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Comportamento

Depois de perder amigo para homofobia, Fernando é a resistência bem humorada

Thailla Torres | 27/06/2018 08:22
Depois de perder amigo para homofobia, Fernando é a resistência bem humorada

A vida de um homem gay no interior de Mato Grosso do Sul mostra o quanto a sociedade ainda rejeita a diversidade, algo que o estudante Fernando Haylla Ohana, de 19 anos, prefere não esconder. A perda de um melhor amigo para a homofobia, em março, foi a coragem para dar a volta por cima e lutar contra o preconceito em Jardim, a 233 quilômetros de Campo Grande.

Fernando é coreógrafo e youtuber, criou há seis meses a página “Assunto com Haylla” com objetivo de fazer graça em dublagens e despontar na internet com seu bom humor. Embora a iniciativa tenha rendido apenas 100 inscritos, no município com mais de 24 mil habitantes ele já se tornou uma figura pela postura corajosa.

Dançando em uma praça da cidade, é que o personagem chegou como sugestão de reportagem para o Lado B. Em vídeos publicados nas redes sociais, Fernando se diverte e mostra quem é. “Sempre tive facilidade para o meio artístico, principalmente, em dublagem. E sempre quis ser youtuber, decidi publicar meu primeiro vídeo no início do ano”.

Depois de perder amigo para homofobia, Fernando é a resistência bem humorada

Na contramão da liberdade, Fernando enfrenta um dilema por ser gay num lugar menor, onde todo mundo se conhece. "A cidade está crescendo e a gente sente que o preconceito aumenta. Mesmo assim a gente luta", diz.

Com apoio de amigos e familiares, ele se tornou a resistência na cidade, principalmente, após a morte do melhor amigo, assassinado aos 24 anos. "Foi um momento que me chocou muito e me fez pensar que a gente não deve se esconder, tem que mostrar que a gente também merece respeito".

Filho adotivo, a força maior vem do amor da que o gerou no coração. "Quando percebi que algo era diferente e sentia atração por meninos, tinha medo do que minha mãe pensaria em ter um filho adotivo, e ainda por cima, gay. Mas desde o primeiro momento ela me respeitou".

O filho se diz sortudo pela família que tem, porque na cidade já ouviu de tudo pelas ruas. "Já sofri muito preconceito, de andar nas ruas e ouvir absurdos. E desde que passei a fazer os vídeos, vejo olhares de quem sabe o que sou. Também não me escondo, todo mundo sabe pelo meu jeito de andar e falar. Se alguém me pergunta, respondo numa boa".

No trabalho, como coreógrafo na Banda Musical Municipal Cabral de Jardim, também já foi criticado. "Já ouviu que por trabalhar com crianças, não poderia ser assim. Mas eu nunca liguei porque tenho muito respeito pelos alunos e eles têm por mim. Meu patrão também sabe quem eu sou".

O lado bom de virar assunto é o sonho de ver os vídeos repercutirem nas redes sociais. A produção amadora é inspirada nas divas do pop brasileiro como Pabllo Vittar e Alice Caymmi, explica. “Porque sou muito fã delas e sempre gostei do pop brasileiro".

Se vai fazer sucesso ou não, nada impede os sonhos do menino de 19 anos, que agora deseja terminar o ensino médio para cursar Publicidade e Propaganda. "Quero fazer minha faculdade, continuar com minhas dublagens e ser feliz. Sou do tipo que levanta a bandeira contra o preconceito, porque nós merecemos ser felizes. Um amigo se foi por causa da homofobia e ele era a minha inspiração", desabafa.

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