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Comportamento

Desenganada após três AVCs, Evanir encontrou no crochê sua salvação

Ela chegou à casa da filha sem falar nem andar, mas o trabalho manual a ajudou a recuperar a autonomia

Por Idaicy Solano | 05/02/2025 06:59
 Desenganada após três AVCs, Evanir encontrou no crochê sua salvação
O crochê é mais que um passatempo para Evanir, é uma terapia que a ajuda a ocupar a mente e seguir em frente após sobreviver a três AVCs. (Foto: Osmar Veiga)

Sentada em uma cadeira sob uma árvore, na calçada de casa, com suas sacolas repletas de linhas, agulhas e panos, a aposentada Evanir Soares, de 74 anos, passa horas e horas dedicadas a bordar panos de prato e fazer crochê. A atividade manual foi o que "salvou" aposentada após sofrer três AVCs (Acidente Vascular Cerebral), ser desenganada pelos médicos e passar um período sem conseguir falar nem andar.

A filha da aposentada, a dona de casa Neide Soares, de 56 anos, conta que, quando recebeu Evanir em sua casa, foi alertada de que sua mãe havia sido diagnosticada com pressão alta, epilepsia e demência.

A decisão de assumir a responsabilidade pela mãe foi motivada pelo fato de que, como os médicos haviam atestado que a idosa tinha pouco tempo de vida, o restante da família já se preparava para o pior, enquanto Neide acreditava na recuperação de sua mãe.

Evanir chegou à casa da filha, no bairro Nova Lima, sem aguentar o peso do próprio corpo em pé, não andava nem falava. O último AVC que sofreu foi no final de 2024, e Neide conta que encontrou a mãe tremendo no banheiro, até que ela "apagou" em seus braços.

A dona de casa chamou a ambulância, e ambas foram encaminhadas ao hospital, onde Neide passou o Natal e o Ano Novo ao lado da mãe, enquanto ela se recuperava e fazia os exames solicitados pela equipe médica.

 Desenganada após três AVCs, Evanir encontrou no crochê sua salvação

Quando a mãe chegou aqui, deixaram ela aqui com os remédios e um chinelo no pé. Eles entregaram a minha mãe aqui sem andar, sem falar, não conseguia se sentar, ela estava desenganada. Mas eu eu falei 'mãe, a senhora vai andar, a senhora vai falar'. Eu sou uma pessoa de muita fé, já cuidei de muita gente, e eu creio que tem que ter muita fé e muito amor, a fé e o amor cura tudo, expressa Neide.

Aos poucos, Neide foi estimulando a mãe a caminhar e a recuperar a autonomia. Uma das formas de fazer isso foi devolvendo a ela as linhas, agulhas e panos, para que pudesse voltar a fazer crochê, atividade que a idosa começou a praticar após se aposentar, mas que havia abandonado depois de adoecer.

Ao se reconectar com o trabalho manual, Evanir passou a ganhar mais autoestima e a se sentir útil, além de ocupar a mente de forma produtiva. Apesar de ter problemas cognitivos e precisar de um aparelho de audição, atualmente consegue se comunicar através da fala e já consegue ficar de pé e dar alguns passos, com a ajuda da dona de casa e de Aline, filha de Neide e neta de Evanir.

"Eu sempre falo: 'Mãe, eu não quero a senhora andando, eu quero a senhora correndo', porque eu não gosto de ficar presa, eu gosto de sair e quero que ela saia comigo", expressa Neide, sobre a vontade de ver a mãe se tornar ativa novamente.

 Desenganada após três AVCs, Evanir encontrou no crochê sua salvação
Evanir passa as tardes fazendo crochê e bordando panos de prato (Foto: Osmar Veiga)

Evanir conta, emocionada, que seu único desejo atualmente é ter uma máquina de costura para fazer pequenos consertos em roupas, além de costurar e bordar seus panos. No entanto, a família já precisa se preocupar com os cuidados médicos, remédios e alimentação da idosa e não possui condições de atender a esse pedido.

"Eu sinto que, se eu conseguir essa máquina de costura para minha mãe, vai transformar a vida dela. Ela vai ter mais autoestima e também vai ajudar a esquecer os tempos em que sofreu", completa a filha.

Quem puder e quiser ajudar a família pode entrar em contato com Neide pelo telefone (67) 99222-0659.

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