplante, mas foi resolvido em apenas cinco dias.

A alimentação que antes era demorada, hoje já é a cada três horas.

* Beber 3 litros d'água (OK)

"Nem 1 litro eu podia beber, era, no máximo 600ml. Se eu bebesse mais, o rim não funcionava e eu inchava".

* Viajar para a praia (em breve)

"Todo ano eu viajava, antes desses 7 anos. Viajei duas vezes fazendo hemodiálise, na última eu tive que marcar de fazer em São Paulo, na Capital. Não consegui pela central, tive que pagar R$ 350 por sessão, senão eu morria. Agora vou realizar meu sonho, de passar pelo menos 15 dias no Guarujá. Tem até um local preparado para a gente".

* Passar (pelo menos) uma semana no sítio da minha irmã (em breve)

"Eu tenho vontade de ir no sítio, mas lá não tinha como fazer hemodiálise. Eram 500 km da capital, também São Paulo. Eu fazia hemodiálise sábado de manhã, ia para lá, chegava no domingo, passava o dia e na segunda já tinha que ir embora. É um lugar maravilhoso e que eu não podia aproveitar. Agora eu quero passar pelo menos uma semana".

* Chupar uma melancia inteira (em breve)

"Eu morria de vontade de chupar uma melancia inteira, mas não podia porque é muito líquido. Era o mesmo que tomar água. Eu ainda quero fazer isso, ainda não fui ao mercado e estou com privacidade de sair. Eu ainda tenho 40 dias de resguardo. Estou no 25º".

Curta o Lado B no Facebook. 

Essa foi uma sugestão de pauta do médico Rodrigo Grilo. 

José teve uma rotina limitada e hoje se vê diante da liberdade infinita, graças ao transplante renal. (Foto: João Carlos Marchezan/Santa Casa)
José teve uma rotina limitada e hoje se vê diante da liberdade infinita, graças ao transplante renal. (Foto: João Carlos Marchezan/Santa Casa)
Nos siga no Google Notícias