ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
ABRIL, QUINTA  25    CAMPO GRANDE 31º

Comportamento

Com preocupações como igualdade de gênero, Juliana vai para faculdade dos EUA

Thaís Pimenta | 29/06/2018 09:24
A bolsa ja e uma realidade. Agora falta so uma quantia em dinheiro para ela embarcar nos seus sonhos. (Foto Mariana Arndt.)
A bolsa ja e uma realidade. Agora falta so uma quantia em dinheiro para ela embarcar nos seus sonhos. (Foto Mariana Arndt.)

Aos 19 anos, de Ponta Porã, Juliana Bordão é a única e primeira estudante de Mato Grosso do Sul a ganhar bolsa com quase tudo pago para estudar na Dartmouth College, uma das cinco melhores universidades dos Estados Unidos, membro da Ivy League, grupo com oito faculdades de excelência dos EUA que apresenta nomes como Harvard e Yale.

Mesmo tão nova, Juliana tem um currículo de dar inveja na sua idade. Ela fala como se fosse bem mais velha. Cursou o Ensino Fundamental em escola privada, e Ensino Médio em pública, integrado ao curso técnico em Informática, no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso do Sul - campus Ponta Porã, uma instituição pública federal. 

Se não fosse só isso, também desenvolveu uma pesquisa sobre os efeitos da ditadura militar por meio de uma bolsa de Iniciação Científica Jr. do CNPq. ''Investiguei com a pesquisa os efeitos das ditaduras militares brasileira (1964-1985) e paraguaia (1954-1989) aqui na fronteira de Ponta Porã/Pedro Juan Caballero, e apresentei essa pesquisa em várias feiras científicas pré-universitárias aqui no MS, no Brasil e também no Peru''.

E para completar a trajetória, Juliana já deu aulas sobre igualdade de gênero e violência contra a mulher em uma escola pública de Ponte Porã. ''Participei de um curso de verão na Universidade de Yale sobre Política, Lei e Economia, fiz trabalho voluntário em uma comunidade terapêutica para dependentes químicos e criei um aplicativo, voltado para o público infantil, para combater o preconceito linguístico regional''.

Diferente de muita gente, ela sabia exatamente a área que queria se especializar antes mesmo de sair do colégio. Estudar o comportamento das pessoas com Ciências Humanas e Sociais é seu foco na graduação, e na verdade, desde antes dela. ''Apesar da formação, meus interesses concentram-se mais nas Ciências Humanas e Sociais, e, ao longo do ensino médio, busquei me envolver com atividades extracurriculares que dialogassem melhor com as minhas inclinações intelectuais'', ou seja, uma bela dica pra quem estuda em um colégio com foco em exatas sendo que o aluno quer, na verdade, ser advogado, por exemplo.

Lendo assim parece que Juliana sempre foi uma nerd, mas ela diz que foi no ensino médio que passou a realmente gostar de estudar. ''Acho que isso se deu, primeiro, pelos professores espetaculares que eu tive. Eram pessoas que não só tinham o título de doutores mas se importavam com o processo de aprendizagem e eles se esforçavam pra fazer com que o conhecimento fosse importante pra gente'', detalha, com sabedoria.

Estudar no exterior, para ela, não era sonho facilmente alcançável, especialmente por conta de dinheiro. ''Mas se eu, que estudei em escola pública e nunca vivi em outro lugar senão Ponta Porã, consegui, por que outros estudantes não poderiam? Sei que há vários fatores envolvidos, especialmente socioeconômicos, mas acredito que eles não deveriam ser capazes de anular o sonho de alguém de estudar numa instituição de ponta. Por mais difícil que seja, é possível, e eu conheço muita gente aqui com potencial e perfil para chegar às melhores universidades do mundo''.

A vontade só se transformou em sonho palpável em 2015, quando Juliana recebeu o prêmio ''Jovens Fora de Série'' da Fundação Estudar. ''Esse prêmio selecionou 56 estudantes do ensino médio brasileiro pra receber mentoria de estudantes de ponta que abordavam uma série de temas como morar e estudar no exterior. O meu mentor era do Rio de Janeiro e estava estudando em Harvard. Foi aí que essa possibilidade de estudar fora surgiu''.

A bolsa de Dartmouth veio e, com ela, uma quantia considerável para bancar a jovem por lá. Mas gastos como passagens aéreas, vistos, aurorizações legais, planos de saúde, não estáo inclusos. Por isso, a menina lançou uma série de campanhas de arrecadação. Ela precisa de exatos R$11.570,00 para conseguir partir daqui direto para seu sonho. Por enquanto, mais de R$ 2 mil foram arrecadados. Quem quiser ajudar tem ate 18 dias para ajudar clicando no link  e contribuindo com o que puder.

Curta o Lado B no Facebook e no Instagram.

Nos siga no Google Notícias