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Comportamento

Como em filme de Nova Iorque, taxista é indiano na Avenida Calógeras

Com um português difícil de entender, ele tenta explicar que chegou aqui para trabalhar duro e poupar, mas se decepcionou.

Thailla Torres | 02/02/2019 07:54
Thomas é um taxista simpático pelo Centro de Campo Grande. (Foto: Paulo Francis)
Thomas é um taxista simpático pelo Centro de Campo Grande. (Foto: Paulo Francis)

Simpatia não falta ao indiano Varugbesc Thomas, de 58 anos, que há dois anos desembarcou no Brasil em busca de uma vida melhor. Seu sorriso agora anda pela Avenida Calógeras, durante o expediente como taxista em frente ao Hotel Advanced. Com um português difícil de entender, ele tenta explicar que chegou aqui para trabalhar duro e poupar para dar uma vida melhor à família que ficou na Índia. Mas, hoje, o que sobra é decepção.

“No Brasil não é fácil ganhar dinheiro, é difícil um emprego”, afirma, lembrando que desembarcou pela primeira vez no país em 2017, para trabalhar em uma empresa do Paraná. “Também fui para Brasília, depois, Campo Grande”.

Ele diz que deixou Cochin, na Índia, em busca de uma vida melhor. (Foto: Paulo Francis)
Ele diz que deixou Cochin, na Índia, em busca de uma vida melhor. (Foto: Paulo Francis)

Por aqui, segundo o indiano, a proposta era trabalhar com elétrica em construções. “Mas me colocaram no concreto”, diz se referindo ao ofício de pedreiro. “Mas, não posso com muito peso”, diz apontando para as costas.

De camisa cor de rosa bem passada, relógio dourado e sorriso no rosto, agora ele se dedica ao transporte de passageiros do Centro para os bairros, um jeitinho de conhecer ainda mais Campo Grande. “Cidade bonita, de gente boa”, diz como quem nunca teve problemas com o campo-grandense, que carrega a fama de mal educado.

Sem nunca ter conhecido o tereré, e nem o sobá, Thomas diz que não tem muito tempo fora de casa que não seja para o trabalho. “Aqui a gente tem que trabalhar muito para pagar o aluguel, água e luz. Lá na Índia todo mundo na minha cidade tem casa própria, aqui muita gente vive do aluguel, é difícil”.

Thomas diz que veio de Cochin, a maior cidade do estado de Querala. Deixou na ìndia dois filhos e uma esposa. Mas não pensa em trazer a família, porque até hoje não conseguiu enviar muito dinheiro. “Não sobra nada”, afima

Por isso, agora, seu único desejo é voltar para casa. “Quero ver minha família. Vou trabalhar só para voltar”.

O choque cultural, segundo ele, ainda é com o idioma. “Aprendi o português sozinho, conversando com as pessoas e usando o celular, mas é difícil, tem gente que não entende”.

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