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Comportamento

Com tornozeleira eletrônica, Paulo segue vendendo cuecas e meias na Afonso Pena

Sem medo de julgamentos, ele ficou famoso graças ao acessório e exibe a liberdade vigiada, ao contrário de muito preso por corrupção.

Thaís Pimenta | 17/11/2018 07:37
Tatuagens mostram amor pelo Chaves e ficam na mesma perna da tornozeleira. (Foto: Thaís Pimenta)
Tatuagens mostram amor pelo Chaves e ficam na mesma perna da tornozeleira. (Foto: Thaís Pimenta)

Na região do Camelódromo, Paulo virou personagem por exibir um acessório bem famoso no Brasil atual: uma tornozeleira eletrônica. Na mesma perna em que o amor aos ícones do programa Chaves fica estampado em tatuagens, ele carrega as consequências de um crime que jura não ter cometido.

Mesmo com o aparelho ligado 24 horas há 2 meses, desde que saiu da prisão, Paulo Eduardo Mendes, de 35 anos, continua como vendedor ambulante no calçadão. Sem vergonha nenhuma, ele exibe a tornozeleira usando bermuda e diz não se importar com os olhares.

“Muita gente me aborda aqui. Tem gente que julga, tem gente que só fica olhando de longe, tem gente que fica curioso e vem conversar, é assim minha rotina aqui desde que saí da prisão”, conta ele.

Ele tem tino para o comércio, afinal, trabalha com isso desde os 18 anos. (Foto: Thaís Pimenta)
Ele tem tino para o comércio, afinal, trabalha com isso desde os 18 anos. (Foto: Thaís Pimenta)

Simpático, mas desconfiado e alerta a todo o tempo, Paulo ainda tem mais 4 meses pela frente com o aparelho. Mas a tornozeleira foi um privilégio da Justiça, depois de ficar preso por 1 ano e 4 meses, denunciado por “vender um medicamento”, como diz.

“Todo mundo estava me dizendo que a polícia estava atrás de mim. Fui ver minha situação né? Fui enquadrado em tráfico de drogas coisa que não tem nada a ver”, diz ele, afirmando ser inocente do comércio de abortivos em Campo Grande.

O jeitinho no comércio, no qual está como ambulante desde os 18 anos, faz com que muita gente passe por ele sem nem notar a tornozeleira. Em alto e bom tom, ele anuncia as meias e cuecas que vende na “lojinha ambulante”.

Sem precisar de muito, em cinco minutos de conversa consegue negócio com duas pessoas. O curioso é que Paulo continua vendendo os produtos de sua lojinha no mesmo local onde foi preso, na Avenida Afonso Pena.

Em pouco tempo a frente da lojnha, Paulo vende bem mesmo com tornozeleira. (Foto: Thaís Pimenta)
Em pouco tempo a frente da lojnha, Paulo vende bem mesmo com tornozeleira. (Foto: Thaís Pimenta)

Ele reclama que pode ter perdido dois anos da vida com todo esse processo judicial, já que até hoje está “sem condenação”. “Fui preso sem condenação e estou com essa tornozeleira mesmo assim”.

Das curiosidades que é viver com o aparelho grudado na perna, ele explica que nunca foi barrado em porta eletrônica porque só anda "com dinheiro vivo". Quando surge o questionamento sobre o acessório, a maioria das pessoas acha que ele foi preso pela Lei Maria da Penha, mas nunca ninguém o confundiu com político, apesar da tornozeleira ser bem famosa pela corrupção.

“Essa daqui tem o sistema livre, quer dizer que eu posso ir pra qualquer lugar com ela na minha canela. Mas se eu retirá-la por qualquer motivo sou considerado um fugitivo. Eu tomo banho com ela, entro na piscina, é a prova d’água”, detalha.

O aparelhinho apita quando está descarregando e quando a Justiça precisa encontrá-lo. Até mesmo para carregar a tornozeleira, Paulo é obrigado a conectá-la a um cabo de cerca de 3 metros à energia e esperar até completar a bateria.

Mudado desde a experiência na prisão, ele diz que aprendeu muito lá dentro e que “espera nunca mais ter que voltar”. “Hoje eu vivo uma liberdade vigiada”, finaliza.

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Hoje Paulo segue com venda de meias e cuecas no centro na cidade, no calçadão do Camelódromo.(Foto: Thaís Pimenta)
Hoje Paulo segue com venda de meias e cuecas no centro na cidade, no calçadão do Camelódromo.(Foto: Thaís Pimenta)
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