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Comportamento

"É nosso carinho", diz médico que há 9 anos atende pacientes no Pantanal

Há nove anos, Mikimba viaja anualmente para prestar serviço onde ninguém mais vai

Jéssica Fernandes | 26/11/2021 07:59
Mikimba durante atendimento na expedição Alma Pantaneira. (Foto: Arquivo Pessoal)
Mikimba durante atendimento na expedição Alma Pantaneira. (Foto: Arquivo Pessoal)

Há nove anos, a vida do médico ortopedista e especialista em coluna, José Luiz Mikimba, mudou. Hoje, aos 74 anos, ele é parte do MDP (Médicos do Pantanal). O radialista leu uma reportagem sobre o trabalho e, desde então, todos os anos tem no calendário a expedição Alma Pantaneira.

A organização médico humanitária é composta por uma equipe de dentistas, veterinários, enfermeiros, médicos e outros profissionais da área que atendem a população que mora praticamente isolada no Pantanal, nas regiões de Paiaguás e Nhecolândia.

Mikimba conta no Voz da Experiência como funciona a iniciativa, como é integrar a equipe e que pretende participar das expedições enquanto esbanjar saúde e força.

Integrantes da organização fazendo travessia pelo rio. (Foto: Arquivo Pessoal)
Integrantes da organização fazendo travessia pelo rio. (Foto: Arquivo Pessoal)

"Eu também sou radialista, faço parte da Rádio Hora e fui para Corumbá cobrir o Pantanal Extremo. Lá vi que o projeto saiu na imprensa. A família Albaneze, que estava encabeçando o projeto, são meus amigos, então fui falar com eles e comecei a participar. Eu sempre quis conhecer o Pantanal, comprei até uma camionete para poder atravessar e não sabia que lá era uma imensidão onde você se perde.

Eu sou um corumbaense que não conhecia o Pantanal, tinha vontade de fazer esse trabalho na medicina preventiva e achei a oportunidade. Hoje, nós damos assistência do Pantanal, de  Paiaguás e Nhecolândia. Nós não atendemos os ribeirinhos, nós vamos no Pantanal seco onde ninguém vai, porque na beira do rio, tem uns cinco projetos para atender eles. Lá no fundão, onde não tem água, é onde vamos. Só consegue ir quem tem camionete ou um jipe traçado, porque você pega água, seca, mato e floresta no caminho. 

Desde que esse projeto foi fundado, ele segue o mesmo traçado para a população se acostumar que, nessa época, nós vamos estar lá. Nós paramos em fazendas e os donos são colaboradores, porque cedem a sede, a comida e fazem o trabalho de avisar as pessoas da região que estaremos lá em determinados dias. Depois de dez anos, a população já sabe, chega cedinho de Troller, trator, cavalo, motocicleta, chegam de tudo quanto é jeito. 

Atendimento realizado na sede de uma das fazendas. (Foto: Arquivo Pessoal)
Atendimento realizado na sede de uma das fazendas. (Foto: Arquivo Pessoal)

Nós notamos que o homem, a mulher e as crianças pantaneiras são mais resistentes, eles conseguem se adaptar aos sofrimentos e sobreviver com as medicação naturais deles. Na pandemia, eles estavam tranquilos, porque achavam que estavam isolados. A vacina passou por lá, eles foram vacinados e estão esperando ansiosamente a segunda dose.

O que me marca das expedições Alma Pantaneira é o carinho que o povo tem pela gente, pela nossa espera, porque eles nos esperam ansiosamente. Uma coisa que mexe com o coração da gente é o Instituto das Águas, um internato de cinquenta crianças pantaneiras. É uma escola que a prefeitura de Corumbá assumiu, nós passamos por lá, fazemos atendimento clínico por dois dias, é o nosso carinho. 

Desde o ano passado, o projeto começou a fazer quatro pesquisas como a qualidade da água no Pantanal, fatores de risco epidemiológico e hereditário sobre incidência de câncer no Pantanal, levantamento in loco  do ovino pantaneiro e análise populacional em todo o Pantanal da arara azul, canindé e vermelha. 

O que eu recebo desse projeto são as bênçãos de Deus, enquanto tiver saúde e força quero participar, vou continuando".

No meio da estrada, carro dos voluntários ficou atolado, quase submerso .(Foto: Arquivo Pessoal)
No meio da estrada, carro dos voluntários ficou atolado, quase submerso .(Foto: Arquivo Pessoal)

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