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Comportamento

Do clique à revelação e álbum de casamento, foto para eles sempre foi em família

Paula Maciulevicius | 19/06/2015 07:11
Três olhares na fotografia: Marcelo, Massatoshi e Marcus. Todos Moriyama. (Foto: Marcos Ermínio)
Três olhares na fotografia: Marcelo, Massatoshi e Marcus. Todos Moriyama. (Foto: Marcos Ermínio)

Foi para não concorrer com quem o ensinou que seu Massatoshi Moriyama, hoje com 56 anos, chegou a Campo Grande. Fotógrafo, laboratorista, gerente e dono lojas de fotografia, ele aprendeu a profissão com 14 anos, trabalhando com o cunhado em Lins, no interior de São Paulo.

De família humilde, o caçula de seis irmãos. Foi depois de se casar, aos 20 anos, que resolveu abrir o próprio negócio, mas não ali. "Como aprendi com ele, não ia ser justo que eu fizesse concorrência", conta. A cidade escolhida foi Promissão, mas o futuro não seria tão promissor assim e na década de 80, a família toda chegou em Campo Grande.

O Lado B reuniu dia desses três olhares diferentes por trás das câmeras. Pai e filhos. Em 1986, seu Massa, como é conhecido, abriu a primeira loja de fotografia, que existe até hoje. À época, os filhos tinham entre 4 e 5 anos, Marquinhos e Marcelo cresceram no laboratório e só saíram dali para fazerem as próprias fotos.

Seu Massatoshi despertou nos filhos a mesma paixão: a fotografia. (Foto: Marcos Ermínio)
Seu Massatoshi despertou nos filhos a mesma paixão: a fotografia. (Foto: Marcos Ermínio)

"A gente brinca que foi o cheiro, fomos criados dentro de uma loja de fotografia", conta Marcelo Erick Moriyama de 34 anos. O cheiro já não existe mais e vinha dos produtos usados na revelação dos filmes.

Nesta mesma época em que estamos, é que eles lembram ser a mais conturbada. "Passávamos de segunda para terça, até 2h, 3h da manhã no laboratório. Eram mais de mil filmes num só final de semana. Tudo de festa junina", recorda o pai, Massa.

Junto com o pai, surgiu a paixão pela fotografia nos meninos, mas a exigência era de que fizessem faculdade. "Nem que eles dessem o diploma pra gente, mas tinha que fazer", reforça Massatoshi. Marcelo fez Administração, Marcus Turismo e o caçula, que aprendeu fotografia, mas seguiu outros caminhos, termina Medicina esse ano.

À época em que a fotografia era com câmeras mais pesadas e de filme, seu Massa resume que ser fotógrafo era unir o útil ao agradável. "Você está com pessoas, às vezes em lugares bonitos, comendo bem e ainda ganhando? Brincadeira! Eu parei com 45 anos, aposentei, achei melhor..." explica.

Loja aberta em 1986 que chegava a receber mil filmes num só final de semana. (Foto: Arquivo Pessoal)
Loja aberta em 1986 que chegava a receber mil filmes num só final de semana. (Foto: Arquivo Pessoal)

Os filhos assumiram a loja e a fotografia, de vez, quando a era digital chegou. "Atendia o Estado todo com o Foto Erick, sempre me dediquei à qualidade na fotografia e para os profissionais", frisa o pai.

Os filhos já aprenderam na prática, mas também em cursos, coisa que seu Massa diz que pra ele foi na "raça". As palavras saem com uma pontinha de saudade, mas um sorriso de quem se orgulha do que construiu. "Fotografia? É tudo na minha vida. Tudo que eu tenho é graças à fotografia", resume.

Do protagonista, aos coadjuvantes na história, fotografia para eles sempre foi em família. Marcelo, seguiu pelo caminho da administração da loja, mas sabendo fazer de tudo. "Fotografia para mim é importante, me dá sustento e o prazer".

Conhecido pelas noivas, Marcus Moriyama hoje tem 33 anos e a vida fora do estúdio e da loja. Dedicado aos casamentos, seguiu outra entrada, na trilha sonora da marcha nupcial, enquanto pai e irmão preferiam a revelação, o tratamento das fotos e as paisagens.

"Para mim, a fotografia é a continuação do que o meu pai começou. Para mim, é tudo, eu respiro fotografia". E creio que casamentos também.

Quando crianças, as brincadeiras já eram com os filmes fotográficos. (Foto: Arquivo Pessoal)
Quando crianças, as brincadeiras já eram com os filmes fotográficos. (Foto: Arquivo Pessoal)

Do pai, o gosto sempre esteve nas viagens, que inúmeras vezes eles fez com os clientes, dentro do laboratório. A parte preferida era essa: revelar. "Você viaja na fotografia mesmo sem sair do lugar. Você conhece o Japão, a Europa, os Estados Unidos". Marcelo fala do encantamento por tratar as fotos. "Melhorar, deixar nítida". O gosto é por paisagens.

Da era digital, seu Massa tem críticas à fotografia de hoje. De quem se decepciona de ver a fotografia, como ele mesmo diz, sair da arte e virar indústria.

"Fazer 5 mil fotos? Para mim não precisa de tudo isso. Você vai montar um álbum e não vai escolher nem 200", solta. Mas depois ele mesmo explica que o pensamento é de quem viveu na época do gasto com filmes. Agora o desgaste é, ainda que vagarosamente, com a câmera. O filho Marcus emenda que para ele, não.

"Porque a gente registra a história do casal. Hoje um casamento que antes durava 4h, leva 12h. De making of e até sessão lua de mel. E a fotografia, é a única coisa que vai ficar sempre. Eles vão se lembrar daqui 50, 60 anos através do meu olhar, do que eu enxergar no dia..." defende Marcus.

O pai encerra brincando "já fotografei melhor que vocês... Aqui somos três pessoas, com três olhares". E todos voltados à fotografia.

Em uma das diversas vezes em que o trio fotografou junto. (Foto: Arquivo Pessoal)
Em uma das diversas vezes em que o trio fotografou junto. (Foto: Arquivo Pessoal)
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