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Comportamento

Doméstica vira dona de padaria e sarau ao trocar Campo Grande por distrito

Anny Malagolini | 12/11/2013 08:59
De empregada doméstica, a mulher de 43 anos passou a ser dona de padaria, a “El Shadai”. (Fotos: Cleber Gellio)
De empregada doméstica, a mulher de 43 anos passou a ser dona de padaria, a “El Shadai”. (Fotos: Cleber Gellio)

Percorrendo o caminho inverso de quem sai do interior para a Capital em busca de oportunidades, os campo-grandenses Jaqueline Bed e Jorge Faria se mudaram para Piraputanga, para no sossego ser donos do próprio nariz.

Ela hoje é dona de padaria, ele de um bar, ambos são personagens de uma transformação e tanto, apesar da distância pequena entre a cidade e o distrito na beira do rio.

Como jornalista já tem fama de boêmio, Jorge decidiu assumir a fama, mas não foi só isso, garante. “Me apaixonei”. O motivo: a beleza de Piraputanga. Há mais de 20 anos, ele se mudou com a família e ali comprou uma pequena propriedade rural, onde montou o "Bar do Jorge".

Ele conta que decidiu, depois de trabalhar no caos de uma redação, na época, sem muitos recursos. “Para fazer uma ligação interurbana era preciso esperar uma semana”, relembra, sobre a dificuldade de comunicação em Campo Grande.

Ao conhecer Piraputanga, se encantou com a simplicidade e a bondade das pessoas. “Na cidade grande as pessoas são difíceis, um atrapalha o outro, não tem sossego”.

Como jornalista já tem fama de boêmio, Jorge decidiu assumir a fama e montou um bar.
Como jornalista já tem fama de boêmio, Jorge decidiu assumir a fama e montou um bar.

Para Jaqueline, o que mais conta é a possibilidade de melhorar. De empregada doméstica, a mulher de 43 anos passou a ser dona de padaria, a “El Shadai”. Há seis meses, ela trocou Campo Grande por Piraputanga e colocou em prática as receitas que eram feitas só para a família, desde pão, doces, até broa de milho.

Jaqueline conta que ela, o marido e os 4 filhos chegaram a trabalhar em fazenda, no município de Terenos, por dez anos. De volta a Campo Grande, o jeito foi se virar como empregada doméstica.

Tudo começou a melhorar quando um sobrinho sugeriu a sociedade, para que montassem juntos algum negócio em Piraputanga, já que o local recebe muitos turistas e as opções para comer são poucas.

A sociedade não deu certo, mas mesmo assim, Jaqueline conta que resolveu investir no distrito e comprou o ponto onde já funcionava uma padaria. Virou empresária por apenas R$ 35 mil, pagos em prestações de R$ 1,6 mil.

Com acesso apenas a uma frequência de rádio, sem internet e telefone, a vida no distrito é voltada ao trabalho, mas Jaqueline não reclama. “A vida aqui é melhor, tenho segurança e sossego”.

Quem não gosta muito é uma das filhas, Camila Rosa da Silva, de 18 anos. Para uma jovem, a “paradeira” do lugar assusta, mas ela jura que a preocupação também é com o futuro. “Quero estudar e aqui não tem onde ir. Sinto falta”, reclama.

Para animar os moradores, Jaqueline criou um sarau. Ao menos uma vez no mês, moradores se reúnem em frente à padaria, com violões, e a “cantoria” segue até a madrugada na "El Shaddai".

Mãe tem vida melhor, tranquilidade e sossego. Já a filha diz que a 'paradeira' do lugar assusta.
Mãe tem vida melhor, tranquilidade e sossego. Já a filha diz que a 'paradeira' do lugar assusta.
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