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Comportamento

Com churrasco, Renato celebra 1º ano de vida após fazer transplante e renascer

Por anos, ele enfrentou a leucemia, ficou meses internado até conseguir um doador que o devolveu a esperança de viver

Alana Portela | 02/01/2020 06:47
Renato Chermont de camisa branca no meio da família e dos amigos durante o churrasco de 1º ano (Foto: Arquivo Pessoal)
Renato Chermont de camisa branca no meio da família e dos amigos durante o churrasco de 1º ano (Foto: Arquivo Pessoal)

Os “parabéns” de hoje vai para o Renato Chermont, que renasceu após realizar um transplante de medula. Aos 37 anos, ele viu a vida virar de ponta cabeça quando foi diagnosticado com leucemia em 2017. Na época, seus filhos haviam completado 1 ano de vida, seria o início de mais uma nova fase de amor, alegria e muita luta pela sobrevivência.

“Em 2005 fui diagnosticado com aplasia de medula, é uma doença no sangue que prejudica a medula. Fiz tratamento, tomei remédios e estabilizou, mas em 2017 o problema voltou de modo mais severo e virou leucemia. Fiquei com febre na festa de aniversário das crianças, mas aguentei. No dia seguinte o sintoma continuou e fui ao hospital, onde internei com pneumonia”, lembra.

Os médicos solicitaram vários exames, entre eles, um específico para verificar como estava a medula do paciente. Uma semana depois, saiu o resultado confirmando a leucemia mielogênica aguda. A notícia abalou, mas Renato não perdeu a esperança e, partir daí, começou a busca por um doador compatível.

“Achamos um doador em Jaú, Estado de São Paulo, mas para viajar, precisava melhorar. Fiz uma sessão de quimioterapia que quase me matou. Passei mal e fiquei 70 dias internado. Depois apareceu outra pneumonia e infecção na garganta, porque a doença baixa a imunidade do corpo. Tinha que tomar cuidado, pois qualquer vírus poderia matar se pegasse de jeito”.

Bolo de aniversário com morango e plaquinha incentivando os convidados a serem doadores de medula (Foto: Arquivo Pessoal)
Bolo de aniversário com morango e plaquinha incentivando os convidados a serem doadores de medula (Foto: Arquivo Pessoal)

Suscetível a várias doenças e com febre por um mês, Renato relata que os médicos chegaram a duvidar se ele conseguiria sair daquela situação. “Desacreditaram, mas sempre mantive-me confiante, pois estava preocupado com meus filhos e esposa. Não podia deixá-los, precisava aguentar firme”.

Ele foi liberado do hospital e conseguiu arrumar transporte adequado para levá-lo até a cidade onde faria o procedimento. “Quando cheguei lá passei pela consulta e fui internado. Foram duas semanas fazendo exames para ver se estava tudo certo para o transplante, porém um dia antes da cirurgia, deu algo errado com meu doador”, recorda ele do momento de aflição.

Não demorou muito e Renato encontrou outro doador, refez os exames e conseguiu realizar o transplante no dia 7 de dezembro de 2018. No entanto, a medula só funcionou no dia 20 daquele mês. “A medula que produz glóbulos vermelhos e leva oxigenação para o corpo, demorou 20 dias para pegar. Mas foi uma alegria quando deu certo, a sensação de estar respirando melhor. Fiquei tão feliz que queria sair do hospital correndo”.

Renato é programador, algumas vezes, na internação, conseguia trabalhar. Levou o notebook ao hospital e por ali continuou ganhando o pão de cada dia. Deitado na maca, ele viu o pesadelo voltar a ser um sonho, sendo presenteado com a vida e logo recebeu alta.

“Saí de lá, mas tive que ficar mais cinco meses em Jaú, realizando exames, tomando remédios porque ainda estava frágil. Tinha que ficar atento porque pode ter risco de rejeição, mesmo após a medula funcionar. Depois desse tempo, voltei a Campo Grande, mas todos os meses viajo para São Paulo, por conta dos exames”.

Aos poucos, Renato foi renascendo e para ajudar manter a saúde teve que tomar as vacinas novamente. “Só não posso tomar as vacinas com vírus vivo, como catapora, sarampo. Em locais com muitas pessoas, igual o aeroporto uso máscara”. 

A turma não perdeu tempo e cada momento da festa foi registrado com foto (Foto: Arquivo Pessoal)
A turma não perdeu tempo e cada momento da festa foi registrado com foto (Foto: Arquivo Pessoal)

Agora é só alegria e motivos para comemorar ele tem de sobra. “Todo transplantado nasce de novo e ganha outro aniversário, que é quando a medula pega. O meu é dia 27 de dezembro e tenho que comemorar porque sonhava com isso enquanto sofria no hospital”.

No último dia 28 de dezembro, Renato chamou a família, os amigos e fez um churrasco. “Foi muito bom, chamei os enfermeiros que me atenderam várias vezes. Um amigo assou a carne e eles trouxeram alimentos para doação. Vieram pessoas que não via há tempos”, comenta ele não escondendo a felicidade no peito.

A festa foi o dia inteiro e deu para matar a saudade, conscientizar os convidados sobre a importância de ser um doador e ainda comer aquela carne assada bem suculenta. A comemoração demorou, mas valeu apenas, pois hoje Renato sorri ao lado da família que tanto ama e aproveita cada minuto de vida.

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