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Comportamento

Depois de tanto sofrer com a química, transição capilar diz adeus ao cabelo liso

Thailla Torres | 11/08/2017 06:05
Há 3 meses Mayara resolveu voltar ao natural cortando o cabelo bem curto. (Foto: Arquivo Pessoal)
Há 3 meses Mayara resolveu voltar ao natural cortando o cabelo bem curto. (Foto: Arquivo Pessoal)

Com tanto procedimento para ter um cabelo liso, tem gente que nem se lembra como era quando tinha os cachos. Após tantas frustrações, agora a tendência é dar adeus de uma vez só para a química com a transição capilar, uma mudança radical que ao invés de ir cortando partes, o cabelo curto é única solução para dar vida aos fios novamente.

E na maioria das vezes a pessoa passou a fazer química para se enquadrar em um padrão, onde o cabelo volumoso é criticado. Mayara Araújo, de 22 anos, é o exemplo do antes e o depois de uma libertação. Ela começou alisar o cabelo aos 12 anos para melhorar a auto-estima.

"Foi sempre por imposição, geralmente o padrão impõe que as meninas devem ter o cabelo liso. E sempre que me olhava no espelho, eu odiava", recorda.

Mayara já foi do loiro platinado... (Foto: Arquivo Pessoal)
Mayara já foi do loiro platinado... (Foto: Arquivo Pessoal)
ao castanho. Mas agora quer recuperar o natural.
(Foto: Arquivo Pessoal)
ao castanho. Mas agora quer recuperar o natural. (Foto: Arquivo Pessoal)

No começo foram as progressivas. Depois do alisamento, ela resolveu continuar com a química para fazer a coloração. Mayara já teve pelo menos seis cores desde 2015, só que o risco de perder totalmente o cabelo foi resultado do exagero.

"Sempre gostei de inventar muda e nunca parava de pintar. Pelo menos de 3 em 3 meses eu estava no salão. Só que depois de um tempo meu cabelo não aguentou. Foi quebrando, diminuindo e em um dos últimos procedimentos ele estava borrachudo", conta.

Mas a decepção maior foi um trabalho mal feito que colocou de vez o cabelo em risco. "Faltando um mês para o meu casamento fui em um salão que pintou totalmente errado meu cabelo. Fui para fazer umas luzes e deixaram meu cabelo branco. Fiquei tão desesperada que acabei tendo que colocar aplique antes da festa".

Refém da tintura e do alisamento, Mayara cansou e voltou ao natural. O pai acabou sendo o maior incentivo para ter de volta o cacheado que nem recordava. "Ele amava o meu cabelo cacheado. Contava que era longo e ondulado, tanto que nem tenho foto na adolescência para lembrar disso e ele foi a força que faltava para encarar esse processo".

Há 3 meses  o novo visual ficou surpreende. Mayara tomou coragem e cortou de vez o cabelo tirando toda a parte alisada, agora espera com paciência pelos cachos novamente. "Quando cortei fiquei procurando no espelho quem eu era. Não lembrava mais do meu cabelo. Só que agora é outra vida, estou muito mais feliz, mas ansiosa para que cresça logo", torce.

Maressa alisou pela primeira vez na infância. (Foto: Arquivo Pessoal)
Maressa alisou pela primeira vez na infância. (Foto: Arquivo Pessoal)
Hoje é uma pessoa realizada com os cachos. (Foto: Everson Tavares)
Hoje é uma pessoa realizada com os cachos. (Foto: Everson Tavares)

E ultrapassando a estética, o corte radical é uma busca pela própria identidade. No caso de Maressa Mendonça dos Santos, de 26 anos, ela enfrentou um desafio para se reconhecer longe do liso. "Eu não lembrava mais do meu cabelo. As pessoas me perguntavam e aquilo me incomodava muito porque eu não sabia quem eu era de verdade", diz.

Na infância, aos 9 anos, Maressa entrou no salão de beleza para fazer seu primeiro alisamento químico. Incentivada pela mãe, ela só queria dar um fim ao sofrimento de carregar um volume que estava fora dos padrões, principalmente quando o irmão mais velho a chamava de "cachopa de marimbondo", todos os dias.

"Comecei a me desfazer de cada uma das molinhas do meu cabelo. E foi assim durante muitos anos. Pelo menos de três em três meses eu estava no salão retocando a progressiva".

Mas quando entrou na faculdade, após tanta pergunta dos amigos sobre como era o seu cabelo, Maressa decidiu frear a rotina de alisamento só para fazer um teste. Mas como a maior parte dos fios não tinham forças para voltar ao estado normal, ela cortou e se dispôs a ter paciência.

"Quando você corta de vez a parte alisada é preciso entender que nem sempre ele vai ganhar um corte alinhado. Porque não tem como, então tive que esperar ele crescer. Mas depois que ganhou voluma e vi os cachos, me perguntei o porquê de tanta desfeita com o meu cabelo".

Longe da química por escolha, Maressa ainda enfrenta a ditadura do liso toda vez que entra em uma loja de cosméticos. "A primeira coisa que a atendente me oferece é um produto para acabar com o volume. De imediato preciso dizer que não quero tirar".

Além da auto-estima, a escolha também trouxe economia. "Hoje eu não vou mais ao salão de beleza. Cuido e hidrato em casa. Até porquê, se alguém não souber pentear um cabelo penteado, a gente até chora de dor", diz.

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