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Comportamento

De apaixonado por aves, criador virou juiz mundial em competições de canários

Adriano Fernandes | 13/02/2016 08:07
João Rocha é, desde 2010, um dos juízes da OMJ – COM (Ordem Mundial de Juízes da Confederação Ornitológica Mundial).(Foto: Divulgação)
João Rocha é, desde 2010, um dos juízes da OMJ – COM (Ordem Mundial de Juízes da Confederação Ornitológica Mundial).(Foto: Divulgação)

O professor e vereador João Rocha tem uma responsabilidade curiosa há quase 30 anos. Admirador de canários, ele não só cria mais de mil aves no quintal de casa, como também é juiz em competições pelo mundo. Avalia o canto e até quem tem as penas dignas de troféu.

O fascínio pelos pássaros surgiu, claro, ainda garoto, por incentivo do pai. Mas foi só no ano de 1980 que ele quis aprimorar a criação doméstica. “Eu crio mais de mil canários belgas, que é uma espécie que tem como principal característica, além do canto, uma gama de quase 500 variações de cores e mais de 25 raças e tamanhos diferentes”, comenta.

Na busca pela plumagem perfeita, canto e porte dignos de um concurso, João Rocha conta que o cuidado com os animais segue controle rigoroso. Separados por gaiolas, cada casal de canários é mantido com alimentação balanceada e até as condições do clima devem ser monitorados, para garantir a linhagem dos filhotes.

As etapas de competições são regionais, estaduais e mundiais.(Foto: Divulgação)
As etapas de competições são regionais, estaduais e mundiais.(Foto: Divulgação)

São somente os canários filhotes que competem e por no máximo um ano. “Devido a quantidade de canários que eu crio, a estimativa é de até 600 filhotes por ano. Já no sétimo dia de vida, cada filhote recebe um anel na pata, que serve como uma espécie de registro de identificação das aves em competições”, diz.

Foi João quem criou em Campo Grande a Associação Ornitológica, que é o principal clube de criadores de aves que representa o Estado nas competições nacionais e internacionais.

Desde 1988 o vereador é juiz da OBJO – FOB (Ordem Brasileira dos Juízes de Ornitologia da Federação Ornitológica do Brasil ) e no ano de 2010 também foi efetivado como jurado da OMJ – COM (Ordem Mundial de Juízes da Confederação Ornitológica Mundial).

O processo de eleição segue seleção rigorosa com prova escrita, oral e prática. Por mais de dois anos, o candidato deve ser acompanhado por um tutor, até chegar ao nível de juiz nacional. O mesmo processo também ocorre na escolha de um juiz para competições internacionais de canários.

“É uma responsabilidade muito grande, tanto do ponto de vista de quem sempre foi criador de canários quanto comercial, já que as aves que têm os melhores resultados, consequentemente chamam mais atenção por quem procura uma boa linhagem de aves”, conta.

No Brasil, os campeonatos seguem logística complexa e reúnem até 25 mil canários na edição nacional, que tem aves com medidas de 11 até 20 centímetros e dos mais variados cantos e cores.

Além de presidente da câmara de vereadores, João Rocha também professor de educação física e faixa coral no Judô.(Foto: Divulgação)
Além de presidente da câmara de vereadores, João Rocha também professor de educação física e faixa coral no Judô.(Foto: Divulgação)

João Rocha é julgador e criador oficial de canários na categoria canto e postura.

“Durante o ano são realizadas as competições regionais entre os clubes dos municípios, em seguida as estaduais e por último a etapa mundial. Em cada competição são julgados separadamente o canto, as cores e a postura de cada animal”, explica.

Os eventos são realizados sempre durante o inverno, período em que tanto o canto quanto a plumagem dos animais é mais bonita.

O “Canário Frisado Parisiense”, por exemplo, tem por principais características o tamanho e as penas alvoroçadas e longas. Já o canário vermelho, se destaca, justamente, pela cor que, para ter traços mais intensos, não pode ser exposto ao sol. A ave só existe em cativeiro, pelo cruzamento com outras espécies de canários.

Todas as características de cada espécie tem de ser mantidas, de acordo com o padrão de excelência estabelecido pela Ordem Mundial de Juízes. Nas competições, informações como a data de nascimento da ave, a identificação do pássaro e do criador, também influenciam na classificação.

“Os juízes sabem as especificidades de cada espécie, os detalhes na plumagem, o que diferencia o macho de uma fêmea e de acordo com esses critérios são selecionados os melhores”, comenta.

João Rocha conta que o “capricho de garoto” que começou sem muitas pretensões, se tornou sua terapia diária em meio a rotina de político. “Sou também um criador apaixonado de canários. É minha pescaria”, brinca.

Este ano, o Campeonato Regional da FOB (Federação Ornitológica do Brasil) acontece em Campo Grande nos dias 12 e 13 de junho. A etapa regional ocorrerá na cidade de Itatiba em São Paulo , dos dias 01 à 10 de julho.

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