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Comportamento

D2 reforma skate e pistas na cidade para manter o esporte vivo

D2 começou em 1996 com vontade de transformar seu skate de madeira em algo maior na vida

Por Clayton Neves e Natália Olliver | 24/09/2025 06:55
D2 reforma skate e pistas na cidade para manter o esporte vivo
D2 reforma e monta skates para doar a quem precisa. (Foto: Paulo Francis)

No final dos anos 90, quando andar de skate ainda era visto como sinônimo de “marginalidade”, um adolescente de Campo Grande arriscava as primeiras manobras na pista do Horto Florestal. Marcos Thyago Lopes, de 37 anos, o D2, começou sem incentivo, sem patrocínio e sem dinheiro para peças. O que tinha era a vontade de transformar um carrinho de madeira em algo maior.

RESUMO

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Marcos Thyago Lopes, conhecido como D2, skatista de 37 anos, mantém projeto social em Campo Grande para incentivar o esporte. A iniciativa consiste em reformar e doar skates para crianças, adolescentes e adultos sem condições de comprar, buscando fortalecer a cena do skate na cidade.D2 começou a andar de skate no final dos anos 90, sem apoio ou recursos. A partir de sua experiência, surgiu a ideia do projeto, que já beneficiou diversos jovens. Além da doação de skates, D2 oferece aulas e, junto com amigos, reformou a pista da Orla Morena com recursos próprios. Para sustentar sua paixão, criou a marca "Décadas", que comercializa roupas e acessórios com preços acessíveis. O skatista vê o esporte como ferramenta de transformação social e busca disseminar essa visão entre os jovens.

“Comecei em meados de 1996. Eu já tinha skate, mas não era skatista, era apenas um carrinho para mim. A influência veio do meu pai, que teve um skate, e do meu tio. Em 1997 virei skatista mesmo. Eu fazia um servicinho aqui e ali para conseguir comprar peça; nunca tive apoio de nada”, relembra.

Da experiência de ter enfrentado tantas barreiras, nasceu o projeto social que D2 mantém hoje. Para fortalecer quem está começando e para não deixar a cena morrer na cidade, ele reforma e monta skates para crianças, adolescentes e até adultos que não têm condições de comprar.

D2 reforma skate e pistas na cidade para manter o esporte vivo
D2 tem 37 anos e começou no skate na década de 90. (Foto: Paulo Francis)
D2 reforma skate e pistas na cidade para manter o esporte vivo
Horla Morena é um dos pontos de resistência do skate em Campo Grande. (Foto: Paulo Francis)

“Comecei a doar algumas peças sem compromisso. Um dia, uma menina me pediu ajuda porque tinha sido assaltada e estava entrando em depressão. Aquilo me comoveu. Consegui montar um skate e percebi que podia fazer muito mais. Postei nas redes sociais pedindo doações e o pessoal começou a ajudar”, conta.

O projeto que não tem nome oficial já virou conhecido entre os jovens. As peças vêm de amigos, da cena local e também de uma loja que colabora com doações. D2 junta rodas, eixos e shapes usados, arruma tudo e entrega a quem demonstra vontade de andar.

A única condição é que o presenteado “cole” na pista. “Se chegar alguém e falar que sente muita vontade de andar de skate, eu tenho um skate para ele. Mas ele tem que andar comigo. Não quero dinheiro, quero que continue andando”, explica.

D2 reforma skate e pistas na cidade para manter o esporte vivo
Skatista já reformou pista da horla junto com os amigos. (Foto: Arquivo Pessoal)

Foi assim que o estudante Davi Roth, de 17 anos, ganhou seu primeiro skate de verdade. “Desde criança, eu queria muito. Eu me estropiava todo tentando, aprendendo a levantar e cair. Isso é muito importante, porque a cada tombo você aprende a se levantar. Agora, recebendo o skate, eu tô muito empolgado. Faz tempo que eu não andava, mas vou voltar a cair até não aguentar mais”, comentou.

A mãe de Davi, Mellany Schmidt, de 34 anos, foi quem fez a surpresa. “Ele sempre falava de skate, sempre quis. Aí, no dia do nosso aniversário, encontrei o Thiago e ele falou do projeto e eu resolvi dar esse presente. A felicidade do menino não tem preço”, contou.

Mas D2 não para só na entrega de skates. Além de dar aulas, ele e os amigos já reformaram, do próprio bolso, a pista da Orla Morena. “Foram umas dez pessoas comigo. Gastamos cerca de R$ 1.000 em massa e tinta para pintar e tapar os buracos. Não teve ajuda de instituição nenhuma, foi só a gente com a gente mesmo”, resume.

D2 reforma skate e pistas na cidade para manter o esporte vivo

Ele ainda encontrou no empreendedorismo uma forma de sustentar a paixão. Criou a marca “Décadas”, que nasceu do apelido D2 (“duas décadas de skate”) e hoje vende camisetas, moletons, calças, bonés e até canecas. O diferencial, segundo ele, é o preço acessível.

“Quando eu era mais novo, não tinha condições de comprar roupa de skate. Era muito difícil. Hoje eu faço camiseta de R$ 50, R$ 60, enquanto no mercado você encontra por R$ 120 ou até R$ 140”, explica.

O projeto social e a marca caminham lado a lado e carregam a filosofia do skate como ferramenta de transformação. “O skate salvou a minha vida. Naquela época, o crime era muito fácil, mas o skate me tirou dessa. Eu quero levar isso para os moleques, apresentar o skate da melhor forma possível, que é o amor. Com o skate eu espalho o amor ao próximo”, finaliza.

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