Depois de 32 anos, Solange voltou para marido e filhos em reencontro de novela
O primeiro amor da vida de Solange continua sendo a mesma pessoa com quem ela se casou, aos 14 anos, três décadas atrás. Uma história de novela que ainda está sendo compreendida pelos seus personagens. Depois de uma separação, a mulher deixou marido e filhos para trás e em todos esses anos, pode-se contar nos dedos as vezes em que se encontraram, até o filho mais velho, resolver que passaria o Réveillon em companhia da mãe. O reencontro não só juntou toda a família, como também fez reacender o amor antigo, entre Solange e Eulisses.
"Eu me casei tinha 14 anos, tive meus filhos e me separei. Ele bebia muito, eu era muito novinha. Fiquei 32 anos longe e agora eu voltei", conta a dona de casa, Solange Lemes de Brito, de 45 anos.
De início, ela saiu de Ribas do Rio Pardo, cidade onde a família morava, trazendo os filhos pequenos consigo - Mailon e Diane. Mas ao chegar em Campo Grande, encontrou a mãe doente e outros seis irmãos para cuidar. A justificativa foi a dificuldade do momento e então, ela devolveu os pequenos a Eulisses.
"Deixei com a avó paterna e eles ficaram uns tempos com o pai, outros com a avó. Eu ia ver eles", lembra. De 2014 para 2015, ela que morava na Capital, foi passar o Ano Novo junto do filho Mailon e lá reencontrou o ex-marido, em Ribas do Rio Pardo, que estava mais uma vez separado e "curado". Uma história de amor que já vai fazer dois anos. "E nós vamos casar de novo, no final de dezembro", avisa animada.
Os 32 anos que passaram foram "difíceis" para Solange e a família. Embora ela reforce que nunca tenha esquecido do primeiro amor. "Eu acho que eu era para ele e ele é para mim, o grande amor da minha vida".
Tagarela assumida, foi ela quem puxou assunto com Eulisses, perguntando se ele estava só e quando a questão se virou para ela, respondeu que também tinha terminado um namoro ali, quando o viu. "A gente saiu e fomos para a igreja juntos. A gente ficou conversando e ele perguntou se eu não queria voltar. Eu disse que sim, era o que eu mais queria".
A paixão dos dois surgiu quando Solange era uma menina, aos 12 anos. "A mãe dele tinha um hotel e meu pai era capataz de uma fazenda. A gente ia todo mês para a cidade fazer as compras e eu via ele sentado. Mostrei até para a minha irmã, ele era um rapaz lindo", recorda.
Em seguida, o pai dela mudou de emprego e no acaso, Solange encontrou o moço bonito do hotel em meio às fazendas. "Mandei uma carta para ele contando e ele outra para mim. Meu pai era muito bravo e ele foi lá pedir para namorar comigo, mas disse que queria se casar comigo". O resultado foi só a espera de um ano, quando a menina fez 14, se casou.
Os dois ficaram juntos durante quatro anos e meio, mas as brigas eram constantes, segundo ela, por conta da bebida. "Eu fui embora, peguei minhas roupas, meus filhos e vim embora". Hoje, quem conhece a história e o desfecho dela, se surpreende. "Coisa de Deus mesmo. Depois de tanto tempo, a gente voltar, se dar tão bem e dar tudo certo. Ele é amor da minha vida", declara. Sobre o tempo, ela fala que era para ter passado assim mesmo. "Eu acho que foi para eu aprender, ver tudo o que não tinha visto e voltar. Não é possível uma coisa dessas, não?"
Seu Eulisses tem hoje 51 anos, é pedreiro e o mais tímido da história. Mede as palavras, mas não a risada. Resume a sua versão, de que reencontrou Solange na casa do filho e que de amigos, voltaram a namorar. "A gente era muito novo, eu tinha 15, 17 anos na época. Me separei, mas eu amo ela sim", responde Eulisses Gonçalves da Silva.
Para os filhos, o amor dos pais ainda é algo a ser vivido e contemplado. Criados pela avó, quando crianças, mal ouviam tocar no nome da mãe. Embora a avó tenha sempre mostrado uma foto dela. "Foi um tempo de adaptação até ter aquela comunhão de mãe e filha", conta a auxiliar administrativo, Diane de Brito, de 29 anos.
Na cabeça dela, se um dia a mãe voltasse, não seria esse o desfecho. "Nunca imaginei que nessa altura da vida, ia ter meus pais casados de novo. Estou vivendo tudo isso pela primeira vez", completa.
Até mesmo para Mailon, o irmão que provocou a união toda, o assunto ainda é confuso. "Ela teve algumas passagens na minha infância. Nós vimos ela umas três, quatro vezes. Quando descobri que ela morava em Campo Grande, toda vez que eu vinha, tentava me aproximar, mas acho que ela tinha vergonha ou algo assim", conta o vendedor Mailon Brito da Silva, de 30 anos.
Na virada do ano, exatamente na madrugada do dia 31 de dezembro de 2014, ele cismou que levaria a mãe para Ribas. Veio buscá-la na Capital e assim foram dois meses de convivência. "Meu pai estava separado e começou a ir lá em casa, de repente, eles casaram de novo. Falar disso é super estranho, porque quando se falava em "mãe", para mim era uma palavra muito insignificante", diz.
Hoje, pais e filhos estão buscando um novo significado, que quem sabe, será coroado com um "sim" de Solange e Eulisses, testemunhado pelos filhos. "Acho que era o destino, não é?"
