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Comportamento

Com peça de 1854, museu conta a vida dos ferroviários pelos trilhos de MS

Paula Maciulevicius | 10/02/2017 06:25
Depois de 25 anos, Valdemir tinha o sonho de abrir museu nos próprios vagões. (Foto: Alcides Neto)
Depois de 25 anos, Valdemir tinha o sonho de abrir museu nos próprios vagões. (Foto: Alcides Neto)

Em uma das salas da Associação dos Ferroviários Aposentados, na 13 de Maio, em pleno Centro da cidade, peças antigas da Noroeste Brasil levam quem olha a uma viagem no tempo e, de trem. Montado há três anos, o Museu dos Trabalhadores Ferroviários costura entre histórias e maquinários, o que foram as décadas de trem pelo Estado.

O acervo foi sendo montado ao longo de uma década pelo presidente da então Afapedi (Associação dos Ferroviários Aposentados, Pensionistas Demitidos e Idosos) de Mato Grosso do Sul, Valdemir Vieira.

"Trabalhei 25 anos na ferrovia e em várias funções. A gente tinha um sonho de montar um espaço sobre a história, um museu com vagões", conta. Enquanto este trem não chega à realidade, o museu foi montado da maneira mais viável e com peças que pertenciam aos próprios trabalhadores.

Peça que o manobrador manuseava para mudar o trilho dos trens. (Foto: Alcides Neto)
Peça que o manobrador manuseava para mudar o trilho dos trens. (Foto: Alcides Neto)

"Nós temos aqui desde escritório, aos serviços de funcionar o tem, peças que usavam no dia a dia, maquinário administrativo, licenças de circulação, sinais...", enumera. Apesar de poucas prateleiras, se perde a conta em meio a tantos elementos que faziam todo o trecho de 1,6 mil quilômetros correspondentes à malha ferroviária da nossa região, de Corumbá a Bauru.

Na ferrovia, Valdemir chegou até a perder a perna num acidente e nem assim se desencantou. Começou como manobrador, um serviço considerado pesado. "Você trabalha fazendo o desvio dos trens de uma linha para outra", exemplifica. A peça funcionava com os pés. E depois ele foi transferido para a administração, onde atuava na conferência dos bilhetes.

"Isso aqui é uma passagem que eu mesmo tirei, era um passe livre para viajar 30 dias, de 3 de dezembro de 1990 até 4 de janeiro de 1991", mostra Valdemir.

A saudade materializada está no setor de comunicação, o preferido do ferroviário. "Aqui o cara anunciava: 'atenção, o trem partirá dentro de cinco minutos', cantarola. Esta era a trilha sonora da estação.

Como à época da criação, eram muitas as pessoas não alfabetizadas, placas verdes, amarelas e vermelhas eram postas ao longo dos trilhos como alerta. Sinalização que também está no museu.

Bilhete conferido pelo próprio ferroviário, Valdemir. (Foto: Alcides Neto)
Bilhete conferido pelo próprio ferroviário, Valdemir. (Foto: Alcides Neto)
Staff, equipamento de segurança de 1859. (Foto: Alcides Neto)
Staff, equipamento de segurança de 1859. (Foto: Alcides Neto)

"Este aparelho aqui é o staff, de 1854 e veio da Inglaterra. Era o sistema de segurança da época e não existiam acidentes, porque para o trem circular de uma estação para outra, tinha de se tirar esta corrente e colocar o bastão", exemplifica. 

Valdemir passou por 19 setores da ferrovia, de 1983 até 2005. E o que lhe vem à memória? Além do som dos trilhos, a música hino de Mato Grosso do Sul. "Enquanto este velho trem atravessa o Pantanal... Sabe por que? Era muito marcante, a gente viajava, quem era ferroviário, com a família e não pagava. Então eu trabalhava e viajava muito".

Apaixonado pela ferrovia, até livro Valdemir já escreveu, sobre trilhos e prosa. "E esta foi a nossa realidade, sentida na própria pele".

O museu está aberto de segunda a sexta, das 8h às 17h, na Rua 13 de Maio, nº 4509.

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Espaço fica aberto de segunda a sexta para visitação. (Foto: Alcides Neto)
Espaço fica aberto de segunda a sexta para visitação. (Foto: Alcides Neto)

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