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Comportamento

Das aldeias à cidade, o universo infantil registrado em vídeos

Nadyenka Castro | 18/08/2012 18:05
Crianças brincam em comunidade no Pantanal. (Foto: Divulgação/ Memórias do Futuro)
Crianças brincam em comunidade no Pantanal. (Foto: Divulgação/ Memórias do Futuro)

A beleza e a riqueza do universo infantil registrada em vídeo. Brincadeiras, ideias e o imaginário de crianças que moram em aldeias, comunidades quilombolas, locais distantes e nas cidades de Mato Grosso do Sul. Tudo isso foi registrado por jovens para que possa ser criado banco de dados para ser utilizado por educadores e quem mais se interessar em brincar.

Este é o projeto Memórias do Futuro, desenvolvido pelo Espaço Imaginário e Pontão de Cultura Guaikuru com patrocínio de empresas privadas. Quem participa do trabalho afirma que passou a ver de outra forma o mundo infantil.

Integrante do grupo, Everson Tavares explica que em junho deste ano, 20 jovens de 11 a 20 anos foram selecionados para filmar com celulares brincadeiras e relatos sobre o brincar. Cada um deles ficou responsável pelo trabalho em sua comunidade. “A gente jamais conseguiria imagens que eles conseguiram”, fala.

Foram produzidos 70 vídeos em vários locais, entre eles: Furnas do Dionízio, Aldeia Amambai (em Amambai), Comunidade Tia Eva (Campo Grande) e comunidades ribeirinhas de Corumbá.

Diversas brincadeiras foram registradas, assim como relatos de adultos – sobre o que brincavam quando crianças – e também histórias criadas por crianças, com suas ideias. “Cada criança cria seu mundo imaginário, de acordo com aquilo que envolve o dia-dia dela: o que quer, o que pode, o que não pode”, fala Júlia Rodrigues Vicente, agora com 12 anos, um dos jovens que fizeram as captações de imagens e edição.

Agora, Júlia participa das caravanas tecnobrincantes, onde são mostrados os vídeos produzidos, fotografias registradas e também apresentadas algumas brincadeiras. A caravana teve início em Amambai e até o dia 26 fica em Campo Grande.

De acordo com Everson, entre as brincadeiras registradas nos vídeos estão Estrela Nova Sela, Escravos de Jó, Siriri-Cururu e algumas feitas com as mãos. Estas últimas, na Bolívia gravadas por uma menina moradora em Corumbá.

Segundo Everson, duas situações chamaram bastante atenção do grupo. A primeira, em uma escola isolada no Pantanal, as crianças brincam de Siriri e cantam os versos. “Elas sabem todos os versos”, conta Everson.

Ele cita ainda os relatos de uma índia guarani-caiuá, da aldeia Amambai, e de um outro adulto indígena da mesma localidade. “Ela brincava com ossos de animais, dizendo que eram cachorros. Ele de arco-flecha”.

Crianças guarani-caiuá brincam de pular corda. (Foto: Divulgação/ Memórias do Futuro)
Crianças guarani-caiuá brincam de pular corda. (Foto: Divulgação/ Memórias do Futuro)
Aline conta que voltou a brincar com a irmã mais nova. (Foto: Nadyenka Castro)
Aline conta que voltou a brincar com a irmã mais nova. (Foto: Nadyenka Castro)

Todo os registros serão inseridos em um banco de dados virtual ainda a ser criado. Por enquanto é possível assistir alguns vídeos no site do projeto: WWW.memoriasdofuturo.com.br

O material poderá ser utilizado por educadores e também por quem mais se interessar em descobrir um pouco do que se passa na cabeça das crianças.

Elverson lembra que além de ajudar no contato com o universo infantil, o trabalho fez com que muitos jovens tivessem acesso à tecnologias. Conhecimento que eles mesmos já repassam a outros da comunidade em que vivem.

Mudança- Júlia se emociona ao contar o que a participação no projeto mudou na vida dela. “Eu voltei a brincar com minha irmã de sete anos”. A pré-adolescente explica que achava muito chato brincar a irmã mais nova e que depois que teve contato com outras crianças e um pouco de conhecimento do mundo delas mudou de opinião.

“Passei a ver a coisa diferente. Elas [crianças] têm um universo só delas”, finaliza Júlia, que agora ajuda o grupo nas apresentações das brincadeiras.

Neste sábado a comunidade Tia Eva recebeu a Caravana Tecnobrincante. Amanhã será o Aero Rancho e a última apresentação será no domingo, a partir das 15 horas, na Concha Acústica Helena Meirelles, Parque das Nações Indígenas.

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